Sondagem
de financiamento foi realizada pela Fiern, e preocupa o setor industrial.
A
Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) e a Confederação
Nacional da Indústria (CNI) divulgaram a pesquisa sobre a Sondagem Especial
realizada em julho de 2014. Segundo o levantamento, a necessidade de crédito se
agrava mais em um cenário de dificuldades, o que se traduziu em aumento do
endividamento das empresas potiguares.
Um
dos dados mais alarmantes aponta que 50% das empresas encontram-se no limite ou
acima do limite de endividamento, ou seja, não possuíam espaço para aumento no
endividamento. A pesquisa foi feita com 81 empresas, sendo 53 das indústrias
extrativas e de transformação e 28 da construção.
O
presidente da Fiern, Amaro Sales, considera o resultado da sondagem como
alarmante e é reflexo do cenário dos últimos oito anos do Brasil, fruto do
baixo crescimento do país, da falta de capacidade do Governo Federal em domar a
inflação, fazer investimentos e cortar os gastos públicos.
“O
cenário que vemos hoje é de um parque fabril, muitas vezes, abandonado, com
sucessivos prejuízos e o empresário só tem o financiamento como forma de
continuar em atividade, embora já haja algumas empresas ‘quebrando’, em função
principalmente do endividamento. Empresas que antes davam lucros, hoje amargam
o prejuízo e são cada vez menos competitivas”, afirma Amaro Sales.
De
acordo com a sondagem, a busca por linhas de financiamento proporciona não
apenas a realização de novos investimentos, como também a operacionalização da
empresa em situações de crise. A necessidade de crédito se agrava mais em um
cenário de dificuldades, o que se traduziu em aumento do endividamento das
empresas potiguares, conforme retratada na Sondagem Especial realizada pela
FIERN/CNI em julho de 2014. As taxas de juros pagas pelas empresas por
empréstimos de curto ou de longo prazo também aumentaram.
A
dificuldade de acesso ao crédito – problema que se exacerbou ao longo de 2014,
como se pôde constatar pelos indicadores avaliados trimestralmente na Sondagem
Industrial – resultou em valores menores do que as empresas necessitavam e em
prazos mais curtos dos créditos aprovados. Apesar da crescente procura por
financiamento, as empresas enfrentam dificuldades com as exigências de
documentos e renovação de cadastros. Além disso, as empresas se deparam com a
inexistência de linhas de crédito adequadas às suas necessidades e com as
exigências de garantias reais.
A
principal dificuldade apontada foi a exigência de documentos e a renovação de
cadastros, com 48% de assinalações das empresas que buscaram crédito no segundo
trimestre. Em seguida, aparece a falta de linhas adequadas à necessidade da
empresa, com 46% das citações, percentual maior que o observado em 2012 (40%).
Em terceiro lugar figura as exigências de garantias reais, com 38% das
indicações, mesmo percentual de assinalações observado no levantamento de 2012.
O
levantamento aponta que o capital próprio manteve-se na liderança do ranking
das formas de financiamento das empresas industriais potiguares, embora o
percentual de respostas tenha caído de 69% em 2012 para 66% em 2014. Os
empréstimos e financiamentos bancários continuam na segunda colocação, com 61%
das indicações (contra 59% de 2012). Em terceiro lugar, aparece o crédito de
fornecedores/clientes, com 35% das citações (contra 47% de 2012).
Além
disso, 50% das empresas encontram-se no limite ou acima do limite de
endividamento, ou seja, não possuíam espaço para aumento no endividamento. 29%
das empresas encontravam-se abaixo do limite de endividamento (contra 43% da
pesquisa de 2012). Apenas 9% afirmaram não possuir endividamento no segundo
trimestre de 2014.
Entre
as empresas que solicitaram crédito no segundo trimestre de 2014, a maior parte
delas (57%) informou o que o valor aprovado foi igual ao que necessitavam
(contra 47% do levantamento de 2012). Para 44% das empresas foi menor do que o
necessário, enquanto 9% responderam que foi maior.
Entre
os empresários que solicitaram e tiveram seu crédito aprovado, 59% afirmaram
que o prazo dos empréstimos e financiamentos foi igual ao aplicado em 2013.
Para 27% dos respondentes o prazo foi mais curto e 14% apontaram que o prazo
foi mais longo. Percebe-se uma piora na percepção dos prazos dos créditos
aprovados, em comparação à pesquisa realizada em 2012, quando 14% afirmaram que
os prazos foram mais curtos que no ano anterior.
“Esses
dados nos preocupam, porque é uma situação que tem se repetido ao longo dos
últimos anos e o cenário atual não é nada promissor e otimista. Falta o governo
federal ter um olhar diferenciado para a indústria. O Governo federal precisa
desenvolver a indústria, através do financiamento dos juros, para que a
indústria brasileira volte a crescer”, alerta Amaro Sales. Hoje, explica Amaro,
o juro que se paga para investir é o mesmo para o capital de giro. “Isso é
totalmente desistimulador”.
O
presidente da Fiern conta que já se reuniu com o governador Robinson Faria – a
quem entregou um documento “Mais RN”, que pensa o Estado para os próximos 30
anos – e está esperançoso quanto ao novo governo. “O governador está sensível a
problemática da indústria potiguar, no sentido de atrair novas empresas e,
principalmente, fortalecer as que já existem”.
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