Da
tribuna do Senado ontem (12), o senador Cássio Cunha Lima do PSDB da Paraíba ressaltou
um detalhe importante no debate sobre eventual impeachment de Dilma Rousseff:
se a presidente for afastada quem assume o comando do país é o PMDB por meio do
vice-presidente Michel Temer.
Coincidência
ou não, o presidente do Senado, Renan Calheiros do PMDB de Alagoas e outros
líderes do partido comentaram esta semana com interlocutores do Planalto que estão
impressionados com o aumento da discussão sobre o impeachment nos Estados.
Segundo eles, o assunto tem ganhado força.
O
PMDB de Renan tem reiterado o apoio a Dilma, mas o partido tem seus interesses
na sucessão da presidente da República. Eu diria mais: a legenda de Renan é
peça fundamental no atual momento de crise política combinada com o ajuste na
economia.
O
PMDB tem o vice-presidente da República e continua presidindo as duas casas do
Congresso Nacional. Só isso dá uma ideia da força do PMDB.
A
banda de Renan diz estar com o Planalto, mas a do Eduardo Cunha é hostil a
Dilma, e tem demonstrado isso em sucessivas votações e arranjos de comissões na
Câmara dos Deputados. O deputado carioca, novo presidente da Câmara, é um dos
políticos mais poderosos de Brasília neste momento.
Se
não for alcançado pelas denúncias do petrolão, algo pouco provável nessa altura
dos depoimentos à Justiça, Eduardo Cunha seguirá com a faca nos dentes para
infernizar a vida da presidente.
Dilma
vai comer na mão de Eduardo Cunha por um motivo muito simples: cabe ao
presidente da Câmara aceitar ou não o pedido de impeachment. Por enquanto, o
presidente da Câmara tem repetido que não vê motivos para abrir processo contra
a presidente. Até quando ele vai manter essa posição?
Olha,
um provável julgamento da presidente Dilma Rousseff, como ocorreu com Fernando
Collor em 1992, se dará por questões políticas. A base do governo está
esfacelada. O ambiente anda nebuloso para Dilma.
O
PMDB pode repetir agora o momento vivido na Nova República. Naquela ocasião, o
presidente José Sarney era refém do PMDB de Ulysses Guimarães. Hoje, Dilma está
refém do PMDB de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros.
Com
a presidente Dilma enfraquecida e com o PT sob forte questionamento ético por
causa do petrolão, o PMDB está dando as cartas no jogo político de Brasília.
Disso ninguém tem dúvida.
O
partido pode optar em controlar o governo do jeito que faz hoje, ou embarcar
num processo de impeachment para afastar Dilma e entregar o poder a um filiado
da legenda, o vice-presidente Michel Temer.
Se
a vaidade prevalecer, Temer pode se colocar como alternativa de poder. Se não
houver ambiente político para o impeachment, o PMDB manterá total controle nas
principais ações do governo da presidente Dilma Rousseff.
Nenhum comentário:
Postar um comentário