Secretário
de Segurança Pública do RN admite, pela 1ª vez, que já fez tudo que podia
contra o crime.
Se
durante a Copa do Mundo, a população de Natal era unânime em afirmar que a
segurança tinha melhorado, agora, ela mesma clama por alguma medida enérgica que
diminua o índice de criminalidade na capital potiguar no “pós Mundial”.
Assaltos, arrastões, homicídios e várias outras ocorrências são registradas diariamente
em escala crescente.
Ao
admitir o momento complicado em que a cidade vive, o titular da Secretaria
Estadual de Segurança e Defesa Social (Sesed), Eliéser Girão, pede ajuda da
sociedade potiguar para combater a bandidagem.
“Assumi
a pasta há quatro meses. De lá para cá, aumentamos o efetivo, mas não foi o
suficiente; Aumentamos o salário da polícia, mas ainda não foi o suficiente;
Compramos equipamentos, coletes e viaturas, mas ainda assim não está sendo
suficiente. Então, precisamos trabalhar mais a parte social e educacional. As
pessoas precisam entender que, cada um tem que fazer seu papel para conseguir
mudar essa realidade”, destacou Eliéser, que criticou o fato de muitas pessoas
“fecharem os olhos” para os problemas dentro da própria família.
“Não
é o secretário de segurança que vai mudar toda uma realidade. Nós estamos
ouvindo a sociedade para saber o que é preciso para melhorar a segurança. É só
colocar policiais nas ruas ? Se a pessoa pensa que criar um filho é só bater
nele, ou então ameaçar, está errado. Você tem que criar o filho, mostrando que
ele tem que ser uma pessoa do bem, que tem que ter um trabalho para constituir
uma família. Esse é o nosso anseio. Estou frustrado como cidadão brasileiro,
não como secretário de segurança. Uma sociedade que reclama de homicídios, mas
que está comprando drogas para poder usar, ou então deixando algum familiar ser
usuário, está apenas alimentando o sistema”.
Ao
ser questionado sobre o número crescente de arrastões em Natal, o titular da
Sesed também frisou a necessidade dos próprios empresários investirem em
segurança. “Quem tem uma empresa que mexe com dinheiro, que é uma atração para
o crime, tem que tomar cuidado com esse dinheiro, caso contrário esse dinheiro
vira moeda nas mãos dos bandidos”.
Para
tentar diminuir os números da violência, Eliéser disse que tem procurado
reforçar o policiamento nas fronteiras através das Operações Divisa Segura,
realizadas através de parceria entre as Polícias Militar e Civil do RN e estados
vizinhos, como Ceará e Paraíba, para abordagem de veículos em trânsito entre as
unidades federativas. Entre abril e julho deste ano já foram realizadas nove
destas missões.
“Estamos
com estratégia de fazer um plano de segurança nas fronteiras. Temos que tentar
impedir a entrada de drogas e armas. Aqui tem muitos homicídios por arma de
fogo. Um dos motivos é que muita gente ainda anda armada. Mas tem famílias que
sabem que seus integrantes estão andando armados e não fazem nada para impedir.
São essas pessoas que andam armadas que estão agindo contra a lei. Tem gente
matando outra por causa de uma dívida de R$ 10″.
O
secretário também afirmou que tem buscado investir mais na tentativa de fazer
programas contra as drogas dentro das escolas de todo o Rio Grande do Norte e
também nas comunidades. “O Proerd (Programa Educacional de Resistência às
Drogas e à Violência) está aumentando de intensidade nas escolas. Estamos
buscando o apoio da comunidade. Estamos nomeando Conselhos Comunitários. Vamos
nomear o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas. Até o final do mês
estaremos regulamentando o Conselho Estadual de Segurança Pública e Defesa
Social”.
Por
fim, Eliéser Girão lamentou que todo o trabalho feito durante a Copa do Mundo
não tenha surtido o efeito desejado com o fim da competição. “Infelizmente esse
é um fenômeno que está acontecendo em todo o Brasil. No Brasil inteiro a
criminalidade não reduziu. Nós apresentamos esses dados para o Ministério da
Justiça e vamos tentar encontrar soluções para diminuir esses índices”.
“Estou
frustrado como cidadão brasileiro”
O
titular da Secretaria de Segurança também ressaltou que o Rio Grande do Norte
tem apresentado números melhores do que outros Estados do Nordeste no que diz
respeito ao total de homicídios em 2014.
Diferentemente
do que foi divulgado por especialistas em segurança que trabalham diretamente
na contagem desse tipo de crime, Eliéser Girão alega que até o dia 9 de julho,
o RN tinha registrado 903 mortes violentas. Com isso, o Estado apresentaria um índice
de 34,7 homicídios para cada 100 mil habitantes, enquanto que em estados
limítrofes, como Pernambuco (37,1), Paraíba (40,1) e Ceará (44,6), a incidência
de mortes violentas é maior. No Brasil, essa taxa fica em 25,2 para cada 100
mil habitantes. Além disso, mesmo com um aumento nos homicídios em Natal, as
cidades de Fortaleza, com índice de 72,8, e João Pessoa, com 66,9, estão
classificadas entre as 10 cidades mais violentas do mundo, na 7ª e 9ª posições
respectivamente, com Natal aparecendo na 12ª colocação, com taxa de 57,6.
Jornal de Hoje
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