O país do carnaval passa por uma das maiores
crises econômicas dos últimos anos e a festa popular mais celebrada pelos
brasileiros pode não acontecer em dezenas de cidades. No Rio Grande do Norte,
apesar da crise, algumas prefeituras já confirmaram que vai ter carnaval e com
investimentos altos para pagamento de shows musicais, como é o caso do
município de Apodi, que deve gastar em torno de R$400 mil, segundo o prefeito
do município, Flaviano Monteiro.
Já em outras, como Macau, que recebe muitos
turistas nesse período do ano para a tradicional brincadeira do “mela-mela”, a
prefeitura cortou gastos com atrações musicais, mas devido aos desfiles dos
blocos organizados pelos foliões, automaticamente a administração municipal
terá que arcar com despesas de estrutura e suporte, como banheiros químicos,
gastos com efetivo extra na segurança pública, trânsito e saúde, pagamento de
água de prédios públicos, entre outros custos.
Outro fator preocupante para as populações é
a questão da escassez de água que afeta muitas cidades do Rio Grande do Norte,
e que pode ser agravada com desperdícios que possivelmente ocorrerão nos dias
de festas carnavalescas. A crise hídrica é uma realidade vivida não só por
moradores de Natal, mas também pelas populações do interior.
Economia dita o ritmo da festa
Macau
Seguindo uma recomendação do Ministério
Público do Rio Grande do Norte (MPRN), diante do problema financeiro instalado
no município, a Prefeitura de Macau não investirá recursos públicos na
contratação de bandas para o carnaval de Macau. No entanto, o prefeito em
exercício, Einstein Barbosa, garantiu que a prefeitura dará todo o apoio
necessário para a realização do evento, entre os dias 6 e 9 de fevereiro.
“A posição da prefeitura é de obedecer a
recomendação do Ministério Público, portanto, nós não vamos fazer investimentos
com bandas, mas nós garantiremos a segurança e apoio necessário aos foliões e
blocos de rua para realização do evento. Esse apoio é necessário para garantir
que Macau continue com um dos maiores carnavais do RN. O carnaval acontecerá de
todo jeito, pois é uma manifestação popular e essa tradição não acabará de
forma alguma”, disse o prefeito interino Einstein Barbosa.
O Carnaval de Macau 2016, através da
iniciativa privada com apoio do poder público, vai manter a tradição do
mela-mela com as bandas Grafith, Inala e Galera do Kuarto, e ainda continuar
com os shows do Arena Carnaval com as atrações Gasparzinho, Farra de Rico,
Ricardo Chaves, Dan Ventura, Rapaziada, Grafith e outras atrações.
A Prefeitura de Macau, por meio da Secretaria
de Turismo, garante que convocará a empresa organizadora do evento na próxima
semana, para conhecer a estrutura do evento e saber do plano de necessidades do
Carnaval. A partir desse plano é que vai quantificar o que é necessário e fazer
o levantamento dos custos.
A prefeitura vai assumir a parte que é de
responsabilidade do município:
- Diárias operacionais do efetivo extra de
policiais militares;
- Alimentação dos guardas municipais e
policiais militares;
- Aumento do quadro de pessoal da saúde para
funcionamento das unidades de pronto atendimento;
- Pagamento da conta de água dos prédios
públicos;
- Efetivo extra para organização do trânsito.
Um ponto que é parte do município, mas que
será discutido junto ao MPRN, é a questão dos banheiros químicos.
Na recomendação do MPRN está incluída a não
contratação dos banheiros, mas a prefeitura entende que é uma estrutura de rua
necessária e de responsabilidade do município, por ser público nos percursos de
rua, quando acontece o “mela-mela”.
Apodi
Em Apodi, a prefeitura afirma que serão
gastos mais de R$ 400 mil para garantir a folia entre os dias 5 e 9 de
fevereiro, no Calçadão da Lagoa. As três atrações principais são: Ricardo
Chaves, Banda Grafith e Saia Rodada, mas também estão confirmados shows com Flávio
e Pizada Quente, Abrakadabra, Aline e Banda, Dayvid Almeida, Nilson Viana,
Danilo Nickson, Forró da Villa e Forró da Mídia.
O prefeito da cidade, Flaviano Monteiro,
afirmou que a festa tradicional do município vai acontecer porque a prefeitura
abriu mão de outros gastos com eventos. “Não investimos em iluminação natalina,
nem com réveillon, exatamente para que pudéssemos realizar a festa mais
esperada pela população de Apodi, que é o carnaval. Serão investidos mais de R$
400 mil reais este ano, provenientes de recursos próprios e parcerias firmadas
com empresas privadas”, disse Monteiro.
Quando questionado pela Tribuna do Norte
sobre a crise financeira que afeta muitos municípios do estado, o prefeito de
Apodi disse que o carnaval gera renda e emprego temporário para muitas pessoas
no município, considerando que a expectativa é receber mais de 200 mil pessoas
nos dias de festa. “Os shows são gratuitos, mas se cada pessoa que vai
participar do carnaval em Apodi gastar
R$50 em consumo de alimentos, bebidas e outros, serão R$10 milhões
circulando na cidade. A população merece a festa”, alegou o prefeito.
Areia Branca
Na região Oeste potiguar, atendendo uma
recomendação do MPRN, a prefeita do município de Areia Branca, Luana Bruno,
confirmou que o carnaval 2016 em Areia Branca não contará com investimentos da
prefeitura. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado com o MPRN foi
firmado em 2015, e impede a realização da festa com recursos públicos, porque o
município continua em situação de emergência por causa da seca.
A cidade de Areia Branca tem cerca de 25 mil
habitantes e durante o carnaval costuma recebe até 50 mil pessoas por dia.
A Tribuna do Norte tentou contato ainda com
as prefeituras de Parnamirim e Tibau do Sul, para saber se há programações de
carnaval para essas cidades, mas até a publicação desta matéria não obteve
retorno. A assessoria de comunicação da Federação do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo do Estado do Rio Grande do Norte (Fecomércio) também foi procurada
ontem para uma declaração sobre os pontos negativos para o comércio e o turismo
diante da situação crise e carnaval, mas a TN foi informada que não havia fonte
disponível para falar sobre o assunto.
Caicó
O tradicional carnaval de Caicó também será
exclusivamente com atrações arcadas pela iniciativa privada. Segundo o prefeito
Roberto Germano, o Executivo vai entrar somente com o apoio na parte logística,
com aumento de pessoas para realizar a limpeza das ruas, banheiros químicos e
alimentação dos policiais. Ao todo, o prefeito afirma que o gasto total da
Prefeitura será de R$ 50 mil, contra R$ 200 mil gastos em anos anteriores. Em
2012, a prefeitura de Caicó chegou a gastar R$1,5 milhão, segundo o prefeito.
“Se não fizermos o Carnaval, Caicó terá uma
seca econômica. É o maior evento de Caicó, superando até a festa de Sant’Anna.
Todos os hotéis ficam lotados, casas são alugadas, além do consumo dos foliões
que vem do RN e de outros estados. O comércio sabe da importância e, assim como
no ano passado, se comprometeu a realizar”, esclareceu.
Em Caicó, a maior parte das festas serão
fechadas, com a cobrança de ingressos para shows de bandas do cenário nacional.
Nas ruas, os blocos Magão e Treme-Treme são os mais tradicionais e, ao
contrário do que ocorreu no ano passado, não receberão auxílio do Poder
Público.
Quanto ao problema da falta de água, a
Prefeitura disse que busca a conscientização dos foliões e moradores para lidar
com a escassez. Em 2015, segundo Roberto Germano, o consumo chegou a ser menor
durante a folia.
“Comparando com uma semana antes, houve até
um consumo menor”.
Parnamirim
A programação da "Folia de Momo"
deste ano não está definida em Parnamirim. O investimento ainda será discutido
pela Prefeitura, de acordo com a assessoria de imprensa do órgão.
Tradicionalmente, o carnaval leva milhares de pessoas à praia de Pirangi, principal
polo do festejo no município. Em 2015, foram montados três palcos na
localidade, com atrações musicais.
Natal
Na próxima terça-feira, a Prefeitura do Natal
vai anunciar oficialmente a programação do Carnaval Multicultural 2016. A festa
ocorrerá em seis polos distribuídos em várias regiões da cidade. Dentro dessa
agenda de organização, o prefeito Carlos Eduardo já confirmou a participação de
pelo menos quatro artistas nacionais: Monobloco; a dupla formada pelo cantor
Moraes Moreira e pelo filho, o instrumentista Davi Moraes; Alceu Valença e
Margareth Menezes. Os polos também contarão com artistas locais e bandas de
frevo.
Tribuna do Norte
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