Investigação
do MPF revela esquema de caixa 2 envolvendo a governadora Rosalba Ciarlini, do
Rio Grande do Norte, única do DEM, e o presidente do partido, Agripino Maia.
Esquema é revelado em reportagem da revista Istoé que chega nesta sexta (20) às bancas; recursos do governo do Rio Grande do Norte saíam dos cofres públicos para empresas que financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em nome de laranjas.
Escutas telefônicas mostram Agripino Maia cobrando a liberação de recursos para um aliado; caso, que chegou à PGR em 2009, foi arquivado pelo então procurador Roberto Gurgel.
Esquema é revelado em reportagem da revista Istoé que chega nesta sexta (20) às bancas; recursos do governo do Rio Grande do Norte saíam dos cofres públicos para empresas que financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em nome de laranjas.
Escutas telefônicas mostram Agripino Maia cobrando a liberação de recursos para um aliado; caso, que chegou à PGR em 2009, foi arquivado pelo então procurador Roberto Gurgel.
A chegada da edição de Natal da
revista Istoé às bancas não traz notícias boas para o DEM, principalmente para
a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, e ao presidente do
partido, Agripino Maia. Ambos estão sendo investigados pelo Ministério Público
Federal por caixa 2 durante a campanha eleitoral de 2006. Em umas das escutas
telefônicas, Maia surge questionando a um interlocutor se a parcela de R$
20 mil – em um total de R$ 60 mil prometidos a determinado aliado – foi
repassada. A sequência das ligações revela que não era uma transição
convencional. Segundo a investigação do MP, contas pessoais de assessores da
campanha eram utilizadas para receber e transferir depósitos não declarados de
doadores. A reportagem da revista Istoé é assinada pelo jornalista Josie
Jeronimo.
A denúncia foi encaminhada à
Procuradoria-Geral da República em 2009, durante a gestão de Roberto Gurgel,
mas só agora, sob a batuta do procurador-geral Rodrigo Janot será investigada.
O caso entra no alvo do MPF num momento complicado para a governadora Rosalba
Ciarlini, que já teve seu mandato suspenso pelo TRE, por uso da estrutura
governamental em 2012 para beneficiar uma aliada que era candidata a prefeita.
Rosalba permanece no cargo por força de uma liminar.
Confira matéria na íntegra:
Caixa 2 democrata
Ministério Público Federal investiga
esquema envolvendo a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, e o
presidente do DEM, Agripino Maia. Escutas telefônicas revelam transações
financeiras ilegais durante campanha
Josie Jeronimo
Pequenino em área territorial, o Rio
Grande do Norte empata em arrecadação tributária com o Maranhão, Estado seis
vezes maior. Mas, apesar da abundância de receitas vindas do turismo e da
indústria, a administração do governo potiguar está em posição de xeque. Sem
dinheiro para pagar nem mesmo os salários do funcionalismo, a governadora
Rosalba Ciarlini (DEM) responde processo de impeachment e permanece no cargo
por força de liminar. Sua situação pode se deteriorar ainda mais nos próximos
dias.
O Ministério Público Federal
desarquivou investigação iniciada no Rio Grande do Norte que envolve a cúpula
do DEM na denúncia de um intrincado esquema de caixa 2. Todo o modus operandi
das transações financeiras à margem da prestação de contas eleitorais foi
registrado em escutas telefônicas feitas durante a campanha de 2006, às quais
ISTOÉ teve acesso. A partir do monitoramento das conversas de Francisco Galbi
Saldanha, contador da legenda, figurões da política nacional como o presidente
do DEM, senador José Agripino, e Rosalba foram flagrados.
A voz inconfundível de José Agripino
surge inconteste em uma das conversas interceptadas. Ele pergunta ao
interlocutor se a parcela de R$ 20 mil – em um total de R$ 60 mil prometidos a
determinado aliado – foi repassada. A sequência das ligações revela que não era
uma transição convencional. Segundo a investigação do MP, contas pessoais de
assessores da campanha eram utilizadas para receber e transferir depósitos não
declarados de doadores. Uma das escutas mostra que até mesmo Galbi reclamava de
ser usado para as transações. Ele se queixa:“Fizeram uma coisa que eu até não
concordei, depositaram na minha conta”.
