O ex-senador Demóstenes Torres acusou o líder
do DEM no senado, Ronaldo Caiado (GO), de ter recebido dinheiro do esquema
montado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira nas campanhas eleitorais de 2002,
2006 e 2010. A acusação foi publicada no jornal Diário da Manhã, de Goiânia.
Demóstenes teve seu mandato cassado em 2012
acusado de ser beneficiário do esquema de desvios de recursos e de exploração
de jogos ilegais montado por Carlinhos Cachoeira e descoberto pela Polícia
Federal no âmbito da Operação Monte Carlo. O ex-parlamentar disse que seria
“fácil” provar o rastro do dinheiro obtido por Caiado por meio da rede de
Cachoeira.
“Ronaldo, fazia sim, parte da rede de amigos
de Carlos Cachoeira, era, inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de
amizade que se nutria Ronaldo Caiado, peguem as contas de seus gastos gráficos,
aéreos e de pessoal, notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que
qualquer um verá as impressões digitais do anjo caído. Siga o dinheiro”, disse
Demóstenes.
“Caiado não ousou me defender, me traiu, mas,
em relação a Agripino Maia, figura pouquíssimo republicana, disse que ele
merece o benefício da dúvida. Poucos sabem, mas o político potiguar e seus
companheiros de chapa em 2010 foram beneficiados pelo ‘esquema goiano’, com
intermediação de Ronaldo Caiado”, complementou Demóstenes.
Em nota oficial, o líder do DEM classificou
Demóstenes como um “psicopata” e um “bandido”. “Cassado pelos seus pares, em
seus momentos de alucinação, por não suportar a sua derrocada política e moral,
ele tenta lançar mentiras contra mim. Pela fama que tem de montar dossiês, de
perseguir e ameaçar as pessoas, até como fonte de manutenção de seus gastos
faraônicos, acha que esse expediente vai funcionar comigo. Nessa moita que
Demóstenes está escondido, não tem nenhum leão, apenas ratos”, disse Caiado.
Propina
Essa é a segunda acusação que o senador José
Agrino Maia recebeu somente nesse ano de 2015. Em abril, um grupo de seis
promotores de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Norte,
investigando um forte esquema que prentendia dominar o serviço de inspeção
veicular no estado por 20 anos. O grupo, formado por empresários e políticos e
foi investigado na "Operação Sinal Fechado", e pretendia faturar R$ 1
bilhão com o negócio.
Agripino Maia foi citado na delação premiada
do empresário George Olímpio do Rio Grande do Norte na qual é acusado de ter
cobrado propina de R$ 1 milhão para permitir que esse esquema de corrupção no
serviço de inspeção veicular do Estado fosse mantido. De acordo com o promotores que investigam caso,
o empresário mudou de ideia em 2014, quando, sentindo-se abandonado pelos
amigos, procurou o Ministério Público para sugerir a colaboração com a Justiça
em troca de benefícios.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu
abrir um inquérito contra o senador José Agripino após pedido encaminhado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O caso chegou ao Supremo no mês
de março deste ano e a decisão de abertura de inquérito foi tomada pela
relatora do caso, ministra Cármen Lúcia. O processo tramita na Corte em segredo
de Justiça.
Aos promotores, Olímpio afirmou que
participavam do esquema, além de Agripino, a ex-governadora e atual
vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB); o filho dela, Lauro Maia; o
presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PMDB); e o ex-governador
Iberê Ferreira (PSB).
Confira o artigo de Demóstenes Torres na
íntegra
“Ronaldo Caiado: uma voz à procura de um
cérebro
Fiz uma opção íntima, à partir das
turbulências que enfrentei , de permanecer em silêncio até que a justiça desse
o veredito final e me aclamasse inocente, como de fato sou. Já obtive duas
liminares no STF e uma no STJ, suspendendo os processos contra mim, porque, na
verdade, fui vítima de um grande complô, que , ao final, será desnudado. Jamais
desejei vir a público expor meu enredo antes que houvesse uma decisão
definitiva sobre a licitude da prova contra mim forjada e mesmo sobre o
conteúdo desta ,ou seja, não me recuso a enfrentar o mérito das escutas, ainda
que elas sejam ilegais.
Sofri toda espécie de acusação, pilhagem intelectual
e moral, deserções e contrafações, a tudo resisti porque as esvaziarei.
