Fiern alerta que a competitividade das
empresas pode ser afetada com novo aumento.
Os reajustes de energia estão castigando a
indústria no Rio Grande do Norte, que já está enfraquecida por causa da
desaceleração econômica no país. Após a implantação do sistema de bandeiras,
que está em vigor no Brasil desde o mês de janeiro – indicando se a energia
custará mais, ou menos, em função das condições de geração de eletricidade –
foi autorizado um aumento médio de 9,57 nas contas de energia de clientes da
Cosern, distribuidora que atua no Rio Grande do Norte.
O aumento na tarifa, autorizado pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), começará a valer no dia 22 abril. Para os
consumidores de baixa tensão, que inclui os clientes residenciais), a alta será
de 7,41%. Já para a alta tensão, que afeta os clientes industriais e comerciais
de médio e grande porte, o aumento será de 14,41%.
Para a Federação da Indústria do RN (Fiern),
a situação deixará empresas, comércio e população com a ‘vela na mão’. “Com o
custo elevadíssimo de produção e as companhias energéticas quebradas, todos nós
ficaremos com a vela na mão. O pior é que esse é só mais um dos aumentos que
ainda podem acontecer”, afirmou o presidente da Fiern, Amaro Sales.
Com relação às Indústrias, Amaro Sales
ressalta a importância das empresas avaliarem o momento para não prejudicarem
ainda mais a competitividade no cenário nacional e até internacional.
“Esse aumento vem um momento de muita
instabilidade, de alta de juros, apertos fiscais. O custo com energia elétrica
é um dos três maiores a indústria tem e, sem sombra de dúvidas, vai afetar os
trabalhos de um modo geral. O empresário precisará otimizar seus gastos,
colocá-los no centro de custos e avaliar como será possível diminuir a conta”,
disse Amaro Sales.
Empresário do segmento Têxtil, João Batista
de Lima, que representa a Fiern no Conselho de Consumidores de Energia Elétrica
da Cosern, comenta que a energia no Rio Grande do Norte é a quinta mais cara do
mundo, sendo o dobro do que é praticado na China, principal concorrente das
empresas instaladas no RN.
“Os maiores custos da Indústria são com
matéria-prima, mão-de-obra e energia, exatamente nesta ordem. Quando aumenta o
custo com matéria-prima, é possível importá-la de outros locais. Com
mão-de-obra e energia não”, conta. “Temos a quinta energia mais cara e com
esses aumentos só estamos perdendo competitividade”, observou João Lima.
Para o empresário, o setor industrial terá
enfrentar este momento com muita inteligência, trabalho e criatividade.
“Teremos que lutar para sermos mais eficientes, economizando e juntando
esforços. Porém, independente do que seja feito por nós, perderemos
competitividade”, garantiu.
Reajuste tarifário anual
O reajuste anunciado pela Cosern tem variação
anual, prevista no contrato de concessão das distribuidoras. São mecanismos de
correção monetária e também de atualização dos custos não gerenciáveis pela
distribuidora como os referentes à compra da energia junto aos geradores,
custos de transmissão, encargos setoriais.
Além dos valores de tarifas fixados pela
ANEEL, são cobrados impostos na conta dos consumidores, como ICMS, PIS e
COFINS, e as Bandeiras Tarifárias. Conforme definido pela administração
municipal, também é cobrada na conta de energia a Contribuição de Iluminação
Pública (CIP), tributo repassado pela Cosern diretamente para as prefeituras
municipais, que são as responsáveis pelos serviços de projeto, implantação,
expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação pública.
Os encargos setoriais e tributos continuam
tendo uma grande participação nos custos da tarifa de energia elétrica, representando
36,4% da mesma. Já as despesas com a compra e transmissão de energia respondem
por 40,1%. Cabem à Cosern os 23,5% restantes para cobrir os custos de operação,
manutenção, administração do serviço e investimentos. Isso significa que, para
uma conta de R$ 100,00, por exemplo, apenas R$ 23,50 ficam com a Cosern para
operar e expandir todo o sistema elétrico no estado.
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