Cunha também criticou o pacote de medidas por
depender de outros que não o governo
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), criticou nesta segunda-feira, 14, o conjunto de medidas anunciado
pelo governo para reduzir o déficit em seu orçamento em 2016. Para Cunha, o
governo faz ajuste “na conta dos outros”, já que, segundo suas contas, 75% dos
cortes dependem de outros entes, que não o governo federal. Cunha também disse
acreditar que a aprovação da CPMF pelo Congresso é “improvável”.
“Acho temeroso condicionar o sucesso de um
ajuste fiscal a uma receita que sabemos ser de difícil equacionamento”, disse
Cunha ao comentar a volta da CPMF. “Além de o governo estar com uma base muito
frágil, o tema, por si só, já é polêmico”, afirmou, dizendo-se contra o
regresso do chamado imposto do cheque. “Além disso, o tempo de tramitação de
uma matéria como esta é muito longo”, ponderou.
Cunha também criticou o pacote de medidas por
depender de outros que não o governo. “Setenta e cinco por cento não são
despesas que o governo cortou. O governo está fazendo o ajuste na conta dos
outros. É um pseudo corte de despesas”, disse Cunha. “É como se jogasse a bola
para cá”, afirmou.
O presidente da Câmara criticou ainda o fato
de o governo não ter feito cortes em programas sociais. “Não sei se a sociedade
quer pagar mais imposto para manter os programas sociais, a variedade dos
programas sociais que o governo tem. Uma coisa é o governo fazer os programas
sociais dentro de sua arrecadação e a outra é querer colocar mais carga
tributária para isso”, afirmou.
Ele defendeu um corte maior que os R$ 200
milhões anunciados com a redução de ministérios e previu que o mercado
financeiro pode acordar “nervoso” nesta terça-feira, 15. “Se o mercado, no
primeiro minuto, acalma, amanhã, quando eles lerem os detalhes, talvez o
mercado não se sinta tão calmo. E quando vir que depende de uma deliberação do
Congresso, que não me parece disposto a dar, o mercado pode até ficar nervoso”,
afirmou. “O mercado não pode sentir que não é para valer. É muito melhor dizer
para o mercado o que pode fazer e fazer do que criar uma expectativa que,
amanhã, a volta da expectativa pode ser pior que o fato presente”, afirmou.
Cunha disse ainda que “a situação está se deteriorando muito”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário