Sem utilizar espaço de rádio e TV e sem ajuda
de grandes estruturas partidárias, o policial militar contabilizou 745 mil
votos gastando apenas R$ 36 mil durante toda a campanha
Eleito ao Senado com 745.827 votos, o que
representa 25,63% dos eleitores potiguares, o capitão Styvenson Valentim (REDE)
representou a maior surpresa das eleições deste ano no Rio Grande do Norte. Sem
utilizar espaço de rádio e TV, sem ajuda de grandes estruturas partidárias e
tendo ao seu lado apenas as redes sociais, o policial militar destronou figuras
histórias do cenário político gastando apenas R$ 36 mil durante toda a
campanha.
Para o segundo turno das eleições à
Presidência e ao Governo do Estado, Styvenson Valentim declarou neutralidade.
“Não vou influenciar o pensamento de ninguém. Não vou interferir na decisão de
ninguém”, define.
O valor gasto por Styvenson representa cerca
de 1,8% do custo da campanha para a malfadada tentativa de reeleição do senador
Garibaldi Alves Filho (MDB), que contabilizou mais de R$ 1,9 milhão em despesas
eleitorais. “As principais despesas foram com a impressão de santinhos e
folhetos. O grande desafio foi levar meu número para os locais que me
conheciam, mas que não tinham acesso à campanha”, lembra Styvenson, durante
entrevista para a rádio 98 FM.
Segundo capitão da Polícia Militar, que
ganhou notoriedade pelo período em que liderou as ações de fiscalização do
trânsito na Operação Lei Seca no Rio Grande do Norte, o ingresso na vida
pública remonta o ano de 2016. À época, Styvenson recebeu o convite para ser o
candidato do PSD à Prefeitura de Natal. O pedido partiu do governador do
Estado, Robinson Faria, mas foi recusado prontamente.
“Passou o tempo, alguns memes surgiram sobre
a minha candidatura, mas nunca dei importância para isso. Mas as pessoas
passaram a me abordavam nas ruas. Um dia fiz um vídeo sugerindo que meu nome
estivesse nas pesquisas eleitorais, e me surpreendi com o resultado: estava em
segundo lugar. Depois disso, eu pedi autorização da minha mãe para entrar na
política, e ela disse não. Algumas semanas depois, ela disse que pensou, orou e
permitiu que eu participasse”, lembra.
A escolha da legenda da Rede foi motivada
pela possibilidade de ter o benefício para seguir a campanha de forma
independente das diretrizes partidárias. A ideia era ter apenas a sigla, uma
obrigação da legislação eleitoral, mas passar o período eleitoral sem ter a
imagem atrelada aos demais candidatos do partido. “Me permitiriam a ter uma
candidatura avulsa, que era o queria: ser independente. Queria a liberdade para
agir da minha forma”, lembra.
Ainda no início da campanha eleitora,
Styvenson recebeu “conselhos” de políticos mais experientes. “Um deles me disse
que o ‘Senado é muito pesado’, que eu precisaria de muito dinheiro, de uma
estrutura muito grande, e que os partidos não me dariam espaço”, comenta.
O trabalho em torno da candidatura foi feito
com o próprio dinheiro. Mais de 90% das receitas de campanha foram oriundas de
doações feitas por ele, Styvenson Valetim, sendo que mais de 45% dos recursos
carrearam para o pagamento de serviços de impressão. “Eu andei mais de 10 mil
quilômetros por todo o Rio Grande do Norte. Visitei 90 cidades. As pessoas se
voluntariavam a distribuir o material da minha campanha. Eu também ia até algumas
cidades e fazia campanha nas praças. Além disso, gravava vídeos e os distribuía
em aplicativos de mensagens dos moradores da região visitada”, diz.
No Senado Federal, ele promete seguir com a
‘postura retilínea’ que mantém desde os tempos de fiscalização do trânsito. “O
reconhecimento é melhor salário do profissional. Vou me manter meu
posicionamento de independência e de liberdade”, finaliza.
agorarn.com.br
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