A investigação da Justiça dos Estados Unidos
vai além da suposta participação de dirigentes da Federação Internacional de
Futebol (Fifa) e empresários em uma possível fraude na escolha dos países-sede
das duas próximas Copas do Mundo (Rússia e Catar).
Segundo as autoridades norte-americanas,
durante as investigações foram encontrados indícios de práticas ilícitas em
outros países. No Brasil, as suspeitas recaem sobre contratos de patrocínio e
de transmissão da Copa do Brasil assinados pela Confederação Brasileira de
Futebol (CBF).
Conforme um comunicado divulgado hoje (27),
pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, “o outro esquema investigado”
- além do que apura suspeita de irregularidades na escolha de Rússia e Catar
para sediar a Copa do Mundo em 2018 e 2022, respectivamente - está relacionado
ao pedido e recebimento de subornos e propinas por autoridades do futebol e
executivos de marketing esportivo durante as negociações sobre o direito de
transmissão de campeonatos. Entre os eventos citados nominalmente está a Copa
do Brasil, organizada pela CBF. A nota também menciona o "pagamento e
recebimento de subornos e propinas em conexão com o patrocínio da CBF por uma
grande empresa de sportswear dos EUA". Atualmente, a patrocinadora oficial
da CBF é a Nike.
Os nomes de três brasileiros constam da
relação de investigados divulgada pelo Departamento de Justiça dos Estados
Unidos. Além do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, detido esta manhã, em
Zurique, Suíça, são citados o empresário José Hawilla, dono da Traffic Group, e
José Margulies, dono de empresas de transmissão de eventos esportivos.
A reportagem não conseguiu conversar com
nenhum dos representantes da CBF sobre as suspeitas de irregularidades nos
contratos de patrocínio e de transmissão da Copa do Brasil. Em nota divulgada
no final da manhã de hoje, a CBF informou que apoia "integralmente"
as investigações das autoridades policiais dos Estados Unidos e da Suíça.
Durante entrevista coletiva em Nova York,
esta manhã, as autoridades norte-americanas revelaram que o esquema pode ter
movimentado mais de US$ 150 milhões em subornos e propinas. Mais seis
dirigentes da Fifa, além de José Maria Marin, foram detidos hoje, em Zurique.
São eles: o caimanês Jeffrey Webb, o costarriquenho Eduardo Li, o nicaraguense
Julio Rocha, o inglês Costas Takkas, o uruguaio Eugenio Figueredo e o
venezuelano Rafael Esquivel.
A detenções ocorreram em um hotel onde os
dirigentes da Fifa estão reunidos para participar de um congresso da entidade,
durante o qual será escolhido, nesta sexta-feira (29), o próximo presidente.
Atual mandatário, Joseph Blatter busca seu quinto mandato e é apontado como
favorito para vencer a eleição.
Mais cedo, o diretor de comunicação da Fifa,
Walter de Gregório, garantiu que a eleição e as escolhas da Rússia e do Catar
para sediar as duas próximas Copas do Mundo estão mantidas. Gregório
acrescentou que Blatter não é alvo da investigação norte-americana.
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