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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

RN tem menor avanço da região no trabalho formal

O Rio Grande do Norte fechou o ano de 2011 com o terceiro menor crescimento no número de empregados formais do país e o menor do Nordeste. O estado ficou na frente apenas do Acre e Tocantins, que registraram crescimento inferior a 2% em relação a 2010. O crescimento no RN foi de 3,03%, elevando para 592,4 mil o total de trabalhadores com carteira assinada, de acordo com dados do Registro Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Apesar da alta de 3,03%, o número de empregados no mercado potiguar representa apenas  47,8% da população economicamente ativa ocupada no estado - a maioria dos potiguares economicamente ativos e ocupados ainda vive na informalidade, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O incremento registrado na RAIS, segundo Aldemir Freire, economista e chefe do IBGE no RN, reflete o avanço da formalização. Mas o Rio Grande do Norte, segundo Aldemir, deve fechar o ano de 2012 entre os cinco com menor crescimento no número de contratações no Brasil. A falta de infraestrutura continua limitando o crescimento, justifica. "A geração de emprego no RN crescerá, no máximo, 4% este ano", afirma. O estado, relembra Aldemir, 'sofreu' muito com as demissões na indústria têxtil. 

"As políticas adotadas pelo governo federal, entre elas a desoneração da folha de pagamento do segmento têxtil, ainda não se traduziram em aumento efetivo no emprego", afirma o economista. Segundo a RAIS, a indústria de transformação foi uma das principais responsáveis pelo desempenho abaixo da média no Rio Grande do Norte. "Ainda não sabemos o impacto da desoneração no setor, mas acreditamos que o pior já tenha passado. O segmento já não demite como antes", afirma Sandra Cavalcanti, gerente da unidade de Economia e Estatística da Federação das Indústrias no RN (Fiern). Se o governo continuar neste caminho, a indústria voltará a contratar em 2013, afirma João Lima, presidente do sindicato da Indústria Têxtil no RN. No início do mês, o governo federal anunciou a redução da tarifa de energia elétrica em quase 30% para a indústria e estendeu a desoneração da folha de pagamento para novos segmentos industriais, entre eles o de material de construção.

Os setores de Comércio e Serviços, de acordo com os dados do MTE, registraram altas superiores a 5% e foram responsáveis por 74,1% das contratações formais no estado em 2011. O comércio continuará contratando bem ao longo de 2012, afirma Adelmo Freire, superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal). A entidade divulga hoje o número de vagas temporárias que serão abertas durante o período natalino. Segundo Adelmo, o número será maior que o anunciado no ano passado (cerca de 3,2 mil). "O segundo semestre é sempre mais aquecido", ressalta Adelmo. Além disso, medidas como redução do IPI para móveis e eletrodomésticos, corte das taxas de juros e consequente 'barateamento' do crédito devem levar mais consumidores às compras.

Sandra Cavalcanti, da Fiern, não questiona o papel do setor na geração de empregos formais, mas afirma que o "ideal seria diversificar". A concentração das contratações nos dois setores, segundo Aldemir Freire, é característica de um estado cuja economia está ancorada no consumo. "E isso é delicado", alerta Sandra. Até o início do segundo semestre, o comércio potiguar vinha registrando um crescimento abaixo da média, contrariando as expectativas de entidades como a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN.

Atividade extrativa mineral é a que mais cresce no Estado

Segundo a RAIS, o setor de Extrativismo Mineral foi o que registrou o maior crescimento na geração de empregos formais em 2011 no Rio Grande do Norte. O estoque de trabalhadores empregados no setor saltou de 8.710, em 2010, para 11.578 (+ 32,93%) - um aumento seis vezes maior que o registrado pelo segundo colocado, o comércio (+5,42).

Segundo dados do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), o RN bateu recorde em alvarás de pesquisa publicados em 2011. Foram 657, ao todo. Segundo o orgão, o número de alvarás - licenças para pesquisar minério - subiu 417,3% em menos de uma década no RN, representando um crescimento quase quatro vezes maior que o registrado no país no mesmo período. A suspensão das licenças para pesquisar e extrair minérios metálicos - ferro, ouro, tungstênio, entre outros em todo o Brasil - determinada pelo governo federal em novembro de 2011 pode, no entanto, frear os números de 2012.

A suspensão, que só será revista com o novo código da mineração, em tramitação no Congresso, atrasa a execução de projetos e ameaça investimentos no Brasil e no RN, refletindo-se na geração de emprego e renda, segundo especialistas e empresários. Só a australiana Crusader, que pesquisa minério de ouro no RN desde 2004 e pretende investir R$ 400 milhões na produção em Currais Novos, tem 167 alvarás aguardando a publicação. "Estamos no aguardo da concessão da licença de operação para meados de 2013. Qualquer atraso nessa concessão trará consequências danosas ao empreendimento", disse Robert Smakman, diretor-presidente da Crusader do Brasil, à TRIBUNA DO NORTE no início de setembro.
Andrielle Mendes - repórter

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