Dentre
as despesas com o carnaval de Macau em 2013, chama a atenção os R$ 439 mil para
locação de palcos, camarotes e banheiros químicos.
Pelas
informações levantadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), parece que a
prioridade do Município de Macau está bem definida: é o carnaval. Afinal,
segundo o levantamento do corpo técnico do órgão, a Prefeitura gastou, já na
gestão do atual prefeito Kerginaldo Pinto, do PMDB, mais de R$ 5 milhões com o
carnaval de 2013. Com saúde, educação, infraestrutura e obras de combate a seca
(mesmo o município estando em estado de calamidade devido à estiagem), se
gastou bem menos.
“As
licitações e inexigibilidades perfazem um valor total contratado de R$
5.028.460,00. Tal montante despertou a atenção deste Corpo Técnico por ser
muito superior ao valor gasto com outras despesas importantes para o município.
Fazendo um comparativo com os dados obtidos a partir do anexo 02 do SIAI a
Prefeitura Municipal de Macau liquidou, até o 5º bimestre de 2012, os seguintes
valores: atenção básica, R$ 757.226.32; assistência hospitalar e ambulatorial,
R$ 400.500,00; educação infantil, R$ 532.074,80; infraestrutura urbana, R$
1.584.657,66; recursos hídricos, R$ 0″, conforme demonstrou o inspetor de
contas externo do TCE, Aleson Amaral de Araújo Silva, responsável pela análise
das contas no processo.
Dentre
as despesas com o carnaval de Macau em 2013, chama a atenção os R$ 439 mil para
locação de palcos, camarotes e banheiros químicos; mais de R$ 1,4 milhão para
aluguel de equipamentos de som e iluminação; e quase R$ 3 milhões para a
contratação de bandas musicais e atrações artísticas.
Segundo
o inspetor, com esses dados, ficou clara a necessidade de uma análise mais
apurada da matéria por parte do TCE, verificando se todos os aspectos da legalidade,
da legitimidade e da economicidade foram respeitados pela Prefeitura.
“Enfatizamos que o gestor encaminhou apenas a documentação referente à
deflagração e contratação dos vencedores dos processos licitatórios e das
inexigibilidades de licitações. Não foram enviados documentos relativos à
execução da despesa orçamentária”, ressaltou o documento do inspetor.
O
Corpo Técnico do TCE ressaltou que, pela falta de documentação, ficou
prejudicada uma análise conclusiva por parte do TCE acerta dos aspectos de
legalidade, legitimidade e economicidade envolvidos na realização do “Carnaval
de Macau 2013″, tendo em vista que a documentação faltante é de suma
importância para a realização da referida análise.
Depois
da Máscara Negra, TCE também investiga carnaval de 2013
Os
gastos milionários dos carnavais realizados durante a gestão do ex-prefeito
Flávio Veras, do PMDB, não foram os únicos alvos de investigações do Ministério
Público do RN e do Tribunal de Contas do Estado. O inspetor de contas externo
do TCE, Aleson Amaral de Araújo Silva, também recomendou a convocação do atual
gestor do Município, Kerginaldo Pinto, também do PMDB, para explicar os gastos
públicos com a festa.
Segundo
o inspetor, “diante de todos os pressupostos fáticos e de direito delineados,
sugerimos determinar a notificação de Kerginaldo Pinto para a apresentação a
este Tribunal de Contas, nos moldes da Resolução Normativa número 004/2013-TCE,
toda a documentação concernente à realização da despesa pública orçamentária
referente à realização do carnaval 2013 (notas de empenhos, ordens de
pagamento, notas fiscais), inclusive eventuais contratações não detalhadas”.
Vale
lembrar que, em 2013, pouco antes do carnaval, o Ministério Público do RN
deflagrou a operação Máscara Negra baseado, justamente, em supostas
irregularidades na contratação de bandas tanto no carnaval de Macau, quanto no
de Guamaré. Até na casa de Flávio Veras, oficiais de justiça foram recolher
papeis e documentos que contribuíssem para a investigação. Segundo o MP, na época,
eram claros os indícios de superfaturamento com a contração de bandas e
equipamentos para a festa.
No
caso de Macau em 2013, os indícios de superfaturamento também são
significativos – como demonstrados na matéria acima. E, assim como aconteceu no
ano anterior, Kerginaldo Pinto também realizou os gastos com a festa, mesmo com
a decretação do estado de emergência devido à seca no Município. Em Guamaré,
cidade vizinha, também em emergência devido à estiagem e onde o MP investigava
os gastos com carnaval, a Prefeitura decidiu suspender a festa e não realizou o
carnaval.
Jornal de Hoje
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