Vereadora admite ser candidata a prefeita de
Natal no futuro, sobretudo, se houver rompimento com PDT.
Mesmo não fazendo parte dos seus planos para
o futuro, a vereadora Júlia Arruda (PSB) admite ser candidata à Prefeitura de
Natal em 2016, principalmente se a crise entre o PSB e o governo Carlos Eduardo
(PDT) resultar no seu agravamento com a escolha de um candidato a vice-prefeito
em detrimento da atual vice-prefeita e presidente estadual do PSB Wilma de
Faria.
“Estamos para fortalece e crescer, mas hoje
não está nos meus planos”, disse Júlia esta manhã, ao explanar sobre o futuro.
“Mas, quem sabe futuramente? Estamos para fortalece e crescer, mas hoje não
está nos meus planos. Espero que o partido, formado pela maior bancada de
vereadores, não tenha sua força subestimada em Natal. E espero que as
principais decisões do PSB em 2016 sejam inseridas nesse contexto, compondo
chapa e participando desse processo”, disse.
A chegada do PMDB à gestão de Carlos Eduardo
traz como desdobramento a antecipação do debate sobre o cargo de vice. Bem
avaliado nas pesquisas, os correligionários do prefeito acreditam que ele tem
grande probabilidade de se reeleger em 2016. Com isso, se credenciaria para
disputar o governo em 2018. Para tanto, terá de renunciar ao cargo, entregando
a Prefeitura ao vice. Eis a importância da discussão.
O PMDB, por sua vez, chega ao governo de olho
na função. Carlos Eduardo apoiou a candidatura derrotada do presidente estadual
do PMDB, Henrique Alves, para o governo do Estado no ano passado. O desembarque
do PMDB no governo municipal foi consequência lógica deste apoio. Inicialmente,
o partido chega ocupando espaços consideráveis como a Secretaria de Turismo e a
Secretaria de Habitação. No entanto, para aplacar o desejo das instâncias
internas do partido, o PMDB poderá exigir a indicação do vice. Usa como moeda
de troca a retirada de candidatura própria ao governo municipal.
Nesse contexto, se enfraquece a proposta do
PSB permanecer no cargo. Enfraquecida politicamente e vinda de duas derrotas
consecutivas em eleições para o Senado, a principal líder do PSB, Wilma de
Faria, que também enfrenta uma bateria de denúncias do Ministério Público por
corrupção, poderá ser preterida na composição. A partir daí, especula-se, o PSB
estaria aberto a novas composições ou mesmo candidatura própria.
É nesse contexto que a fala de Júlia Arruda
ganha relevo. Sem a vaga de vice de Carlos Eduardo, o que impediria o PSB de
compor com outro grupo ou partir para candidatura própria? A própria Júlia
Arruda avalia: “O partido é formado por pessoas que podem sim ser candidatas,
se a gente está no partido, pode sim, diz.
Júlia Arruda não deixa margem para dúvida:
hoje, o PSB é, sim, aliado do prefeito Carlos Eduardo Alves. Com sua bancada
expressiva de quatro vereadores – inclusive o presidente da Câmara, Franklin
Capistrano, é do PSB -, o partido soma uma força política considerável, que não
pode, ela deixa nas entrelinhas, deixar de ser prestigiado em qualquer
composição política.
Apesar disso, a própria Júlia admite, o PSB é
também um partido que está acabrunhado, dividido, sem comunicação e articulação
interna. Tudo graças ao silêncio e a postura retraída da líder maior da
legenda, Wilma de Faria. Além das derrotas e dos processos judiciais, Wilma
enfrenta a ameaça real de perda do comando do PSB, já que a legenda não
conseguiu atingir no RN a meta de votos na eleição de 2014.
Analisa Júlia Arruda: “Hoje o PSB integra a
gestão de Carlos Eduardo. Temos visto em algumas oportunidades e entrevistas
algum descontentamento de Wilma em relação a desprestígio. Mas ela não procurou
nem se reuniu com os vereadores e deputados do PSB para tratar essa temática.
Na Câmara Municipal, os quatro vereadores damos apoio à base de sustentação do
prefeito. Mas, daqui para frente, precisamos sim discutir quais os rumos do PSB
para 2016 porque não sabemos. Ainda não tivemos nenhuma reunião em nível de
partido. Mas esperamos que possamos caminhar juntos com essa aliança que
começamos a construir”, diz.
Pressionada pela reportagem a se posicionar
frente a cenários futuros, Júlia disse não ter propriedade para falar em nome
do PSB porque hoje Wilma é quem toma as decisões “e muitas vezes precisa
escutar os vereadores para ter um posicionamento fechado do partido, precisa
ouvir”. E conclui: “O fato é que o PSB está passando por uma fase de
transformação, nacionalmente e aqui no Estado. Para se oxigenar, o partido deve
estimular a participação dos movimentos sociais, agregar e pensar em
valorização e fortalecimento”, disse.
