Até
agora, houve pente fino em 67% dos 24 milhões de eleitores que fizeram o
cadastramento biométrico.
O
Tribunal Superior Eleitoral encontrou 2.529 pessoas envolvidas em casos de duplicidade
ou multiplicidade de impressões digitais no banco de dados dos eleitores
cadastrados com biometria. Deste total, o TSE detectou que 62 pessoas tentaram
tirar muitos títulos eleitorais, como em Goiás onde um único eleitor tirou 32
títulos, ou seja, poderia votar 32 vezes.
Como
há indício de tentativa de fraudar o sistema, estes 62 eleitores, que tentaram
tirar, no total, 354 títulos, não poderão votar nas eleições do próximo
domingo. No caso dos demais, o tribunal informa que pode ter havido erro humano
apenas um dos títulos, o último, foi cancelado.
Até
agora, já foi passado o pente fino em 67% dos 24 milhões de eleitores que
fizeram o cadastramento biométrico. O corregedor-geral do TSE, ministro João
Otávio Noronha, afirmou que até o próximo domingo o tribunal deverá checar 68%
dos dados, mas sustentou que o percentual de problemas é mínimo e não
influenciará o resultado das eleições. No caso dos eleitores com dois títulos,
o último registrado foi cancelado e eles poderão votar.
“No
total de 16.300 milhões de eleitores ( já checados) é ínfimo, 0,011% não é um
número significativo. E está distribuído por todo o país. Não tem o condão de
influenciar nas eleições nem de deputado estadual, nem federal, muito menos no
quadro majoritário de senador e presidente”, afirmou Noronha.
O
ministro admitiu que não há o que fazer se entre os cadastros ainda não
checados houver duplicidade de títulos ou mesmo multiplicidade de títulos.
Segundo ele, o voto será computado no primeiro turno, mas por ser apenas o
restante dos cadastrados, também não terá poder de influenciar na eleição. O
ministro alertou, no entanto, que se a pessoa votar mais de uma vez será já
enquadrada em crime eleitoral.
“O
fato de ter votado não vai livrar ninguém de investigação e aí o crime estará
cometido”, disse Noronha.
O
estado de Goiás tem mais casos de multiplicidade de registros de títulos
eleitorais por meio biométrico, mas foram detectados casos também em São Paulo,
no Distrito Federal, entre outros. A pessoa se registrou em mais de um cartório
eleitoral. Não foi detectado pelo TSE nenhum caso, até agora, de multiplicidade
de títulos no Rio de Janeiro. Segundo Noronha, o tribunal faz uma primeira
identificação e constatada a multiplicidade, e se há indícios de fraude, o caso
é enviado à Polícia Federal.
Nos
casos de duplicidade, segundo o ministro, há situações de falha humana, em que
o operador do sistema clicou uma mesma tecla duas vezes por engano, gerando a
duplicidade do título. Nesses casos, o mais recente foi cancelado. Nas
situações de má-fé, todos os registros foram anulados e a pessoa ficará
impedida de votar no dia 5. A corregedoria do TSE investigará as fraudes
cometidas pelos eleitores, com a ajuda da Polícia Federal.
A
verificação está sendo feita desde setembro, por um sistema comprado pelo TSE
recentemente, depois que o Ministério da Justiça avisou o TSE que não teria
como fazer a verificação. Ele cruza as digitais e detecta as duplicidades. Na
época em que a Justiça Eleitoral estava fazendo o cadastramento biométrico, o
sistema ainda não tinha sido comprado. Por isso, era possível registrar mais de
um título em cartórios diferentes. Nas próximas fases do cadastramento
biométrico, isso não será mais possível, porque o sistema vai detectar a fraude
no momento da solicitação do título.
Para
o vice-presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, as duplicidades encontradas
não comprometem a credibilidade das eleições.
“Muito
pelo contrário, mostra que a Justiça Eleitoral está atenta e vai investigar os
casos irregulares”, afirmou.
As
duplicidades de registro foram mais frequentes em Goiás, seguido por Amazonas e
Alagoas. Segundo o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio
de Noronha, os problemas foram registrados em menos 1% do eleitorado, de forma
pulverizada por todo o país. Portanto, não teria o potencial de alterar o
resultado das eleições. O total de eleitores brasileiros é 142 milhões.
O
recadastramento biométrico dos eleitores começou em 2008. Naquela época, o TSE
fez o convênio com a Polícia Federal, que realizava a verificação das digitais
com o aparelho deles. No entanto, o órgão se recusou a continuar realizando o
serviço, por falta de disponibilidade.
Desde
então, o TSE vem adiando a compra do sistema próprio, devido ao custo elevado,
e acumulando as digitais para serem verificadas. Foi na gestão passada, do
ministro Marco Aurélio Mello, que a compra começou a ser planejada. O sistema
foi adquirido finalmente na gestão do ministro Dias Toffoli. O tribunal R$ 82
milhões com a contratação de uma empresa especializada e a compra do software e
equipamentos.
Fonte:
O Globo
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