O Ministério Público da Suíça bloqueou uma
conta que teria como beneficiário o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). A descoberta da conta ocorreu após a realização de um
pente-fino nas transações de operadores do esquema de corrupção na Petrobras.
No início da semana, o jornal O Estado de
S.Paulo revelou que os suíços abriram investigações criminais contra os
lobistas Fernando “Baiano” Soares e João Augusto Henriques, apontados como
operadores do PMDB no esquema na estatal petrolífera. Os dados da conta secreta
que teria Cunha como beneficiário já foram repassados ao Ministério Público
Federal no Brasil, assim como os detalhes de quem fez depósitos. As autoridades
suíças prometeram divulgar mais informações até esta quinta-feira.
Condenado na Operação Lava Jato, Fernando
Baiano fechou acordo de delação premiada e confirmou o relato de outro lobista,
Julio Camargo, de que o presidente da Câmara teria recebido propina de pelo
menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras.
Cunha, que já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção
e lavagem de dinheiro, nega participação em irregularidades.
Henriques, também preso, revelou como eram as
indicações políticas na Diretoria Internacional da Petrobras, controlada
politicamente pelo PMDB, segundo a força-tarefa da Lava Jato. Ele afirmou à
Polícia Federal que abriu uma conta na Suíça para pagar propina ao presidente
da Câmara. Segundo ele, a suposta transferência para Cunha está ligada a um
contrato da Petrobras relativo à compra de um campo de exploração em Benin, na
África. Os suíços tentam rastrear essas contas, a fim de identificar os
destinos dos recursos e o motivo do pagamento.
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