Uma das frases mais usadas na manhã desta
quinta-feira, 13, em frente ao Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) pelos
acompanhantes de pacientes que estão hospitalizados na unidade era a seguinte:
“Estão tirando os pacientes dos corredores e superlotando as enfermarias”.
Na oportunidade, os servidores do HRTM
realizaram um ato público pedindo melhores condições de trabalho e denunciam a
precariedade pelo que passa um dos maiores hospitais públicos do Rio Grande do
Norte.
Este quadro engessa o Tarcísio Maia, relata o
técnico em enfermagem Aldiclécio Alves Maia. “Esta medida de tirar os pacientes
dos corredores e colocar nas enfermarias, que não tem mais condições de receber
ninguém, devido estarem já superlotadas, engessa os setores do hospital. O
aumento da demanda tem ocasionado esse problema para todos nós, que não temos
condições de trabalho".
Acompanhantes relataram à reportagem do De
Fato.com os caos em que passa o HRTM nesses últimos dias. A moradora do
município de Assu, Etildes Severino de Medeiros, disse que tem um filho
internado no Tarcísio Maia vítima de queda de moto há poucos dias.
Ela
explica que o rapaz de 18 anos precisa de uma cirurgia no fêmur. Porém, segundo
ela, a unidade não oferece o procedimento e espera angustiada pela cirurgia.
“Desde o dia 2 de agosto que estamos até aqui. Ele precisa fazer a cirurgia. Os
servidores estão fazendo o que pode para realizar o atendimento, mas sem
condições nenhuma. Fui informada que essa cirurgia não faz aqui e que eu
precisaria ir para Natal. Estou tentando, mas ainda não consegui”.
Outra acompanhante relatou praticamente o
mesmo caso da moradora de Assu. Tarliane Carla disse que o irmão dela necessita
de uma cirurgia no punho, além de suspeita de um coágulo na cabeça. Ela
ressaltou que os médicos já mandaram marcar o procedimento, mas ainda não
conseguiu. Tarliane ainda disse que seu irmão estava no corredor, mas teve a
sorte de encontrar um leito e ser transferido.
Falta medicamento e sobra macas nos
corredores
O último levantamento apresentado pelos
servidores do Tarcísio Maia na manhã desta quinta informava a falta de
importantes medicamentos para os pacientes do hospital e vários pacientes em
macas e nos corredores da unidade.
Até às 7h desta manhã, estavam em falta os
antibióticos Oxacilina e clindamiacina, o hidrocortisona, que inibe o cansaço,
e o carverdilou, que serve para o coração. Este levantamento ainda apontou que
33 pacientes estão em macas e nove pessoas estão nos corredores do HRTM a
espera de um leito.
Segundo o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores em Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sindisaúde), regional de
Mossoró, João Morais, o quadro da saúde pública no estado, e consequentemente,
em Mossoró é lastimável.
Ao microfone, ele pediu a compreensão da
população com o movimento e a entrada do Ministério Público para tomar ciência
das péssimas condições de trabalho e de atendimento das unidades hospitalares
em todo o Rio Grande do Norte.
“Não podemos deixar essa situação se agravar
mais ainda. Constantemente temos informações de servidores sobrecarregados, da
falta de medicamentos, da total inoperância do Estado para com a saúde pública.
Vemos pessoas jogadas nos corredores dos hospitais, e além do mais, morrendo
por falta de um atendimento digno”.
De Fato
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