Ariano
Suassuna estava internado, desde segunda-feira (21) no Real Hospital Português,
após ter sofrido um acidente vascular cerebral hemorrágico.
Morreu
na tarde desta quarta-feira, 23, Ariano Suassuna, ele tinha 87 anos, e morreu de
parada cardíaca, provocada pela hipertensão intracraniana.
Nascido
em João Pessoa, quando a capital paraibana ainda se chamava Nossa Senhora das
Neves, em 1927, ainda adolescente, Ariano Vilar Suassuna foi morar no Recife,
onde terminou os estudos secundários e deixou seu nome marcado na cultura
literatura brasileira, especialmente no teatro e na literatura.
A
família do Dramaturgo ainda não informou os detalhes do funeral e nem do sepultamento.
Em
1946, na capital pernambucana, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco,
junto com o amigo Hermilo Borba Filho. No ano seguinte, escreveu sua primeira
peça teatral, Uma Mulher Vestida de Sol, seguida de Cantam as Harpas de Sião e
Os Homens de Barro. Em 1955, escreveu sua obra mais popular, Auto da
Compadecida, que conta as aventuras de dois amigos, Chicó e João Grilo, no
Nordeste brasileiro. A peça foi adaptada duas vezes para o cinema, em 1969 e
2000.
Suassuna
continuou criando, escrevendo peças de teatro, romances e poesias. O Santo e a
Porca, Farsa da Boa Preguiça e Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do
Sangue do Vai-e-Volta são algumas das dezenas de obras dele. A maioria delas
foi traduzida para outros idiomas, como francês, alemão, espanhol, inglês e
holandês. Em 1989, passou a ocupar a Cadeira nº 32 da Academia Brasileira de
Letras.
Carismático,
Suassuna esbanjou simpatia por onde passou. Mais recentemente, apresentou sua
“aula-espetáculo” por todo o Brasil, onde ensinou formas de arte para o público
e mostrou a riqueza da cultura do país, contando histórias, “causos” e piadas.
Suassuna mostrou ao povo brasileiro como ele é inventivo, engraçado, esperto e
interessante e provou que não existe nada do lado de lá das fronteiras que
possamos invejar.
Em
uma de suas últimas passagens por Brasília, Suassuna encerrou a aula-espetáculo
valorizando, não sua obra, mas a de outro brasileiro. O escritor citou o
filósofo Matias Aires como exemplo da qualidade nacional, mas também como um
resumo da sua própria trajetória, "e da de todos nós", neste mundo.
“Quem
são os homens mais do que a aparência de teatro? A vaidade e a fortuna governam
a farsa desta vida. Ninguém escolhe o seu papel, cada um recebe o que lhe dão.
Aquele que sai sem fausto, nem cortejo, e que logo no rosto indica que é
sujeito à dor, à aflição, à miséria, esse é o que representa o papel de homem.
A morte, que está de sentinela, em uma das mãos segura o relógio do tempo. Na
outra, a foice fatal. E, com esta, em um só golpe, certeiro e inevitável, dá
fim à tragédia, fecha a cortina e desaparece”, disse, então, Ariano Suassuna.
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