Mais que as decisões de instâncias
superiores, há várias verdades iniludíveis. Jamais fui acusado de desviar
qualquer centavo público: ninguém diz que roubei valores de estradas, pontes,
hospitais, escolas… Nada.
Uma perícia realizada pelo próprio Ministério
Público, e jamais oficialmente divulgada, assevera que eu poderia ter um
patrimônio 11 por cento maior do que possuo; prova de que não há enriquecimento
ilícito, que o apartamento que financiei junto ao Banco do Brasil teve todas as
parcelas pagas em débito de conta corrente, cujo único abastecimento é o
salário que percebo e com mais 27 anos de prestações restantes. A insinuação de
que tinha conta corrente no exterior sucumbiu, nada sequer passou perto de ser
comprovado e nas garras da imprensa continuo, vez por outra, sendo arranhado.
Aliás, todos os membros do Ministério Público que me molestam têm um padrão de
vida superior ao meu e muitos com gostos idênticos. Não os acuso de nada, mas
por que então o que eles possuem é legal e o que eu tenho não?
A acusação que pesava contra mim era ser
amigo de Carlos Cachoeira. Era não, sou. Não vivo como Lula e José Dirceu, nem
como um monte de hipócritas. Não devo e não temo.
Clamei da tribuna, que me investigassem, que
me dessem o direito de defesa e do contraditório, tudo em vão. Em um processo
sumário fui execrado e humilhado, o que não acontece com os parlamentares
envolvidos na operação lavajato , que contribuíram para o desvio de bilhões de
dólares dos cofres da Petrobras. O PT e os governistas me enxovalharam no
intuito de melar o julgamento do mensalão. O PSDB resolveu salvar Marconi
Perillo, que gastou uma fortuna dos cofres públicos para custear sua
absolvição. Os “éticos” do Senado viram uma oportunidade para se livrarem de
quem os retirava do noticiário cotidiano nacional. O Judas Ronaldo Caiado
reinventou a tese de que não existem traições de pessoas e sim de princípios e
que para isso estava autorizado a qualquer coisa com algum alcance moral,
inclusive trair, à semelhança de Hitler, Mussolini, Stalin e tantos outros
degenerados. Viu aí uma oportunidade para soerguer-se politicamente. Bastava
afundar-me no buraco e, prazenteiramente, o fez.
Hoje, lamentavelmente, saio do ostracismo a
que me tinha recolhido para enfrentar declarações dadas ao “painel” da revista
Veja, em que o senador por Goiás, Ronaldo Caiado, afirma que sou uma grande
decepção em sua vida e um traidor.
Confesso que surpreendi-me. Ronaldo fez uma
campanha em que aproveitou meu número, 251, e o meu slogan “defender Goiás”.
Jamais fez qualquer pronunciamento sobre mim, mesmo na presença de
correligionários seus que às vezes me atacavam entendendo que isso granjearia
votos junto à claque.
Nesse período, mandou vários recados na
tentativa de “tranquilizar-me”, sem obter resposta e num dia, quando não era
ainda candidato, encontrou-me num estabelecimento comercial chamado “Jerivá”,
quando eu saía do banheiro, e tentou conversar comigo, bem risonho, o que
mereceu uma esquiva de minha parte.
Ronaldo é um mitômano e tem um comportamento
dúbio, às vezes tíbio, às vezes dissimulado. Na tribuna oscila. É sintomático o
caso Garotinho. Ronaldo o acusa de formação de quadrilha, é o que está
unicamente nas redes sociais; Garotinho o acusa de ser traíra por ter me
abandonado; Caiado volta à tribuna e pede arreglo à Garotinho. Os dois últimos
vídeos desapareceram das redes sociais.
Mas, enfim, Caiado se passava como uma espécie
de irmão mais velho pra mim, falava da afinidade de nossas teses, que era um
conservador não beligerante, pra isso não poupando sequer seus antepassados, e
que desejava um futuro liberal para o Brasil.
Ronaldo, fazia sim, parte da rede de amigos
de Carlos Cachoeira, era , inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de
amizade que se nutria Ronaldo Caiado, peguem as contas de seus gastos gráficos,
aéreos e de pessoal, notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que
qualquer um verá as impressões digitais do anjo caído. Siga o dinheiro.
