O Procurador-Geral da República, Rodrigo
Janot, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura do terceiro
inquérito investigativo em desfavor do presidente nacional do DEM, senador José
Agripino Maia (RN), por lavagem de dinheiro e peculato qualificado.
A acusação protocolada no STF pretende
investigar, Victor Neves Wanderley, um dos assessores parlamentar do senador
potiguar. Segundo Janot, Wanderley foi nomeado, em 2009, e, em datas próximas
aos dias de pagamento, realizava saques em espécies e depositava esses valores
na conta de um primo de Agripino, Raimundo Alves Maia Júnior.
Considerado como funcionário fantasma,
Wanderley ainda está registrado no Senado como assessor parlamentar, lotado no
escritório de apoio do senador com um salário mensal de R$ 7.415,57.
Em 2010, ele também atuou no gabinete do senador José Bezerra (DEM-RN).
"Observa-se que, em quase todo o período
em questão, nas mesmas datas de recebimento de vencimentos do Senado Federal,
ou em datas próximas, Victor Neves Wanderley efetuou saques em espécie de
quantias consideráveis, muitas vezes equivalentes à remuneração auferida, o que
aponta no sentido de repasse oculto de pelo menos parte de seu salário a um
terceiro, possivelmente o próprio José Agripino Maia", afirma Janot.
De acordo com informações obtidas por quebra
de sigilo bancário, a procuradoria aponta para valores recebidos por Wanderley
no montante de R$ 158 mil, e o repasse ao primo de Agripino Maia, foi de R$ 127
mil. Ainda segundo o levantamento feito pelos investigadores, outros R$ 67 mil
foram sacados em espécie pelo funcionário fantasma.
Em depoimento à Polícia Federal, Wnaderley
admitiu que, apesar de receber salário do Senado, nunca trabalhou na Casa. Ele
é funcionário em uma farmácia que pertence ao tio dele, que também apresentou
movimentações financeiras suspeitas.
O Senador Agripino Maia nega as acusações e
disse que não há funcionário fantasma em seu gabinete:
"Absolutamente". "Não, não tenho nenhum conhecimento sobre esse
assunto", afirmou o parlamentar.
Janot solicita ao STF para aprofundar as
investigações, ao realizar diligências que reúnam maiores informações sobre os
fatos, até mesmo para balizar a extensão, a amplitude, a profundidade e o
próprio período do afastamento de segredo de dados que o caso requer".
A investigação foi iniciada a partir de um
levantamento feito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
De acordo com o órgão, Victor Neves Wanderley e Adriano Alberto de Souza
Wanderley (seu tio), apresentaram movimentações financeiras que geraram
suspeita de lavagem de dinheiro.
O Procurador-Geral da República solicitou ao
presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, entre outras coisas, a
obtenção dos registros funcionais de Wanderley junto ao Senado, os registros de
voo em nome do funcionário fantasma e o registro de trabalho dele junto à
farmácia do tio.
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