Governo tem corrido contra o tempo para
tentar fechar um acordo com os geradores sobre o déficit na geração de energia.
A enxurrada de ações judiciais conseguidas
por empresas do setor elétrico e consumidores pode provocar uma inadimplência
recorde na liquidação que será concluída nesta quinta-feira, pela Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), empresa que faz o acerto de contas
das negociações feitas no setor.
Sem o acordo em negociação com a Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o risco hidrológico, que é o déficit
na geração de energia (chamado no setor de GSF) e que tem provocado prejuízos
bilionários para os geradores, muitas empresas continuam sendo protegidas pela
Justiça e não farão o pagamento, que soma 3 bilhões de reais.
Pelas regras do setor, o valor não pago por
alguns agentes tem de ser bancado pelos demais. Calcula-se que a inadimplência
possa beirar 1 bilhão de reais. Segundo representantes de empresas do segmento,
uma inadimplência desse tamanho pode travar o mercado, impossibilitando a
compra e venda de energia.
Por esse motivo, o governo tem corrido contra
o tempo para tentar fechar um acordo com os geradores sobre o GSF. Quem aceitar
as condições estabelecidas abre mão imediatamente das liminares conseguidas. A
expectativa do governo é concluir as negociações até semana que vem. Mas os
representantes do setor ainda têm dúvidas sobre os detalhes da proposta
desenhada pela Aneel.
O acordo está baseado em duas fases. A
primeira envolve o período de 2015 e 2016, em que os geradores assumem o risco
hidrológico do país. Os prejuízos provocados pelo GSF serão transformados em
ativos financeiro dentro do balanço e pagos com o aumento do prazo de
concessão. As empresas poderão usar esses ativos como garantias para empréstimos.
A segunda fase refere-se ao período pós-2017,
em que o risco hidrológico será repassado para o consumidor – ou seja, por meio
de aumento de tarifa. Apesar de algumas incertezas, algumas associações têm
tentando convencer as companhias de que é a melhor saída.
No mercado financeiro, a demora para se
conseguir chegar a um consenso derrubou os papéis das elétricas. Quanto mais o
tempo passa, maior é a preocupação do investidor, que tem ações do setor. Um
analista relata que percebe-se no mercado uma saída de estrangeiros de ações de
elétricas no período recente.
No pregão de quarta-feira, as ações da
Companhia Energética de São Paulo (Cesp) caiu 2,78%; Companhia Energética de
Minas Gerais (Cemig), 2,95%; Companhia Paranaense de Energia (Copel), 3,01%; Eletrobrás
ON, 2,77%; e Energias do Brasil, 1,89%.
Fonte: Veja
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