Cabo
Estevam Barbosa foi morto quando resolveu tentar frustrar um assalto em frente
a um condomínio.
“O
Rio Grande do Norte perdeu um dos melhores e mais dedicados policiais em
atividade”. Foi assim que familiares e amigos classificaram o cabo Estevam
Barbosa, de 45 anos, morto por disparos de arma de fogo na noite da última
segunda-feira (9), quando entrou em confronto com bandidos que tinham acabado
de roubar uma moto em frente a um condomínio onde o PM estava fazendo um
serviço extra, o famoso bico. Ele foi sepultado na manhã desta quarta (11), em
Emaús.
O
taxista Antônio Maia, que conhecia Estevam desde a infância, disse que o PM
sempre foi uma pessoa do bem. “O Estevam sempre procurou ajudar as pessoas da
maneira que podia. Por isso que ele entrou para a Polícia Militar, pois a
primeira missão da PM é proteger os cidadãos. E ele morreu fazendo isso. Ele
foi assassinado quando estava tentando proteger as pessoas que tiveram a moto
roubada”.
O
comandante do policiamento do interior, o coronel Francisco Canindé Freitas,
também lamentou o ocorrido. “O cabo Estevam tinha muitos anos de serviços
prestados exemplarmente para a segurança pública do Rio Grande do Norte. Ele
trabalhou algum tempo como motorista dos oficiais. Uma pessoa totalmente do
bem. A Polícia Militar e o Estado do RN perderam um dos PMs mais competentes em
atividade”.
Para
o coronel, a morte do cabo Estevam só reforça a necessidade de se reverter o
atual momento da segurança do Rio Grande do Norte. “Isso só mostra o aumento da
insegurança do nosso Estado. Precisamos responder a essa violência rapidamente.
Felizmente o novo governador (Robinson Faria), tem feito todo o possível, já
nesse início de ano, para tentar melhorar essa situação. Ele tem se dedicado ao
máximo para conseguir trazer recursos para a segurança pública. Todas as
corporações, PM, Polícia Civil e os outros órgãos que compõem o sistema de
segurança pública do RN, estão de mãos dadas para reverter o quadro atual”.
Já
Antônio Maia resumiu bem o sentimento da população potiguar. “Nós vivemos uma
Guerra Civil há muito tempo. Hoje em dia não podemos sair de casa, pois a
chance de não voltar é muito grande. Infelizmente a população está com medo. Se
nem mesmo um PM escapa dos bandidos, imagine o cidadão indefeso”.
O
cabo Estevan, que trabalhava no 3º Batalhão da PM, estava fazendo um “bico” em
um condomínio na avenida Paulo Afonso, no bairro Monte Castelo, em Parnamirim,
quando dois homens chegaram a pé e tentaram render um motorista que entrava no
local. Porém, eles não conseguiram e então abordaram um casal que estava em uma
motocicleta. Um dos criminosos fugiu no veículo e o outro se escondeu. Foi
então que o cabo Estevam tentou perseguir um dos suspeitos. Nesse momento, o
bandido que estava atrás de um caminhão atirou três vezes contra o PM, que foi
atingido no abdômen e no peito. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu
aos ferimentos e morreu no hospital Deoclécio Marques.
O
homicídio levantou mais uma vez a discussão sobre os trabalhos extras que os
PMs realizam fora do serviço para conseguirem aumentar a renda. Para o coronel
Francisco Freitas, essa prática não é necessária atualmente. “Com o salário que
se paga hoje, o PM consegue manter uma família e sobreviver bem. Porém, as
pessoas em geral sempre buscam algo mais para terem uma renda melhor e esse é o
caso desses policiais que fazem esses serviços extras”.
Um
Policial Militar, que preferiu não se identificar, tem uma opinião totalmente
contrária a do coronel. “Os PMs trabalham muito e ganham muito pouco. Nós
saímos todos os dias para a rua sem saber se iremos voltar para as nossas
famílias. Quando aparece alguma oportunidade de trabalho extra, claro que
iremos querer fazer, principalmente se for fora do governo. Poucos querem
trabalhar durante a folga para ganhar esse valor ridículo que o Estado paga
como diária operacional”. Um soldado em início de carreira ganha, atualmente,
R$ 2,2 mil. O valor pago pelas diárias operacionais é de R$ 50 para cada seis
horas de trabalho extra que os PMs realizam. Segundo informações de uma fonte
do Jornal de Hoje, em média um PM recebe R$ 150 para cada seis horas de
trabalho que ele faz “por fora”.
O
velório do cabo Estevam começou no final da tarde dessa terça e se prolongou
até as 10h desta quarta, no Centro de Velório São José. Logo em seguida,
aconteceu o cortejo fúnebre até o Cemitério Morada da Paz, no bairro de Emaús,
em Parnamirim, onde o policial foi sepultado às 11h.
Investigações
continuam
A
reportagem do JH entrou em contato com a Delegacia de Homicídios (Dehom), para
saber o andamento das investigações sobre o caso. De acordo com a especializada,
as vítimas que tiveram a moto levada pelos assaltantes foram convocadas para
depoimento, já que foram as pessoas que ficaram mais próximas dos criminosos. A
intenção é que elas possam identificar os bandidos.
Nessa
terça, foi preso Jonathas Pereira Martins (21 anos) pela prática do crime de
tráfico de drogas. Ele é um dos suspeitos de terem participado da morte do cabo
Estevam. Porém, nos primeiros depoimentos, o homem negou qualquer tipo de
participação no crime. Na casa dele foram encontradas 29 trouxinhas de maconha
e 18 pedras de crack. As investigações sobre a morte do policial Estevam
Barbosa estão sendo presididas pelo delegado Ronaldo Gomes de Moraes.
JH
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