Adilson de Oliveira Pereira e mais dois réus
desviaram o valor de R$ 146.530,56 que seria destinado à reconstrução de casas
de taipa para a população carente.
O Ministério Público Federal (MPF) na 5ª
Região emitiu parecer em que opina pelo aumento das penas de Adilson de
Oliveira Pereira, ex-prefeito do município de Senador Elói de Souza (RN), João
Maria de Oliveira Lima, ex-secretário de Administração e Finanças do mesmo
município, e Demétrio Constantino de Souza Neto, sócio da Empreiteira
Constantino Ltda., condenados por desvio de recursos públicos pela Justiça
Federal no Rio Grande do Norte, em ação criminal proposta pelo MPF naquele
estado.
Eles foram responsáveis pelo desvio de verbas
públicas repassadas ao município, no ano de 2000, pelo Ministério da Integração
Nacional, no valor de R$ 146.530,56. Os recursos destinavam-se à reconstrução
de 32 casas de taipa para a população carente em área de risco. Os réus
simularam a contratação da Empreiteira Constantino Ltda. para a execução das
obras e sacaram os valores repassados pela União, por meio de cheques nominais
endossados pelo ex-prefeito e seu tesoureiro.
Na primeira instância, Adilson Pereira e João
Maria Lima foram condenados a dois anos e sete meses de reclusão, em regime
inicialmente aberto. Demétrio Constantino foi condenado a um ano, nove meses e
vinte dias, no mesmo regime. No entanto, as penas foram substituídas pela
prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período e o pagamento de quantia
em dinheiro a ser depositada em conta judicial destinada a entidades públicas
ou privadas com finalidade social, no valor de R$ 12 mil para o ex-prefeito; R$
10 mil para o ex-secretário e R$ 3 mil para o empresário.
Os réus recorreram ao Tribunal Regional
Federal da 5ª Região (TRF5), alegando que as penas fixadas em primeira
instância foram exacerbadas. Já o MPF também entrou com recurso, mas para pedir
o aumento das penas aplicadas. O parecer do MPF na 5ª Região reitera o
entendimento do MPF no Rio Grande do Norte. Para o procurador regional da
República Domingos Sávio Amorim, “não é razoável que um agente público na
condição de prefeito pratique o desvio de verbas públicas de vultuosos valores
e seja punido pela ínfima pena de dois anos, sete meses e nove dias, a ser
convertida em pena restritiva de direitos”.
No parecer apresentado ao Tribunal, o
procurador destaca que as circunstâncias e consequências do crime, bem como a
personalidade dos réus, deveriam ter sido consideradas na fixação da pena. Para
o MPF, o crime resultou em um enorme prejuízo ao erário e privou a população do
direito à moradia digna, com condições adequadas de higiene e saúde. Além
disso, os réus demonstraram profunda falta de sensibilidade ético-social, ao
desviar as verbas públicas destinadas à reconstrução de 32 casas de taipa populares,
que seriam substituídas por outras de alvenaria, “o que representa um profundo
escárnio e desprezo à moralidade pública, bem como ao bem comum dos seus
cidadãos”, completou.
N.º do processo: 0009948-92.2009.4.05.8400
Agora RN
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