Delegado diz que Patrícia Lelis "coloca
vidas em risco" com mentiras e fez a polícia paulistana trabalhar 20 dias
"em cima de uma mentira"
Após indiciar a jornalista Patrícia Lelis, de
22 anos, suspeita de denunciação caluniosa e extorsão ao dizer que foi ameaçada
e mantida em cárcere privado pelo assessor parlamentar do deputado federal
Marco Feliciano (PSC-SP), Talma Bauer, a Polícia Civil de São Paulo encerrou o
inquérito com um pedido de prisão preventiva da jovem.
A investigação apurava as denúncias feitas
por Patrícia contra o assessor parlamentar, que é investigador de polícia
aposentado. No dia 5 de agosto, ele chegou a ser preso, mas logo foi liberado
após negar o ocorrido. Em outro inquérito instaurado em Brasília, a jornalista
acusa Marco Feliciano de assédio, tentativa de estupro e agressão.
O delegado Luiz Roberto Hellmeister, que
conduziu o inquérito, pediu a prisão preventiva de Patrícia na sexta-feira
passada, dia 2, por entender que ela “pode comprometer vidas”. “Alego que ela
falseou com a verdade, movimentou toda a polícia paulistana, demonstrou perigo
nas atitudes dela quando pediu ao Bauer que matasse o desafeto dela no Rio, que
ela destrói vidas. Patrícia põe em risco quem a cerca com fatos não verídicos”,
afirma o delegado.
Hellmeister lembra que “a polícia inteira
ficou trabalhando vinte dias em uma mentira” e diz ter fundado o pedido nas
mentiras da jornalista, que registrou um boletim de ocorrência dizendo ter sido
coagida por Bauer durante uma semana no Hotel San Raphael, no centro de São
Paulo. Segundo ela, o assessor de Feliciano estava a ameaçando para colocar um
ponto final nas denúncias. “Que sequestro? Fica três dias com o namorado dentro
do hotel, e passear com as amigas e fazer cabelo no shopping, isso não é
sequestro, não tem como né?”, ironiza Hellmeister.
Os investigadores reuniram vídeos e fotos que
mostram Patrícia e Bauer em momentos de descontração no saguão do hotel e em
restaurantes — as despesas da hospedagem foram pagas pelo assessor. O
depoimento do namorado da jovem, Rodrigo Simonsen, também foi considerado
crucial pelo delegado para derrubar a versão de Patrícia. Ele relatou que
dormiu quatro noites com ela no hotel no mesmo período em que a jovem disse
estar em cárcere privado.
A Polícia Civil ainda levantou provas de que
Patrícia pediu 50.000 reais a Bauer para ficar em silêncio sobre os supostos
abusos cometidos por Feliciano. Uma quantia de 20.000 reais chegou a ser paga
em espécie. Inicialmente, o assessor de Feliciano negou o pagamento, mas,
diante das evidências, acabou admitindo que o fez para que ela parasse de acusar
o deputado. Em depoimento à polícia, Bauer disse que o dinheiro saiu das suas
contas pessoais — ele ganhava 20.000 reais como assessor parlamentar e 7.000
reais como investigador particular. O delegado entendeu que não houve crime da
parte dele.
Segundo depoimento da jovem, o crime de
estupro, que é investigado em Brasília, ocorreu no apartamento funcional de
Feliciano, na manhã do dia 15 de junho, na capital federal. O deputado nega o
crime.
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