Júlia Arruda reconhece a boa avaliação de
Carlos Eduardo. No entanto, assuntos do partido devem ser prioritários e por
isso ela apela indiretamente a Wilma, que se tem suas insatisfações que
socialize dentro do PSB para que haja união da legenda e tomada de posição
conjunta. “O partido tem que dialogar, acima de tudo. A realidade é que integra
a gestão, faz parte de uma administração bem avaliada, que traduz o que a
população espera. Tanto que os quatro vereadores dão apoio à base de
sustentação. Mas se tem insatisfações pontuais em relação a Wilma, precisamos
compartilhar essa insatisfação, e não apenas ficar centralizado, tem que ser participação
partidária. Sou favorável ao diálogo, mas tem que acompanhar a tendência
nacional de reestruturação e formação do partido. De valorizar e divulgar o
trabalho nas bases, associando-se com o trabalho dos movimentos sociais e após
isso pensar no pleito”.
“Qualquer um do PSB pode galgar outros
patamares”
A vereadora Júlia Arruda, que põe seu nome à
disposição do PSB para projetos futuros, aponta a existência de outros nomes na
legenda capazes de, segundo ela, “galgar outros patamares” na política de Natal
e do Rio Grande do Norte. “Bom, em primeiro lugar, quero dizer que fico
surpresa com essa possibilidade de candidatura e que oficialmente não passa de
especulação. Mas acho que de fato o partido é formado por pessoas qualificadas,
que agregam ao partido, como Franklin Capistrano, que assumiu a presidência da
Câmara, Júlio Protásio, eu a deputada Márcia Maia, o deputado Tomba Farias. Ou
seja, o partido não é feito de uma pessoa, mas por um conjunto de pessoas, além
da militância, e, por que não, qualquer um pode galgar outros patamares”,
afirmou a vereadora.
Júlia reforça que sua condição hoje é de se
candidatar à reeleição. “Hoje a minha expectativa é a minha reeleição. Vamos
entrar no jogo sem saber as regras do jogo, por isso devemos redobrar os
esforços para ter sucesso. Sou favorável a que o partido possa se fortalecer e
começar uma campanha de filiação, manter os atuais mandatos e aumentar a
representação na Câmara e quem sabe aumentar”, disse a vereadora.
Júlia disse, por fim, desconhecer a
existência de projetos individuais dentro do PSB, ou algo que fuja do
estabelecido que é a parceria com Carlos Eduardo. “Não sei se o partido tem
algum projeto individual, algo que fuja do que está estabelecido que é parceria
com Carlos Eduardo. Na semana passada tivemos uma reunião eu, Claudio Porpino,
Márcia Maia, com alguns filiados da executiva municipal, para discutir
construção de uma agenda e o projeto que passa por essa reestruturação do
partido. Hoje meu projeto é esse”.
Protásio: “Candidatura de Júlia a prefeita de
Natal é o fato novo”
Ex-líder do prefeito Carlos Eduardo Alves na
Câmara Municipal de Natal, o vereador Júlio Protásio (PSB) disse hoje que a
admissão de candidatura por parte da vereadora Júlia Arruda se constitui num
“fato novo” e que irá aguardar as discussões deste fato nas instâncias partidárias.
“Fato novo. Não conhecia esse cenário. E
estarei atento a escutar nas instâncias partidárias esse fato de candidatura
própria. Hoje sei que o partido é aliado e faz parte da administração de Carlos
Eduardo e estaria comprometido com a administração dele. Se vai mudar eu
preciso ser informado”, disse o vereador.
Segundo Júlio, até agora ninguém do PSB disse
que desejaria disputar a prefeitura ou a vice. “Não escutei a professora Wilma,
que é a líder maior, nem outro componente do partido se posicionando nesse
sentido”, afirmou.
Para o vereador, a presidente do PSB, Wilma
de Faria, deverá se posicionar a respeito do desejo de manter-se como vice na
provável próxima candidatura de Carlos Eduardo em 2016. “Não tenho como me
posicionar acerca desse comentário de que a vice-prefeitura não é do PSB na
próxima candidatura de Carlos porque Wilma não comunicou aos detentores de
mandato, à militância do partido, se deseja ser candidata a vice ou se não
deseja”, disse o pessebista.
Instado a dar sua opinião, Júlio disse que
esta está condicionada ao posicionamento oficial de Wilma de Faria.
“Condiciono. Ela tem que dizer. Se vai disputar a vice, se a vereadora, se a
nada. A partir dessa construção o partido vai se posicionar”.
Júlio Protásio disse, entretanto, que o PSB
precisa definir o arco de aliança para o próximo pleito. “E definido o arco de
aliança, definir com os partidos quem são os candidatos, quem é que vai indicar
o vice-prefeito”. Para ele, “nenhum partido é dono de uma posição antes de
dialogar com os demais. Estamos indo para uma candidatura que se torce para ter
PDT, PMDB e PSB, partidos que vão compor a aliança e precisa ser dialogada essa
posição de quem vai indicar o vice-prefeito”, afirmou.
Portal JH
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