A atual situação do Brasil é comparável a um
“filme de terror sem fim” devido às crises política e econômica, disse o jornal
britânico “Financial Times” em editorial.
No texto, intitulado “Recessão e Corrupção: A
Podridão Crescente no Brasil”, o principal diário de economia e finanças da
Grã-Bretanha diz que “incompetência, arrogância e corrupção quebraram a magia”
do país, que poderá enfrentar “tempos mais difíceis”.
Segundo o FT, “a maior razão” da crise
enfrentada pela presidente Dilma Rousseff seria o escândalo de corrupção na
Petrobras, desvendada pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Dezenas de
políticos e empresários são investigados sob suspeita de participação no
esquema de desvio na estatal.
“O Brasil hoje tem sido comparado a um filme
de terror sem fim”, diz.
Dilma foi presidente do Conselho de
Administração da Petrobras entre 2003 e 2010, quando acredita-se que parte do
esquema tenha sido realizado, mas nega conhecimento das irregularidades e não
foi citada por delatores que cooperam com as investigações.
“Poucos acreditam que Dilma seja corrupta,
mas isso não significa que ela esteja segura”, diz o jornal, citando os
crescentes pedidos pelo impeachment da presidente.
Há suspeita de que parte do dinheiro desviado
da Petrobras possa ter sido usado no financiamento de sua campanha eleitoral.
Além disso, diz o jornal, a presidente
enfrenta suspeitas sobre contas de seu governo, em manobras que ficaram conhecidas
como “pedaladas fiscais.”
“Cada um [dos casos] poderia ser suficiente
para impeachment”, diz o texto, que diz que a saída da presidente “ainda parece
improvável.”
‘Tempos mais difíceis’
O jornal cita, também, a investigação do
Ministério Público sobre a suspeita de tráfico de influência do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que teria ajudado a construtora Odebrecht a
conseguir contratos no exterior – que também é investigada pela Lava Jato – e o
rompimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, com o governo
após ter sido citado por um delator na investigação da Petrobras.
“Até agora, políticos em Brasília tem
preferido que Dilma siga no poder e assuma os problemas do país. Mas este
cálculo pode mudar para tentarem salvar a própria pele”, diz o jornal.
O FT escreve, no entanto, que as
investigações “demonstram a força das instituições democráticas do Brasil, “um
país em que os poderosos se colocam acima da lei”. Como exemplo, cita a prisão
de Marcelo Odebrecht, presidente da construtora.
“Dilma enfrenta três anos solitários como
presidente. Brasileiros são pragmáticos, então do pior cenário de impeachment
caótico deve ser evitado. Mesmo assim, os mercados começaram a precificar o
risco. Pode ser que tempos mais difíceis estejam adiante do Brasil”, diz.
Além das questões políticas, o jornal
menciona a situação econômica do país – cujo Banco Central estima retração de
mais de 1% neste ano – e elogia Dilma por ter “revertido sua fracassada ‘nova
matriz econômica'” do primeiro mandato.
Fonte: Uol
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