Após ouvir o áudio, o entendimento de Temer e
sua equipe é de que o conteúdo da conversa não incrimina o presidente
O presidente Michel Temer ouviu na noite
desta quinta-feira (18), na companhia de assessores, o áudio gravado pelo
empresário Joesley Batista que o implicaria na compra do silêncio do
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro, investigados na
Operação Lava Jato. O áudio da conversa entre Temer e Joesley foi divulgado
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois que o ministro Edson Fachin retirou
parcialmente o sigilo da delação premiada do empresário.
Após ouvir o áudio, o entendimento de Temer e
sua equipe é de que o conteúdo da conversa não incrimina o presidente,
confirmando a nota divulgada pelo Palácio do Planalto na noite de quarta (17) e
o pronunciamento da tarde desta quarta (18).
O áudio tem cerca de 40 minutos. Na conversa,
Temer e Batista conversam sobre o cenário político, os avanços na economia e
também citam a situação de Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba. O
entendimento do governo é que a frase dita por Temer “tem que manter isso,
viu?” diz respeito à manutenção do bom relacionamento entre Cunha e Batista, e
não a um suposto pagamento de mesada pelo silêncio do ex-deputado. Além disso,
Temer minimiza a sua fala no trecho no qual Batista diz que está “segurando
dois juízes” que cuidam de casos em que o empresário é processado.
“O presidente Michel Temer não acreditou na
veracidade das declarações. O empresário estava sendo objeto de inquérito e por
isso parecia contar vantagem. O presidente não poderia crer que um juiz e um
membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados”, disse a assessoria do
Palácio do Planalto, em nota. A expectativa do governo é que o STF investigue e
arquive o inquérito.
Base aliada
Após seu pronunciamento, o presidente recebeu
apoio de partidos, como PP e PRB, além de mensagens por telefone e ligações de
aliados políticos. A avaliação é que a fala do presidente repercutiu bem entre
os parlamentares da base. Contudo, não foi possível evitar baixas, como a saída
do PPS do governo e a de Roberto Freire do Ministério da Cultura.
Um dos principais objetivos do governo agora
é manter a sua base no Congresso Nacional, tranquilizar o mercado e esperar
pela conclusão das investigações no STF com, na expectativa do Planalto, o
arquivamento do processo.
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