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quarta-feira, 13 de março de 2013

"Mudou o eixo, acabou o eurocentrismo", diz irmão de dom Odilo Scherer

Assim que o nome do argentino Jorge Mario Bergoglio foi anunciado como novo papa --ele se chamará Francisco 1º--, pouco depois das 16h desta quarta-feira (13), familiares do cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, disseram em Toledo que a escolha "surpreendeu". Ainda assim, ele demonstrou satisfação com a escolha e refutou qualquer decepção por não ver o irmão alçado ao comando da igreja católica. "Mudou o eixo, acabou o eurocentrismo. Vai mudar muito, foi uma escolha marcante", disse o professor aposentado Flávio Scherer, 67, irmão de dom Odilo e porta-voz informal da família.

"Ele não estava em evidência [entre os cotados para suceder o papa emérito Bento 16]. E também pela idade. Ele tem 76 anos. Esperava-se um papa mais jovem, com mais tempo de governo, para não termos a cada período curto uma nova eleição", disse.

"Acredito que o novo papa irá traduzir a expectativa de que se ouçam mais os povos que foram colonizados, novas visões de mundo, bem como representar a expansão do catolicismo na América, África e Ásia. Teremos [em Roma] um vizinho que vive os mesmos problemas que nós, que passou pelos mesmos traumas da ditadura militar. Isso é muito importante", falou Flávio.

"[A escolha de Bergoglio] Não é decepção, de forma nenhuma. A participação de nosso irmão [no conclave] foi significativa. Dom Odilo será um grande assessor do papa, como cardeal e arcebispo de SP", disse.
"Estamos aliviados"

Minutos depois, numa improvisada entrevista coletiva aos jornalistas que passaram os últimos dias em sua casa, Flávio disse acreditar que a escolha de Bergoglio considerou "a vitalidade da igreja na América Latina".

"Meu irmão deve estar se sentindo realizado. Sinto que o papa, como autoridade, fica blindado. E sei que meu irmão gosta de estar perto do povo. Mas nós nos sentimos aliviados, porque teremos ele mais próximo, mais acessível. [E o novo papa] Veio da América Latina, que coisa extraordinária", acrescentou o irmão de dom Odilo.

"As nacionalidades não entram em confronto nem pesam na escolha, mas sim o perfil do escolhido. [Mas] Nossa grande torcida era por alguém de fora do eixo", falou o padre Inácio Scherer, pároco da catedral do Cristo Rei, em Toledo, e primo do acerbispo de São Paulo.

Ele revelou, porém, que a família já apostava no nome que dom Odilo escolheria caso fosse o escolhido no conclave. " Torcíamos por João Paulo III", afirmou.

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