“Se há cumplicidade, respeito e intimidade,
há chance de superação dos momentos difíceis”
Vistos internacionalmente como ‘bons de
cama’, com média de pelo menos três relações sexuais por semana, os brasileiros
estão vivendo uma crise, além da política e econômica, sem precedentes, na hora
do, digamos, “vamos ver” entre quatro paredes. É o que revela pesquisa do
Instituto do Casal:entre outros dados está a constatação de que a vida sexual
piorou após o casamento para 72,9% dos entrevistados.
Conduzida pelas psicólogas e terapeutas de
casais, Denise Figueiredo e Marina Simas de Lima, fundadoras da instituição, o
levantamento mostrou que a dependência tecnológica, a chamada hiper conectividade,
com o exagerado uso de celular, sobretudo, e a falta de dinheiro para cobrir os
gastos da família, são os principais motivos para que os relacionamentos
íntimos estejam tão caídos.
“Trata-se de uma falência sexual jamais vista
na história. A ponto de, sequer, debaixo do mesmo teto, casais serem ao menos
bons amigos”, alerta Marina. “Embora estejamos vivendo numa época em que nunca
se teve tanta liberdade para se falar e praticar sexo, a realidade é
diferente”, completa Denise.
Online, 510 homens e mulheres, dos 18 anos
até pouco acima dos 50, deram opiniões. Os entrevistados não foram questionados
sobre gênero, nem orientação sexual. A única condição era ser casado ou morar
junto, mantendo relacionamento estável. O objetivo foi constatar o nível de satisfação
conjugal, levando-se em consideração o sexo, projetos em comum, lazer, diálogo
e medos.
“Descobrimos que mais da metade dos casais
está insatisfeita com a vida sexual”, detalha Marina. Ao responder `como está
sua vida sexual hoje?´ ,55,9% respondeu ruim e regular. Apenas 12% considerou
ótima.
O mecânico X., e a auxiliar de enfermagem Y.,
estão na faixa etária de 31 a 50 anos, maioria dos entrevistados (69,3%). X.
confessa que o uso sem controle do smartphone tem influenciado negativamente na
vida sexual do casal, que hoje faz sexo uma vez a cada três semanas, e “olhe
lá”. “Ao deitar, eu viro para um canto e ela para o outro, respondendo, ambos,
a mensagens de amigos. Acabamos dormindo”, lamenta X.
“Já até esqueci a última vez que transamos”,
brinca Y., lembrando dos “fogosos encontros diários sob lençóis”, há duas
décadas.
Saída: hora programada para o sexo
Mas nem tudo está perdido. “Se há
cumplicidade, respeito e intimidade, há chance de superação dos momentos
difíceis”, pondera Marina. Mas qual seria a solução? Para as psicólogas,
programar o sexo pode ser uma boa. Isso mesmo. Marcar hora para se fazer amor,
se a causa para a falta de desejo não for nenhum transtorno psiquiátrico, como
depressão e ansiedade.
“Pode parecer esquisitice, mas não é. É uma
saída. O casal deve reservar um momento para o sexo, se desligando do mundo lá
fora. Quando se está solteira, a pessoa não se organiza para sair e planeja o
sexo, seja na hora de escolher a lingerie, comprar preservativos, se arrumar?”,
compara Marina.
A psicóloga recomenda, em boa parte dos
casos, terapia para o casal entender o que está afetando a libido e buscar
soluções. Até jogos educativos, como o Puxa Conversa Casal, com perguntas sobre
a relação, à venda pela internet por pouco mais de R$ 30, são indicados. Para
Marina, o sexo espontâneo, como o dos filmes românticos, está extinção, virou
mito. “Sexo no casamento requer conexão entre os parceiros”, opina.
Só casais que vivem juntos há 20 anos
A pesquisa foi feita com quem vive junto há
mais de 20 anos, sendo 80% com filhos, uma das causas apontadas para a escassez
de sexo. Outro dado interessante é que 27,7% dos entrevistados disseram não se
sentir à vontade para realizar fantasias sexuais, por vergonha (16,9%),
moralismo (15,49%) ou falta de entrosamento (14,8 %). A fidelidade,
surpreendentemente, apareceu em quarto lugar no quesito importância para a união.
OUTROS DADOS
MEDOS
Doenças na família, ficar viúvo (a), deixar
de se sentir amado (a), ser traído (a), deixar de amar o parceiro (a), foram
apontados como causas para a crise de sexo entre os casais.
CONVERSA
63,45% dos entrevistados afirmaram que conversam
duas ou mais horas por dia com o (a) parceiro (a), e 36,55 % não conversam
nada.
CONFLITOS
33,9% dos casais preferem escolher um outro
momento para solucionar discussões e não na hora. Outros 26,5% afirmam que
procuram se colocar no lugar do outro.
LAZER
Os casais entrevistados disseram que quando
estão juntos para se divertirem, preferem: viajar (75,8%), comer (66,1%), ver
filmes ou TV (62,8%). Fazer amor aparece apenas em quarto (45%).
OUTRAS ATIVIDADES
Lazer com os filhos e jogos (11,11%),
passeios e conversas (9,52%), barzinhos e reunião com amigos (7,93%) .
O QUE IMPORTA
Numa relação: afeto e carinho (82,4%), amor
(77,8%), projetos em comum (67,8%), e fidelidade (60,2%).
O QUE AFASTA O CASAL
Trabalho (40,7%), desatenção (32,1%),
finanças (28,8%), dedicação aos filhos (28,4%). Mais resultados: em
www.institutodocasal.com.br.
Fonte: O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário