Senadores não acreditam em respaldo jurídico
da decisão de ministro do STF
Mesa Diretora do Senado decidiu nesta
terça-feira (6) que irá aguardar a deliberação do plenário do Supremo Tribunal
Federal para cumprir a decisão liminar do ministro Marco Aurélio Mello de
afastar o presidente do Senado, Renan Calheiros, do comando da Casa.
A decisão foi tomada durante uma reunião
entre os integrantes da Mesa com Renan. Senadores que participaram do encontro
disseram que o peemedebista acredita que tem respaldo jurídico para não assinar
a notificação sobre a decisão de Marco Aurélio Mello, que ordenou o afastamento
do senador do PMDB do comando do Senado.
Dez minutos depois de divulgar o documento, a
Mesa Diretora divulgou um segundo documento, com uma alteração na decisão. O
segundo texto é assinado por todos os integrantes da cúpula do Senado,
inclusive pelo senador Jorge Vianna (PT-AC), primeiro-vice-presidente da Casa,
e que assumirá o comando do Senado caso Renan venha a ser afastado definitivamente
da presidência.
Enquanto no primeiro texto, o artigo 1º
dizia: "Art. 1º: Aguardar a deliberação final do Pleno do Supremo Tribunal
Federal, anteriormente a tomada de qualquer providência relativa ao cumprimento
da decisão monocrática em referência", o segundo documento diz apenas:
"Art. 1º: Aguardar a deliberação final do Pleno do Supremo Tribunal
Federal".
Estratégia
A decisão de não cumprir a liminar faria
parte de uma estratégia do peemedebista para se manter na presidência do Senado
até o STF julgar seu recurso contra a decisão de Marco Aurélio, o que está
previsto para acontecer nesta quarta-feira (7).
Senadores que participaram do encontro com o
peemedebista afirmaram que o aconselharam a cancelar a sessão de votações desta
terça-feira e aguardar a decisão do Supremo sobre o recurso para retomar as
votações.
A sessão do Senado já foi cancelada, bem como
a sessão conjunta do Congresso Nacional e um tradicional jantar de
confraternização natalina da Casa que estava marcado para esta noite na residência
oficial do peemedebista.
Desde 9h desta terça, um oficial de Justiça
aguardava em uma antessala da Presidência do Senado para entregar a notificação
ao peemedebista. Ele deixou o Senado seis horas depois, por volta das 15h, sem
entregar o documento ao senador. Nesta segunda-feira (5), à noite, Renan também
não recebeu o oficial para assinar o documento.
Além da decisão de não cumprir a liminar, a
Mesa Diretora também decidiu conceder prazo para que Renan apresente defesa, a
fim de viabilizar a deliberação da Mesa sobre as providências necessárias ao
cumprimento da decisão monocrática em referência.
O Senado entrou nesta terça com um recurso
contra a decisão de Marco Aurélio Mello e com ação para pedir a suspensão da
liminar.
Plenário do STF
Após decidir afastar Renan Calheiros da
presidência do Senado, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu submeter a decisão
ao plenário do STF.
O caso agora deve ser pautado para a sessão
do Supremo desta quarta-feira (7), uma vez que a presidente do STF, Cármen
Lúcia, afirmou que, assim que fosse liberado para julgamento, ela pautaria o
tema "com urgência".
Fonte: G1 - Brasília
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