Carne de jumento é aprovada pela maioria em evento na cidade de Apodi.
Juízes, promotores, advogados, prefeitos, vereadores entre outras autoridades da região degustaram nesta quinta-feira, 13, carne de jumento em Apodi, no almoço de lançamento da proposta do Ministério Público Estadual para inserir carne de jumento no cardápio regional.
O almoço para degustar a carne de jumento foi organizado pelo promotor de Silvio Brito, com o objetivo de criar valor à espécie retirados das rodovias.
O
patrulheiro Carlos Kleber, da Polícia Rodoviária Federal, destacou que em 2013
foram apreendidos 1.096 jumentos nas rodovias que cortam o Oeste do Rio Grande
do Norte.
Depois
que foi criado a Associação Protetora de Animais em Apodi já foi retirado das
rodovias mais de 600 jumentos, reduzindo a incidência de acidentes nas rodovias
estaduais e federais.
E
este esforço só está surtindo efeito, segundo o comandante da Policia
Rodoviária Estadual, capitão Maximiliano Luiz, de Mossoró. “Não aconteceu
nenhum acidente este ano”, diz.
Porém,
esta apreensão de animais gerou um problema: o que fazer com tantos jumentos?
A
primeira alternativa foi alimentá-los, tratá-los e entregar para algum
agricultor da região que precise do animal com o compromisso deste não mais ser
solto na rodovia.
Para
esta idéia dá certo, seria necessário que os prefeitos assinassem convênio
prevendo repasse mensal de um valor de até R$ 600,00 para tratar os animais na
Associação em Apodi.
A
segunda idéia, segundo o promotor Silvio Brito, foi abater os jumentos e inserir
no cardápio regional. “Eu provei a carne. É macia e saborosa”, destaca o
promotor de Justiça.
Só
que isto bateu de encontro com questões culturais, segundo informa o prefeito
Haroldo Ferreira (foto), de Felipe Guerra. “Superando isto, num vejo problema nenhum”,
diz.
O
almoço servido hoje no Restaurante Apodi, anexo do Hotel Passeio, foi o
lançamento da proposta. “É uma forma de valorização do animal e evitar a
extinção”, diz o promotor, lembrando que o animal é resistente e de baixo custo
de manutenção.
O
presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Osivaldo de Sá Leitão, também provou da iguaria. Segundo ele, a carne do
jumento, sendo acompanhado pelo veterinário, é muito mais sadia do que carne de
porco.
O
diretor do Centro de Detenção Provisória de Apodi, Márcio Morais, disse que
provou, gostou e que ia levar marmitas para 20 presos provarem. “Conversei com os 24 presos e recebi a
confirmação de que pelo menos 20 topavam provar”, destaca.
A
proposta é vista por outro aspecto pelo presidente da Comissão de Direitos
Humanos da OAB/Mossoró, Osivaldo de Sá leitão. “Estes animais soltos nas
rodovias estavam causando acidente, ocasionando muitas mortes. Com esta
proposta, espero que os jumentos sejam mais valorizados e bem cuidados pelos
donos em suas propriedades e não nas rodovias”, destaca o advogado.
Já
o advogado Paulo Cesário, presidente da Comissão de Transportes Segurança
Pública da OAB/Mossoró, destacou que o risco que se corre ao trafegar pelas
rodovias da região oeste do Rio Grande do Norte é muito alto em função da
presença de animais. Para Cesário, agora existe um local para cuidar dos
animais e uma destinação viável. "O que não pode é estes animais ficarem
soltos nas rodovias, causando acidentes, pelo fato de não ter valor de
mercado".
Promotores
de outras comarcas apoiam a iniciativa
A
proposta do promotor Silvio Brito, de incluir carne de jumento no cardápio
regional, encontrou apoio dos prefeitos de Apodi, Flaviano Monteiro; de Itaú,
Ciro Bezerra; e de Felipe Guerra, Haroldo Ferreira. Vários vereadores destas
cidades também se fizeram presentes.
Vários
promotores de Justiça declararam apoio à proposta do colega de Apodi. Eduardo Medeiros, de Mossoró, Fausto França,
de Jucurutu, estiveram pessoalmente no lançamento da proposta com degustação no
Restaurante Apodi, do Hotel Passeio.
Eu
compreendo as questões culturais e respeito quem pensa o contrário, porém não
vejo razão para não inserir a carne do asininos. Tem vários países que se come
carne de cavalo. Na China, se come cachorro. “O que estou propondo aqui é
quebrar esta barreira cultural com relação a carne do jumento”, explica o
promotor Silvio Brito, que considera o almoço um sucesso.
Mídia
A
proposta de inserir carne de jumento no cardápio regional atraiu a mídia
nacional Havia equipes da Globo, Revista Veja e de todos os veiculos de
comunicação do Estado fazendo a cobertura.
Fotos: Cézar Alves/Jornal de Fato
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