Caiado não ousou me defender, me traiu, mas,
em relação a Agripino Maia, figura pouquíssimo republicana, disse que ele
merece o benefício da dúvida. Poucos sabem, mas o político potiguar e seus
companheiros de chapa em 2010 foram beneficiados pelo “esquema goiano”, com
intermediação de Ronaldo Caiado.
Ronaldo Caiado é chefe de um dos mais nocivos
vagabundos de Goiás, o delegado de polícia civil aposentado, Eurípedes
Barsanulfo, que era o melhor amigo de Deuselino Valadares, o delegado de
polícia federal que fez um “relato”, segundo “Carta Capital”, onde me acusava
de ser beneficiário do jogo do bicho. Esse relato jamais apareceu oficialmente,
mas serviu para que o PSOL dele se utilizasse para representar-me perante o
conselho de ética do Senado. No final do ano passado, o jornal Diário da Manhã
de Goiânia , publicou uma matéria assinada em que acusa o dito delegado de ter
forjado o documento a mando de um seu chefe político. Quem era ele? Ronaldo
Caiado, todos sabem. Aliás, Eurípedes Barsanulfo, este sim, era prócer das
máquinas caça-níqueis em Goiás. Ronaldo uma vez, inclusive, me pediu para
interferir junto a Carlos Cachoeira para ampliar a atividade de Eurípedes no
jogo ilícito. Simplesmente, disse a ele, como era verdade, que desconhecia a
prática de ilicitudes por parte de Cachoeira.
Ronaldo Caiado é um oportunista. Muitos que
vivem fora de Goiás devem imaginar que ele é um coerente, uma figura emergida
dos anseios das ruas, um puritano. Qual o quê! Na atividade política é um
profissional de lupanar. Dois fatos podem elucidar seu caráter de Fouché. No
primeiro, em 2006, Caiado me incentivou a ser candidato a governador. Quando
minha candidatura fez água, ainda em agosto, ele pode ser visto acompanhando
tanto o candidato Maguito ,quanto o outro, Alcides. No pior declínio moral,
chegou a ser filmado no palanque da candidata Vanusa Valadares, mulher do hoje
prefeito Eronildo Valadares em Porangatu. Portanto, quadrúpede que é, tinha
suas patas, simultaneamente, em 3 canoas.
Ano passado sua degradação se expandiu.
Ronaldo Caiado ,no afã de ser candidato a Senador ao lado de Marconi Perillo,
foi atrás de Aécio Neves e Agripino Maia(este dependente financeiro de Perillo)
para que eles compusessem a chapa com coerência nacional, apesar de todo
histórico de desavenças com o carcamano. Um pouco mais vexatório, mandou a
própria esposa num evento na cidade de Americano do Brasil, onde a apedeuta,
além de usar a palavra, pregou o voto em Perillo, alegando que ele era um grande
estadista e que esperava sua reeleição para o bem de Goiás. Relembre-se: quem
teve negócios com Cachoeira foi Perillo, eu não.
Resumo da ópera: o tenor recusou os apelos da
mezzosoprano e mandou o barítono procurar rumo. Ronaldo acabou nos braços de
Iris Rezende a quem tinha acusado ,toda a vida, de ser um corrupto diante do
qual os demais se afigurariam “trombadinhas”.
Nessa sua linha vesga de assinalar uma coisa
e fazer outra, Ronaldo Caiado deseja a extinção do DEM a fim de se filiar ao
PMDB de Íris Rezende por um motivo muito simples: ambiciona estar em uma
agremiação que lhe dê estrutura para disputar o governo de Goiás. Na fusão do
DEM com o PTB irá para o PMDB, possibilidade constitucionalmente aceita de
adesão partidária. Irá, oficialmente, se opor. Parecerá até o fim um coerente,
um habanero puro. Seguirá as ordens de seu chefe político ACM Neto, que
financiou sua última campanha em Goiás e que lhe assegurou, caso perdesse a
eleição, o confortável posto de secretário de saúde em Salvador, em cuja região
Caiado costuma passar suas férias às expensas da empresa OAS.
