O G1 está publicando
nesta semana uma série de reportagens sobre a mais severa estiagem da história
do semiárido potiguar e as consequências da chamada 'seca verde'.
O quinto ano seguido
de poucas chuvas no Rio Grande do Norte – já considerada a estiagem prolongada
mais severa da história do estado – não deixa alternativa para o sertanejo: ou
abandona a terra ou aprende a conviver com a seca. No estado, a Emater (Instituto
de Assistência Técnica e Extensão Rural) vem desenvolvendo projetos que estão
ajudando o pequeno agricultor a suportar os efeitos da escassez de água. A
construção de barragens subterrâneas e o trabalho de recuperação de solos
degradados são exemplos.
Entre os dias 3 e 6
deste mês, o G1 foi a onze cidades do interior potiguar para a ver de perto
como o sertanejo, animais e também a vegetação do semiárido vêm resistindo à
falta d'água. Em Umarizal e Jardim do Seridó, onde a seca também é braba, os
projetos da Emater estão fazendo a diferença.
Umarizal-RN
Conhecido como Chico
de Raulino, foi o agricultor quem explicou como funciona este tipo de barragem.
"Cavamos uma vala na parte mais baixa do terreno, colocamos uma lona
plástica dentro e a prendemos nas pedras que estão no fundo do solo. Quando a
chuva cair, a água vai infiltrar na terra, mas não vai escoar pelo fundo por
causa das rochas e também não vai escapar pelos lados porque a lona vai
segurar. Assim, temos um barramento subterrâneo que segura a água como uma
piscina embaixo da terra", disse.
Francisco tem uma
pequena propriedade no chamado Sítio Acauã, comunidade rural do município de
Umarizal, na região Oeste do estado. A barragem subterrânea foi construída em
2012. "Só é possível fazer a barragem em período de seca mesmo. Agora, é
esperar pelas chuvas para que eu possa plantar. E quando isso acontecer, terei
água armazenada embaixo da terra, assegurando a fertilidade do solo mesmo
durante um longo período de estiagem", ressaltou.
Enquanto a chuva não
vem, o agricultor mantém o sustento da família plantando mamão, acerola,
banana, romã, pinha, maracujá e algumas hortaliças. E a água? "Vem de um
poço que eu também escavei em 2012. A vazão é pequena, de 2 mil litros por
hora, mas é o bastante para o sistema de irrigação por gotejamento. Tudo o que
é plantado aqui é para consumo próprio. Só vendo o mamão porque a produção é
maior. Só vou produzir mais frutas para comercializar quando a barragem
subterrânea estiver com água. E quando chover, mesmo que seja pouca água, ela
não vai se desperdiçar tão facilmente", acrescentou.
G1 RN
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