Direção
da unidade hospitalar irá se reunir com médico para iniciar apuração dos fatos.
Um
dos mais reconhecidos obstetras e ginecologistas de Natal, Iaperi Araújo,
decidiu não mais realizar partos depois de um episódio inesperado na sua
história como profissional: uma parturiente o agrediu verbalmente, correu nua
no meio do hospital e depois se trancou para comer a sua própria placenta
dentro de uma sala sob a guarda da família.
De
acordo com o médico, o fato teria acontecido na quarta-feira passada (2).
Segundo ela, a mulher chegou ao hospital já com 30 horas de trabalho em casa de
parto por volta das 20h30. O tempo de espera em casa pode ter ocorrido em
função da tentativa de um parto domiciliar planejado – nova tendência surgida
dentro do escopo de humanização do parto.
Segundo
Araújo, a parturiente não havia feito o pré-natal e estava muito agitada a
ponto de xingá-lo. A família também o agrediu verbalmente. Na hora de realizar
o parto, a grávida exigiu que o marido fizesse o parto, mas o médico afirmou
que não deixou, até porque o homem não tinha habilitação profissional para
tanto.
Porém,
o pai ainda teve a possibilidade de cortar o cordão umbilical quando o bebê
finalmente veio ao mundo por volta das 23h30. Segundo o obstetra, a mulher
teria gritado reivindicando os direitos sobre a placenta. “Coloquei dentro de
um saco e a entreguei”, escreveu em uma postagem na rede social.
A
mãe da parturiente a persuadiu para que a mulher deixasse que outra médica a
examinasse. A paciente consentiu. Mas logo em seguida, segundo o médico, ela
entrou em “surto” no momento em que a neonatologista levou a criança para o
berçário. Conforme Iaperi, a mulher foi em busca da cria, bateu no vidro do
berçário até que o pai da criança arrombou a porta para tirar a criança do
ambiente.
“Ela
correu sangrando nua no meio do hospital com a placenta numa mãe e a criança na
outra”, relatou o médico a nossa equipe de reportagem na manhã desta
terça-feira (8). Ainda segundo ele, ela estava nua neste momento. Depois disso,
a família inteira se trancou numa sala do terceiro andar do hospital. Só saíram
de lá para pedir uma tesoura para cortar a placenta e pedir um pouco de coentro
para temperar o “alimento”.
O
médico afirmou nunca ter visto algo do tipo na sua história como obstetra. Além
do fato inusitado, Araújo ficou transtornado com a forma como foi tratado pelos
familiares e pela paciente. “Ela tem o direito até de morrer se quiser, mas
dentro do hospital ela tem que respeitar o profissional”, declarou.
O
episódio contribui definitivamente para que o médico decidisse encerrar sua
carreira obstétrica. “Foi tão chato para mim que não vou mais fazer
obstetrícia, só ginecologia”, sentenciou. Iaperi Araújo irá entregar um
relatório à direção do hospital na próxima sexta-feira (11). Ele espera que as
câmeras de segurança do estabelecimento corroborem com o seu testemunhou sobre
o caso. Iaperi Araújo não especificou o quadro de saúde da criança e o que
houve na sequência. “Para mim, esse caso morreu”, disse.
Tentamos
entrar em contato com a direção do Hospital Papi, mas não foi possível. No
entanto, O Jornal de Hoje apurou que a diretoria clínica e gerente médica irão
se reunir com Iaperi Araújo na próxima sexta-feira para iniciar a apuração dos
fatos. Não houve notícia no hospital se aconteceu algum prejuízo material ou
para outros pacientes durante a noite da quarta-feira passada.
Placentofagia
O
ato de guardar a placenta para comer depois do parto tem crescido nos Estados
Unidos. Em geral, tem ocorrido entre mulheres de classe média, brancas, casadas
e com formação universitária. Os estudos científicos sobre os benefícios do
consumo dessa membrana que revestem os fetos na barriga das mães não são muito vastos.
A maioria dessas mulheres se baseia numa pesquisa divulgada pela revista
científica “Ecology of Food and Nutrition”. Nos EUA, há até empresas
especializadas em acondicionar placentas. Os estudos apontam para a presença de
ferro, ocitocina e outros hormônios que ajudariam inclusive a reduzir o
sangramento pós-parto.
Jornal de Hoje
Nenhum comentário:
Postar um comentário