Deputado
estadual cobra um “grande pacote de mudanças administrativas”
Ao
expor seu pensamento durante participação em debate promovido pela Rádio Cidade
(94 FM) com o deputado estadual Fernando Mineiro do PT, o deputado estadual
Kelps Lima do Solidariedade, da bancada “independente” na Assembleia
Legislativa, afirmou que se o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria do PSD, não adotar medidas classificadas como impopulares, que afetem
interesses, poderá passar os quatro anos do seu governo “apagando incêndios”.
“É
cedo para avaliar o governo, tanto para criticar, como para elogiar. Mas dentro
de uma avaliação de ações pontuais, acho que o governador está bem
intencionado, está tentando acertar, mas há problemas a considerar. O que me
assusta são as bases da administração pública do RN que estão equivocadas. Se o
governador não tomar atitudes, que algumas são impopulares, a grande maioria
afeta interesses, ele vai passar os quatros anos apagando incêndios e o que nós
temos que torcer é para que o governador Robinson seja um grande bombeiro,
porque é só o que ele vai fazer”, afirmou Kelps, durante sua participação no
debate da FM 94.
As
atitudes impopulares que Kelps reclama dizem respeito a um pacote de medidas
que diminuam o déficit financeiro do Estado e busquem a eficiência na
administração estadual. O RN, segundo
ele, tem mais aposentados do que servidores trabalhando. São 63 mil aposentados
e pensionistas e 55 mil servidores. A equação gera um rombo de R$ 85 milhões. “O que a gente sente falta do governo até agora
é um grande pacote de mudanças estrutural administrativo no Estado, um grande
pacote para o desenvolvimento da economia do Estado para poder equacionar essa
conta”, defendeu.
“O
Estado, para poder arrecadar mais e para fazer a máquina voltar a crescer, por
mais que o país tenha uma crise nacional e essa é outra discussão, você está
mais vulnerável à crise nacional quando você não tem uma economia com dinamismo
próprio e o debate em torno da economia do RN está terceirizado e as pessoas se
iludem e os gestores se iludem e a classe política se ilude que haverá solução
para a saúde, para economia, para a segurança e para a educação sem o debate
econômico”, continuou.
Kelps
clama por uma agenda de discussão econômica por parte do governo. “Por que a
nível nacional o principal debate é a economia? Porque é ela que rege o
financiamento dos serviços públicos. Aqui no RN a economia fica em segundo
plano. A classe empresarial sente. Vários empresários estão dizendo que vão
sair do RN para a Paraíba, para o Ceará, porque não estão aguentando”, afirmou
Kelps, apontando o ambiente hostil para negócios no RN.
“Quando
aqui se comemora o aumento da arrecadação do ICMS, não é que a nossa economia
aumentou. Mas é porque o arrocho em cima dos empresários aumentou. São os
mecanismos tecnológicos da Secretaria de Tributação, que é muito competente. É
o arrocho em cima dos empresários que não veem uma alternativa do ambiente
saudável para investir”, disse Kelps, acrescentando que muitos empresários
sustaram os projetos de investimento no RN em função das dificuldades. “Eu tive
com um advogado de grandes empresas de Energia Eólica, todas mandaram suspender
100% dos investimentos no RN para 2015 porque não veem um ambiente econômico
sadio para se colocar dinheiro aqui no Estado”, disse.
“Rio
Grande do Norte tem um rombo de quase R$ 2 bilhões no orçamento”
Ainda
em sua participação no debate da Rádio Cidade, o deputado estadual Kelps Lima
afirmou que o déficit orçamentário do estado é de cerca de R$ 2 bilhões por
ano. Os dados, segundo Kelps, foram confirmados na semana passada pelo
secretário de Planejamento e Finanças e de Administração Gustavo Nogueira,
durante visita à Assembleia Legislativa.
“O
que é isso? Tudo que o Estado vai arrecadar esse ano não paga as contas para manter
o serviço ruim do jeito que está. Ainda faltam dois bilhões. Um bilhão de reais
vai ser atenuado com o uso do Fundo Previdenciário e o cálculo do secretário
hoje é que vai faltar R$ 700 milhões que o governo não tem a menor ideia de
onde esse dinheiro vai vir”, disse Kelps.
Para
cobrir o rombo mensal nos cofres públicos de R$ 85 milhões por mês, Kelps diz
que o governo está tirando verba do Fundo Previdenciário para pagar salários,
quando poderia fazer retiradas para aumentar salário de professores e comprar
medicamentos para os hospitais. “Tem que ser tirado para pagar os
profissionais, e tem que ser tirado mesmo. O cidadão trabalhou tem que receber
mesmo. Então, nós temos a equação previdenciária do Estado praticamente
falido”, frisou.
Apesar
das críticas, Kelps considera que o governo tem tido boa vontade de acertar.
Ele cita como exemplo a indicação política inicial do governo para a pasta de
Justiça, o que, na sua avaliação, dificultou a resposta rápida à crise no
sistema prisional. “A crise obviamente não nasceu nestes 80 dias. Ela é longa e
o governador ele foi advertido para isso, por doutor Henrique Baltazar, mas
diante da crise o governo tomou a atitude. Primeiro agiu bem no momento da
crise e depois fez uma nomeação adequada de um quadro do mundo jurídico do RN,
com capacidade reconhecida que é doutor Edilson França”.
O
outro exemplo, dado por Kelps, foi no tocante à Comunicação Social. “Essa
semana uma resposta que eu achei rápida e adequada do governo. Eu fiz uma
crítica pública ao governo que estava usando a verba publicitária para
autopromoção pessoal, colocando inclusive slogan na propaganda, e a secretária
Geórgia Nery no mesmo dia me telefonou e mandou retirar, ontem mesmo já vi
propagada sem. A gente vê a tentativa para acertar”, frisou.
Portal JH
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