Ela
estudou literatura, faz pós-graduação e traz no corpo tatuagens com frases de
grandes escritores. Escreve críticas literárias, mas sua profissão
principal é outra: “Sou puta”, diz.
O garçom do bar no Baixo Augusta, em São Paulo, estava plantado ao lado dela, atento a cada palavra. Tímido, pediu desculpas ao interromper a conversa quando ela falava de fetiches. Na mesa ao lado, homens sóbrios de terno e gravata olhavam as pernas nuas de Lola Benvenutti. O rabo de cavalo e o short curto exibiam a juventude dos seus 22 anos. As palavras denotavam a experiência.
Garota de programa desde quando cursava letras na Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo, Lola poderia ser a Lolita de Nabokov, uma amante de Bukowski, ou personagem de Almodóvar, ou ainda Diadorim vestida de jagunço em Grande Sertão: Veredas. É uma leitora compulsiva e abriga ao mesmo tempo a delicadeza e o impulso dominador da sadomasoquista. Lola faz questão de revelar sua principal profissão. Puta.
Tatuada na sua pele clara estão seus mestres. “Dizer insistentemente que fazia sol lá fora”, recita Manuel Bandeira nos ombros. No braço, Guimarães Rosa sentencia: “Digo: o real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente no meio da travessia”.
Quais
são os seus autores e livros eróticos favoritos?
Qual
é o livro mais excitante que você já leu?
E
o filme mais excitante que você já viu?
Como
você usa a tecnologia no seu trabalho?
O garçom do bar no Baixo Augusta, em São Paulo, estava plantado ao lado dela, atento a cada palavra. Tímido, pediu desculpas ao interromper a conversa quando ela falava de fetiches. Na mesa ao lado, homens sóbrios de terno e gravata olhavam as pernas nuas de Lola Benvenutti. O rabo de cavalo e o short curto exibiam a juventude dos seus 22 anos. As palavras denotavam a experiência.
Garota de programa desde quando cursava letras na Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo, Lola poderia ser a Lolita de Nabokov, uma amante de Bukowski, ou personagem de Almodóvar, ou ainda Diadorim vestida de jagunço em Grande Sertão: Veredas. É uma leitora compulsiva e abriga ao mesmo tempo a delicadeza e o impulso dominador da sadomasoquista. Lola faz questão de revelar sua principal profissão. Puta.
Tatuada na sua pele clara estão seus mestres. “Dizer insistentemente que fazia sol lá fora”, recita Manuel Bandeira nos ombros. No braço, Guimarães Rosa sentencia: “Digo: o real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente no meio da travessia”.
Lola
também é escritora e ativista. O primeiro livro será lançado este ano sobre a
trajetória, as descobertas e o dia a dia com os clientes. Ela também resenha
livros eróticos para a Companhia das Letras. E tem feito aulas de pós-graduação
e se prepara para o mestrado no qual pretende estudar a prostituição nos mais
variados ambientes, das ruas aos hotéis de luxo. Seu objetivo é ser uma
voz esclarecedora em meio a tanto preconceito.
Um
detalhe importante: já namorou sério enquanto trabalhava (o namorado era
cliente antes). Ela diz que jamais esconderia o trabalho de alguém e não o
largaria por homem nenhum.
Eu
gosto do Henry Miller, da Hilda Hilst… Tem um livro muito bom do John Cleland
chamado Fanny Hill sobre uma órfã de 15 anos que vai para Londres e acaba se
tornando garota de programa. O escândalo desse romance para a época [o livro
foi publicado em 1748] é que ela retrata isso sem culpa. Um livro mais atual é
o Pagando por Sexo, do Chester Brown. É uma história em quadrinho que conta as
experiências do autor com garotas de programa.
Sou
suspeita para falar, mas Lolita, do Vladimir Nabokov, foi o livro que me
inspirou. Acho que por trazer essa coisa do proibido, assim como O Diário
de Lori Lamby, da Hilda Hilst, que trata da menina que está perdendo a
inocência. Eu gosto muito dessa coisa da fantasia, que você não vê em filme
pornô. É um assunto proibido, que envolve a garota que se transforma em mulher.
Dos
mais recentes, eu gostei muito de Ninfomaníaca. Também de Jovem e Bela, que é a
história de uma prostituta francesa. Gosto desses filmes porque retratam
situações que têm a ver com a minha.
A
internet, para mim, foi o meio onde tudo começou. Todos os meus agendamentos
são feitos pelo site, e o YouTube, o Instagram, todas as redes sociais acabam
sendo uma promoção da Lola, o que se reverte em clientes. Eu já aceito cartão,
parcelo em duas vezes – acho que sou a única que faz isso – e tenho pensado em
aceitar bitcoin. Cada vez mais a tecnologia está a meu favor, no sentido de não
ter que ficar na rua ou na boate para conseguir clientes. Eu tenho que perceber
o que a clientela quer e o que o mercado exige.
Revista VIP
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