Alexandre Margotto, ex-sócio do doleiro Lúcio
Bolonha Funaro, cita políticos e empresários em acordo de delação premiada
fechado com o MPF
O empresário Alexandre Margotto, ex-sócio do
doleiro Lúcio Bolonha Funaro, citou vários políticos e empresários no acordo de
delação premiada fechado com o Ministério Público Federal (MPF) e homologado
pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira. Segundo os termos do acordo, ele
se comprometeu a falar de irregularidades envolvendo o ex-presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, preso atualmente em Curitiba; o ex-ministro da Secretaria de
Governo Geddel Vieira Lima; o ex-ministro do Turismo Henrique Alves; e os
irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS e do frigorífico Friboi.
Entre os pontos abordados estão os negócios
ilícitos envolvendo os recursos dos fundos de investimento do Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço (FI-FGTS).
“O colaborador explicará como funcionava o
esquema geral relacionamento à liberação de investimento do FI-FGTS e/ou
carteiras administradas do FGTS, explicando também as ilicitudes envolvendo o
investimento do FI-FGTS no empreendimento Porto Maravilha, que envolve as
empreiteiras Carioca Engenharia, Odebrecht e OAS, bem como os investigados
Eduardo Cunha e Fábio Cleto”, diz trecho do acordo. As obras do Porto
Maravilha, no Rio de Janeiro, já levaram à instauração de uma investigação
contra Cunha.
Margotto também firmou o compromisso de
explicar ilicitudes envolvendo investimento do FI-FGTS nas empresas Eldorado e
Ampla, da holding J&F, bem como a participação de seus donos, Joesley e
Wesley Batista, e do executivo do grupo, Humberto Junqueira de Farias. Ele
também falou de operações envolvendo outra marca da J&F, a Vigor. A marca
mais conhecida sob o guarda-chuva da J&F é a Friboi.
O próprio Cleto já firmou um acordo de
delação premiada no qual expôs irregularidades no FI-FGTS. Ele afirmou que, em
troca de apoio para se manter no conselheo do FI-FGTS, tinha que atender
demandas de Cunha. Segundo Cleto, o ex-deputado receberia propina de empresas
interessadas em financiamento do FI-FGTS.
Margotto também se comprometeu ainda a
prestar informações sobre as operações das empresas Big Frango (adquirida pela
J&F), Discovery Trend, Etros, o fundo Aquitaine, o Grupo Gallway, o Grupo
Moura Dubeux, o Grupo BVA e o fundo de previdência municipal de Macaé
(Macaeprev).
Há ainda uma cláusula do acordo em que o MPF
diz que Margotto deve prestar depoimento sobre outros fatos, independentemente
de ter elementos para acrescentar ou não. Entre os fatos de interesse do
Ministério Público em que o delator pode ter ajudado estão os investimentos do
FGTS na empresa BR Vias (Viarondon), do empresário Henrique Constantino, da
família proprietária da compahia área Gol; e na empresa LLX, de Eike Batista,
atualmente preso no Rio de Janeiro.
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