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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Diversificado...Segundo dia do Enem tem Luiz Gonzaga, Chico Buarque, hip hop e crise hídrica!

Provas de domingo começaram às 13h30 e terminam às 19h. Tema da redação foi a violência contra a mulher no Brasil.
O segundo e último dia de provas da edição 2015 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve questões que citaram os artistas Luiz Gonzaga, Pixinguinha, Chico Buarque, Toquinho e Arnaldo Antunes. Já a prova de matemática foi baseada em situações do cotidiano, como a crise hídrica e a vacina do HPV. Cálculo de área, probabilidade, logaritmo e porcentagem também estiveram na provas, que exigiu leitura de gráficos.

O tema da redação foi "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira". A redação teve quatro textos de apoio.

Linguagens no Enem
Os principais autores citados na prova de Linguagens foram Manuel Bandeira, Olavo Bilac, Lygia Fagundes Teles, Cecília Meirelles e Graciliano Ramos. Os famosos da Musica Popular Brasileira (MPB) também foram lembrados. Arnaldo Antunes teve seu Poema Concreto usado na prova. Também foram usados exemplos com Vinícius, Toquinho e Luiz Gonzaga. No caso de Gonzagão, uma de suas letras serviu de motivação para debater as variações linguísticas na língua portuguesa falada no Brasil.

O cantor e compositor Chico Buarque teve a letra "Essa Pequena" usada para abordar o uso coloquial do idioma com o objetivo de aproximar o leitor da sua mensagem.

Um dos pintores que foram mencionados na prova deste domingo foi o belga René Magritte. Sua obra "Reprodução proibida" apareceu em uma questão que falou sobre o surrealismo. Outras questões sobre artes foram exigidas, uma que mostrava uma máscara de inspiraçao africana feita por Picasso e outra sobre a performance da artista Marina Abramović, no Museu de Arte Moderna, em Nova York.

O Enem abordou ainda a questão da cultura afrobrasileira, inspirada na canção "Yaô", de Pixinguinha, que mesclou trechos em português e em iorubá e abordou a língua no contexto da manutenção das tradições africanas no Brasil.

O papel da imprensa também caiu na prova: uma questão usou uma figura de 2008 falando sobre a importância da informação para a formação de opinião. Outras questões exploraram a linguagem publicitária no cotidiano.

Um tema inusitado na prova foi a cultura do hip hop. Uma das questões pediu para os candidatos falarem sobre a origem dos passos de dança do break e o que eles representavam na cultura moderna.

A prova de espanhol também teve uma questão sobre violência contra a mulher. O tema foi abordado por meio de uma campanha contra a violência sofrida diariamente pelas mulheres. As barreiras enfrentadas por deficientes físicos também apareceram nas questões de espanhol. A presença do espanhol nos EUA também foi explorado em uma questão que perguntava sobre os roteiros de TV e cinema norte-americanos.

Na prova de inglês, questões trouxeram a presença da cultura indígena no cenário norte-americano e também uma piada sobre a temporada do futebol americano. Ela também conteve uma matéria da rede britânica BBC.

Comentários sobre a redação

Especialistas ouvidas pelo G1 afirmaram que o tema é pertinente e atual, e disseram que, ao contrário de algumas edições anteriores, neste ano só há um tipo de posicionamento em relação ao tema: contrário à violência.

"No ano em que o Enem propôs movimento migratório, ele dividiu os candidatos. Alguns foram mais a favor, outros acharam que ia ter falta de emprego no Brasil. No ano passado, com o tema da publicidade infantil, os candidatos também ficaram um pouco divididos. Por um lado, a publicidade ajuda a aquecer a economia, estimula o consumo, gera empregos. E tem o outro lado, o do estímulo ao consumo desenfreado, de não contribuir para a formação de cidadãos conscientes", afirmou ao G1 a professora Maria Aparecida Custódio, do laboratório de redação do Curso e Colégio Objetivo.

"Agora, defender a violência de qualquer pessoa é se colocar na contramão dos direitos humanos, e do próprio edital do Enem. Qualquer proposta que venha a fazer tem que contemplar os direitos humanos. Qualquer violência física, verbal ou psicológica é indefensável."

Abordagem do tema passa pela Lei Maria da Penha

Segundo Andrea Ramal, para que uma redação do Enem 2015 tenha uma nota alta, é obrigatório citar a Lei Maria da Penha no texto. "A não ser que a lei já seja um dos textos motivadores, precisa ser citada. Tem que falar da relevância dessa lei, se vem sendo cumprida ou não, e por que, e que outras ações para além da lei o Brasil pode tomar para resolver essa situação, porque só com a Lei Maria da Penha não resolveu."

Tema causa polêmica na web

A escolha do tema da redação do Enem 2015 gerou debates e polêmica no Twitter. Houve aqueles que defendessem a abordagem escolhida pelo Ministério da Educação (MEC) e outros que fizeram críticas.

A prova de redação tem caráter dissertativo-argumentativo e os estudantes precisam escrever sobre o tema com base em textos de motivação apresentados na hora da prova. Até a publicação desta reportagem, o Inep ainda não tinha divulgado o teor destes textos. Segundo o Inep, "na prova de redação são avaliados aspectos relacionados às competências que devem ter sido desenvolvidas durante os anos de escolaridade. Os participantes devem defender uma tese – uma opinião – a respeito do tema proposto, apoiada em argumentos consistentes, estruturados de forma coerente e coesa, de modo a formar uma unidade textual".

G1

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