'Toda a equipe da Marielle que trabalhava com
ela é uma rede de amigos e de grande solidariedade e amor. É o que tem me
mantido de pé', relata Mônica Benício
Um mês depois, a arquiteta Mônica Benício,
viúva da vereadora Marielle Franco, do PSOL do RJ, assassinada no dia 14 de
março, disse à Agência Brasil que ainda não conseguiu “fazer o luto” da morte
da companheira. Faz um mês que está difícil sair, voltar para casa e ficar no
espaço que foi construído com todo cuidado.
“A casa é um processo muito importante neste
luto porque cada detalhe era pensado com muito carinho para a casa ser o espaço
de acolhimento, para a casa ser o templo, para ser o ritmo diferente do dia a
dia da gente antes de entrar em casa”, contou.
Mônica revelou que aguarda diariamente e a
qualquer momento que Marielle entre em casa. “Como eu ainda não fiz esse luto
da esposa que perdi e sequer consegui entender isso, todos os dias eu ainda
espero por ela chegar. Eu só me dou conta da diferença da morte da vereadora
que a gente vem reivindicando e da Marielle, minha mulher, quando vejo o lado
dela na cama, vazio e quando vou dormir. Esses são os momentos mais difíceis,
mas sair da casa, deixar a casa, é a concretização de ter que entender que ela
não vai mais voltar, né? E isso eu ainda tenho me negado a fazer. Como tenho me
negado ainda a entender o que aconteceu. É um processo que tenho trabalhado na
terapia, mas só entendi a morte da vereadora. Não pude aceitar a morte da minha
mulher.”
O alento vem da presença constante de amigos
que têm evitado que ela fique só. “O fato de voltar em casa e permanecer, eu
não tenho ficado sozinha. Sempre tenho tido o apoio dos amigos. Toda a equipe
da Marielle que trabalhava com ela é uma rede de amigos e de grande
solidariedade e amor. É o que tem me mantido de pé. Então, eu não tenho ficado
sozinha”.
Dor
A viúva disse que vive um sentimento que
mistura dor e indignação pelas circunstâncias dos fatos, mas também de
esperança e de amor. “Embora toda essa tragédia, a Marielle queria terminar o
mandato dela de vereadora e acho que de certa forma toda essa repercussão
mundial vem dando continuidade ao trabalho dela, que era sempre feito com muito
afeto e muito amor. Isso mobiliza e acalenta um pouco o coração, faz com que a
gente tenha esperança que este mundo possa ser ainda um lugar um pouco melhor”.
“Ver as pessoas hoje se reunindo com afeto e
solidariedade, mas também com indignação pedindo por justiça, mostrando afeto e
solidariedade, é muito gratificante. É ver que o trabalho dela, a morte dela
não foi em vão e o trabalho dela está continuando”, afirmou Mônica.
Segundo Mônica, a dor que sente é tão
profunda que não viu o tempo passar: “Eu nem sequer sabia que já faria um mês.
Fui informada disso pelos chamados para as atividades de um mês no Amanhecer
por Anderson e Marielle [manifestações para lembrar as mortes e pedir justiça]
”.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário