O Ministério Público recomendou nesta
quarta-feira (4) que o prefeito da cidade de Guanambi, no sudoeste da Bahia,
Jairo Magalhães (PSB), que baixou um decreto em que entrega as chaves da cidade
a Deus, revogue imediantamene o decreto. O MP ainda sugeriu que ele não faça
referências a opções ou orientações religiosas na edição de atos normativos de
qualquer espécie.
Por conta do decreto, o procurador Rômulo
Moreira fez uma representação em que solicitou à procuradora geral, Edine
Lousado, que entre com uma ação contra o prefeito Jairo Magalhães. A
Procuradoria Geral de Justiça vai avaliar a representação do procurador e, caso
seja aceita, haverá uma ação direta de inconstitucionalidade no Tribunal de
Justiça do Estado (TJ-BA) para anular o decreto.
O prefeito Jairo Magalhães disse ter sido mal
interpretado e negou que tenha discriminado alguma religião com a ação. Ele
falou com a imprensa nesta quarta-feira, após a polêmica causada pela
assinatura e divulgação do documento que dividiu opiniões no município.
Jairo, que é evangélico, disse que a intenção
não foi promover debates religiosos e diz respeitar o estado laico. “Eu não
tive interesse nenhum de gerar nenhuma polêmica religiosa. Estamos num decreto
na questão da palavra e ninguém foi prejudicado”, declarou o gestor, em
entrevista à TV Sudoeste, afiliada da TV Bahia.
“Reconheço a laicidade do estado. E
aprofundar nas questões doutrinárias não é o nosso objetivo. Não houve nenhuma
discriminação, porque não foi citada nenhuma religião”, completou.
O decreto foi publicado pelo prefeito na
segunda-feira (2), primeiro dia útil do ano. No documento, o gestor do
município declarou também que a cidade pertence a Deus. Ele assumiu o cargo no
domingo (1º), e esse foi o primeiro ato de Jairo à frente da prefeitura.
No documento, intitulado como “Entrega da chave
da cidade ao Senhor Jesus Cristo”, o prefeito ainda declara que “todos os
principados, potestades, governadores deste mundo tenebroso, e as forças
espirituais do mal, nesta cidade, estarão sujeitas ao senhor Jesus Cristo de
Nazaré”, e “cancela todos os pactos realizados com qualquer outro deus ou
entidades espirituais”. Ele conclui o decreto com afirmação de que a palavra
dele é irrevogável.
“Isso é no campo da palavra, é no campo da
vontade, do desejo de não querer que nada atrapalhe o nosso trabalho, o
desenvolvimento da nossa cidade”, explicou o prefeito na entrevista.
O prefeito de Guanambi é empresário e foi
eleito com pouco mais de 50% dos votos em primeiro turno. Jair também já foi
vereador, presidente da Câmara de Vereadores e vice-prefeito de Guanambi.
Por meio de nota, ele informou que a
publicação “não teve a intenção de ferir a laicidade e que foi inspirada no
preâmbulo do texto constitucional, que invoca o nome de Deus. Jairo Magalhães
afirmou ainda que tenha harmonia e respeito com todos que professam, ou não, os
mais variados credos.
Na nota, o prefeito também pede desculpas
pelo decreto e disse que não teve a intenção de ofender nenhum cidadão ou
religião. O gestor de Guanambi conclui o esclarecimento com a afirmação de que
a obrigação dele é de “governar para todos, primando pelo diálogo
inter-religioso, sem distinção de qualquer natureza”.
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