Galbi continua sendo homem de
confiança do partido no Estado. Ele ocupa cargo de secretário-adjunto da Casa
Civil do governo. Em 2006, o contador foi colocado sob grampo pela Polícia
Civil, pois era suspeito de um crime de homicídio. O faz-tudo nunca foi
processado pela morte de ninguém, mas uma série de interlocutores gravados a
partir de seu telefone detalharam o esquema de caixa 2 de campanha informando
número de contas bancárias de pessoas físicas e relatando formas de emitir
notas frias para justificar gastos eleitorais.
Nas gravações que envolvem Rosalba, o
marido da governadora, Carlos Augusto, liga para Galbi e informa que usará de
outra pessoa para receber doação para a mulher, então candidata ao Senado.
“Esse dinheiro é apenas para passar na conta dele. Quando entrar, aí a gente vê
como é que sai para voltar para Rosalba.” O advogado da governadora, Felipe
Cortez, evita entrar na discussão sobre o conteúdo das escutas e não questiona
a culpa de sua cliente. Ele questiona a legalidade dos grampos. “Os grampos por
si só não provam nada. O caixa 2 não existiu. As conversas tratavam de assuntos
financeiros, não necessariamente de caixa 2”, diz o advogado de Rosalba.
Procurado por ISTOÉ, o senador José
Agripino não nega que a voz gravada seja dele. No entanto, o presidente do DEM
afirma que as conversas não provam crime eleitoral. “O único registro de
conversas do senador José Agripino refere-se à concessão de doação legal do partido
para a campanha de dois deputados estaduais do RN”, argumenta.
No Rio Grande do Norte, José Agripino
é admirado e temido por seu talento em captar recursos eleitorais. Até mesmo os
adversários pensam duas vezes antes de enfrentar o senador com palavras. Mas o
poderio econômico do presidente do DEM também está na mira das investigações
sobre o abastecimento das campanhas do partido. A Polícia Federal apura
denúncia de favorecimento ao governo em contratos milionários com a Empresa
Industrial Técnica (EIT), firma da qual José Agripino foi sócio cotista até
agosto de 2008. Nas eleições de 2010, o senador recebeu R$ 550 mil de doação da
empreiteira. Empresa privada, a EIT é o terceiro maior destino de recursos do
Estado nas mãos de Rosalba. Perde apenas para a folha de pagamento e para
crédito consignado. Só este ano foram R$ 153,7 milhões em empenhos do governo,
das secretarias de Infraestrutura, Estradas e Rodagem e Meio Ambiente. Na crise
de pagamento de fornecedores do governo Rosalba, que atingiu o salário dos
servidores e os gastos com a Saúde, a população foi às ruas questionar o porquê
de o governo afirmar que não tinha dinheiro para as despesas básicas, mas
gastava milhões nas obras do Contorno de Mossoró, empreendimento tocado pela
EIT.
De acordo com a investigação do MPF,
recursos do governo do Estado saíam dos cofres públicos para empresas que
financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos
fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em
nome de laranjas. O esquema de caixa 2 tem, segundo o MP, seu “homem da mala”.
O autor do drible ao fisco é o empresário Edvaldo Fagundes, que a partir do
pequeno estabelecimento “Sucata do Edvaldo” construiu, em duas décadas,
patrimônio bilionário. No rastreamento financeiro da Receita Federal, a PF
identificou fraude de sonegação estimada em R$ 430 milhões.
O empresário é acusado de não pagar
tributos, mas investe pesado na campanha do partido. Nas eleições de 2012,
Edvaldo Fagundes não só vestiu a camisa do partido como pintou um de seus
helicópteros com o número da sigla. A aeronave ficou à disposição da candidata
Cláudia Regina (DEM), pupila do senador José Agripino. Empresas de Edvaldo, que
a Polícia Federal descobriu serem de fachada, doaram oficialmente mais de R$
400 mil à campanha da candidata do DEM. Mas investigação do Ministério Público
apontou que pelo menos outros R$ 2 milhões deixaram as contas de Edvaldo rumo
ao comitê financeiro da legenda por meio de caixa 2.
Fonte: http://www.brasil247.com/+yy04t
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