Provas de domingo começaram às 13h30 e
terminam às 19h. Tema da redação foi a violência contra a mulher no Brasil.
O segundo e último dia de provas da edição
2015 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve questões que citaram os
artistas Luiz Gonzaga, Pixinguinha, Chico Buarque, Toquinho e Arnaldo Antunes.
Já a prova de matemática foi baseada em situações do cotidiano, como a crise
hídrica e a vacina do HPV. Cálculo de área, probabilidade, logaritmo e
porcentagem também estiveram na provas, que exigiu leitura de
gráficos.
O tema da redação foi "A persistência da
violência contra a mulher na sociedade brasileira". A redação teve quatro
textos de apoio.
Linguagens
no Enem
Os principais autores citados na prova de
Linguagens foram Manuel Bandeira, Olavo Bilac, Lygia Fagundes Teles, Cecília
Meirelles e Graciliano Ramos. Os famosos da Musica Popular Brasileira (MPB)
também foram lembrados. Arnaldo Antunes teve seu Poema Concreto usado na prova.
Também foram usados exemplos com Vinícius, Toquinho e Luiz Gonzaga. No caso de
Gonzagão, uma de suas letras serviu de motivação para debater as variações
linguísticas na língua portuguesa falada no Brasil.
O cantor e compositor Chico Buarque teve a
letra "Essa Pequena" usada para abordar o uso coloquial do idioma com
o objetivo de aproximar o leitor da sua mensagem.
Um dos pintores que foram mencionados na
prova deste domingo foi o belga René Magritte. Sua obra "Reprodução
proibida" apareceu em uma questão que falou sobre o surrealismo. Outras
questões sobre artes foram exigidas, uma que mostrava uma máscara de inspiraçao
africana feita por Picasso e outra sobre a performance da artista Marina
Abramović, no Museu de Arte Moderna, em Nova York.
O Enem abordou ainda a questão da cultura
afrobrasileira, inspirada na canção "Yaô", de Pixinguinha, que
mesclou trechos em português e em iorubá e abordou a língua no contexto da
manutenção das tradições africanas no Brasil.
O papel da imprensa também caiu na prova: uma
questão usou uma figura de 2008 falando sobre a importância da informação para
a formação de opinião. Outras questões exploraram a linguagem publicitária no
cotidiano.
Um tema inusitado na prova foi a cultura do
hip hop. Uma das questões pediu para os candidatos falarem sobre a origem dos
passos de dança do break e o que eles representavam na cultura moderna.
A prova de espanhol também teve uma questão
sobre violência contra a mulher. O tema foi abordado por meio de uma campanha contra
a violência sofrida diariamente pelas mulheres. As barreiras enfrentadas por
deficientes físicos também apareceram nas questões de espanhol. A presença do
espanhol nos EUA também foi explorado em uma questão que perguntava sobre os
roteiros de TV e cinema norte-americanos.
Na prova de inglês, questões trouxeram a
presença da cultura indígena no cenário norte-americano e também uma piada
sobre a temporada do futebol americano. Ela também conteve uma matéria da rede
britânica BBC.
Comentários
sobre a redação
Especialistas ouvidas pelo G1 afirmaram que o
tema é pertinente e atual, e disseram que, ao contrário de algumas edições
anteriores, neste ano só há um tipo de posicionamento em relação ao tema:
contrário à violência.
"No ano em que o Enem propôs movimento
migratório, ele dividiu os candidatos. Alguns foram mais a favor, outros
acharam que ia ter falta de emprego no Brasil. No ano passado, com o tema da
publicidade infantil, os candidatos também ficaram um pouco divididos. Por um
lado, a publicidade ajuda a aquecer a economia, estimula o consumo, gera
empregos. E tem o outro lado, o do estímulo ao consumo desenfreado, de não
contribuir para a formação de cidadãos conscientes", afirmou ao G1 a
professora Maria Aparecida Custódio, do laboratório de redação do Curso e
Colégio Objetivo.
"Agora, defender a violência de qualquer
pessoa é se colocar na contramão dos direitos humanos, e do próprio edital do
Enem. Qualquer proposta que venha a fazer tem que contemplar os direitos
humanos. Qualquer violência física, verbal ou psicológica é indefensável."
Abordagem
do tema passa pela Lei Maria da Penha
Segundo Andrea Ramal, para que uma redação do
Enem 2015 tenha uma nota alta, é obrigatório citar a Lei Maria da Penha no
texto. "A não ser que a lei já seja um dos textos motivadores, precisa ser
citada. Tem que falar da relevância dessa lei, se vem sendo cumprida ou não, e
por que, e que outras ações para além da lei o Brasil pode tomar para resolver
essa situação, porque só com a Lei Maria da Penha não resolveu."
Tema
causa polêmica na web
A escolha do tema da redação do Enem 2015
gerou debates e polêmica no Twitter. Houve aqueles que defendessem a abordagem
escolhida pelo Ministério da Educação (MEC) e outros que fizeram críticas.
A prova de redação tem caráter dissertativo-argumentativo
e os estudantes precisam escrever sobre o tema com base em textos de motivação
apresentados na hora da prova. Até a publicação desta reportagem, o Inep ainda
não tinha divulgado o teor destes textos. Segundo o Inep, "na prova de redação
são avaliados aspectos relacionados às competências que devem ter sido
desenvolvidas durante os anos de escolaridade. Os participantes devem defender
uma tese – uma opinião – a respeito do tema proposto, apoiada em argumentos
consistentes, estruturados de forma coerente e coesa, de modo a formar uma
unidade textual".
G1
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