Determinação para a intimação foi assinada
pelo delegado Marlon Oliveira Cajado.
A Polícia Federal expediu mandado para que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja intimado a prestar depoimento na
Operação Zelotes sobre o suposto esquema de compra de medidas provisórias
editadas em seu governo e no da presidente Dilma Rousseff. O mandado 6262 é do
dia três de dezembro e define o comparecimento do ex-presidente na próxima
quinta-feira, dia 17, na sede da Polícia Federal em Brasília. O esquema de
compras da MPs foi revelado pelo “Estado” em série de reportagens.
A determinação para a intimação é assinada
pelo delegado Marlon Oliveira Cajado dos Santos, responsável pelas
investigações da Operação Zelotes, e datada do dia 1º de dezembro. No
documento, o delegado justifica que Lula deverá prestar esclarecimentos sobre
“fatos relacionados ao lobby realizado para a obtenção de benefícios fiscais
para as empresas MMC Automotores, subsidiária da Mitsubishi no Brasil, e o
Grupo CAOA (fabricante de veículos Hyundai e revendedora das marcas Ford,
Hyundai e Subaru), bem como outros eventos relacionados a essas atividades”.
Lula assinou as medidas provisórias 471/2009
e 512/2010 que estão sob suspeita de ter sido compradas por esquema de
corrupção que envolve lobistas e montadoras de veículos que se beneficiaram de
prorrogação de incentivos fiscais definidas por essas normas.
O filho mais novo do ex-presidente, Luís
Claudio Lula da Silva, recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes & Mautoni,
consultoria contratada pelas duas montadoras para fazer o lobby pelas MPs, por
meio de sua empresa, a LFT Marketing Esportivo. Há suspeitas de que o dinheiro
seja pagamento pela edição das normas.
A PF instaurou novo inquérito para aprofundar
as investigações sobre os pagamentos feitos a Luís Claudio após identificar que
o trabalho que diz ter prestado à Mautoni se resumiu a cópia de material produzido
na internet, em especial o site Wikepedia.
O depoimento de Luís Claudio também não foi
considerado convincente pela PF e pelo Ministério Público, para quem ele não
conseguiu explicar a razão de ter recebido o pagamento milionário. Os sócios da
consultoria, Mauro e Cristina Marcondes, estão presos pela PF e a Justiça já
acatou denuncia contra os dois.
O ex-ministro Gilberto Carvalho também é alvo
das investigações sobre a suposta compra de MPs. As investigações se concentram
no período em que ele era chefe de gabinete do ex-presidente Lula. E-mails
indicam relação de proximidade dele com o lobista Mauro Marcondes. Luís Claudio
e Gilberto Carvalho tem negado envolvimento no esquema de compra de MPs, assim
como a MMC. A CAOA não tem se manifestado sobre o assunto.
Até o momento, a Justiça aceitou denúncia do
Ministério Público contra 16 pessoas suspeitas de participar do suposto esquema
de compra de medidas provisórias acusadas pelos crimes de corrupção ativa e
passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e extorsão.
ESTADÃO
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