Quem pensa que Ronaldo Caiado é espontâneo se
engana. Tudo é meticulosamente calculado. Por que ele não veio para as ruas de
Goiânia na passeata e preferiu São Paulo? Porque em Goiânia seria vaiado. E por
que São Paulo? Porque era mais fácil de mentir. O desafio a mostrar uma
filmagem dele no meio dos manifestantes na avenida Paulista em São Paulo. Só
aparecem coisas periféricas. Tirou uma fotografia com uma camiseta fascista –
não porque Lula não mereça vaias, as merece mais que os demais- e deu motivos
para uma gritaria justa em favor de um injusto. Como é do seu caráter, estava
simulando caminhar na passeata. Nesse aspecto , se assemelha ao Deputado
Federal goiano Giuseppe Vecci que participou da passeata em Goiânia por ser um
ilustre desconhecido, apesar de eleito. Ironia: Vecci desfilou porque é uma
nulidade da sombra, Caiado se absteve por ser uma do sol. Parece que o
tesoureiro-mor,Jaime Rincon, chefe da agência goiana de obras públicas, também
fez evoluções pela passarela.
Ronaldo Caiado foi um dos relatores da
reforma política na Câmara dos Deputados, sempre alegou que sua motivação era a
coerência política, que a prática demonstrou não ser o seu forte. Ele diz que
gostaria de ter um embate com Lula na eleição pra presidente da república. Eu
acho que seria ótimo, os dois se equivalem moralmente. Um já foi desmascarado ,
o outro poderá sê-lo amanhã.
Um dia, no meu escritório político no setor
sul, em Goiânia, houve um telefonema entre Ronaldo Caiado e o hoje conselheiro
do Tribunal de contas dos municípios de Goiás, Tião Caroço. Este trazia uma
notícia que transtornou o Senador, que disse então aos berros: “avisa ao
Marconi que eu vou resolver com ele da forma que ele quiser, no braço, na faca,
no revólver”. Esse episódio se tornou público e gerou os maiores desgastes para
o fanfarrão, que pra minha surpresa repeliu tudo. Um dia, me contando a
história, negou que havia falado isso, se esquecendo que eu era a testemunha
ocular.
Pois agora, Ronaldo Caiado, quero ver se você
é homem mesmo. Nos mesmos termos que você mandou oferecer ao frouxo Marconi
Perillo, eu me exponho.
Me lembro da veneração ,que quando criança,
meu pai tinha pelo grande Emival Caiado e pelo seu pai o advogado Edenval
Caiado, que se envergonharia de ver que um filho seu foge à luta.
Você diz em seus discursos que Caiado não
rouba, não mente e não trai. Você rouba, mente e trai.
Talvez o meu silêncio tenha sido entendido
por você como um sinônimo de covardia, de pusilanimidade. Essas palavras não
existem no meu dicionário. Não posso dizer que você seja um mau-caráter, pois
você simplesmente não o possui. É, na verdade, um espécie de Zelig oportunista
e bravateiro.
Você deveria ir pra Brasília em seu cavalo
branco, estacioná-lo na chapelaria do Senado e subir à tribuna para fazer o que
já faz: relinchar, relinchar.
Me deixe em paz Senador. Continue despontando
para o anonimato. É o seu destino. Não me movem mais interesses políticos.
Considero vermes iguais a você Marconi Perillo e Íris Rezende. Toque sua vida,
se fizer troça comigo novamente não o pouparei. Continue fingindo que é
inocente e lembre-se que não está na sarjeta porque eu não tenho vocação para
delator. Tome suas medidas prudenciais e faça-se de morto.
Ano passado deu-se o centenário do nascimento
de Carlos Lacerda e uma horda de hipossuficientes passou a rotular a qualquer
um de lacerdista, que para eles é apenas alguém estridente e barulhento.
Ronaldo Caiado diz que se inspira em Lacerda.
Mentira, Lacerda foi tradutor de Shakespeare,
foi o primeiro brasileiro a romancear um quilombola, falava e escrevia como um
clássico. Demoliu presidentes e adversários. Eleito governador foi sem sombra
de dúvidas o melhor gestor da Guanabara. Ronaldo Caiado jamais conseguiu
terminar de ler um livro. Por sua formação francesa, o mais perto que chegou do
fim foi” o menino do dedo verde” , mas o achou muito “profundo”. Ronaldo Caiado
é só uma voz à procura de um cérebro.
Demóstenes Torres é ex-senador e procurador
de Justiça”
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