Objetivo do movimento é chamar atenção do Poder Público e
da sociedade civil para a “privatização” do Aquífero Jandaíra, na chapada do Apodi.
Nesta quarta-feira (27), entidades e
movimentos sociais com atuação no Rio Grande do Norte e Ceará organizam um ato
público, em Apodi, com o objetivo de chamar atenção do Poder Público e da
sociedade para a “privatização” do Aquífero Jandaíra, considerado a segunda
maior reserva de água subterrânea dos dois estados. A abertura irregular e
desenfreada de poços por empresas fruticultoras na Chapada do Apodi,
especialmente do lado do Ceará, tem provocado a contaminação das águas
subterrâneas por agrotóxicos e a escassez de água nas pequenas propriedades
rurais voltadas à agricultura familiar. A concentração do ato acontece a partir
das 7h30, em frente ao Posto de Bebel, na entrada do município potiguar.
Segundo o coordenador da ONG Diaconia,
Leonardo Freitas, “os problemas de recarga do Aquífero iniciaram entre 2010 e
2011, mas, mesmo ciente desse cenário, as companhias responsáveis pela gestão
dos recursos hídricos não tomaram nenhuma atitude para suspender ou reavaliar
as outorgas de uso da água já concedidas. A partir daí, poços de pequenos
agricultores começaram a secar, provocando a perda da produção. Muitos já deixaram
as suas terras, estão sendo expulsos ou sofrem pressão para vendê-las por
valores irrisórios”, denuncia.
A situação é ainda mais preocupante com o
avanço do Perímetro Irrigado da Chapada do Apodi, denominado de o “Projeto da
Morte”, que estabeleceu desapropriação de 13.855 hectares para implantação de
um programa de fruticultura irrigada, contralado por empresas do Agronegócio, o
que demandará uso intensivo de agrotóxico, incluindo com pulverização área, e
alto consumo de água. A implantação do Perímetro deve forçar o deslocamento de
cerca de seis mil agricultores que vivem em 30 comunidades locais há mais de 50
anos.
Além de desarticular a experiência
agroecológica e de agricultura familiar no Território, o projeto do Perímetro,
segundo o coordenador, é “hidricamente inviável”, já que este tipo de projeto
expropria e esgota as condições do ambiente e comprometerá o Aquífero. “A
experiência pelo Brasil demonstra que projetos de monocultivo têm vida útil
entre cinco anos e dez anos. No caso do Perímetro, representa o mal uso de R$
280 mil dos cofres públicos, valor orçado até o momento”, complementa.
Comitê - Desde maio, diversas entidades e
movimentos sociais atuantes na região, dentre elas a Diaconia, somam forças no
“Comitê Popular Interestadual das Águas do RN e CE”, um fórum popular de
resistência frente às violações dos recursos naturais, sobretudo do Aquífero
Jandaíra. “A água é um bem comum, mas as empresas do agronegócio estão
privatizando esse direito fundamental à vida, penalizando os pequenos
agricultores e camponeses. Nossa luta é pela vida e por direitos. Não aceitamos
nenhum poço a mais”, afirma Freitas.
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