O
ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi preso pela
Polícia Federal, Nesta quarta-feira, ao desembarcar no
Aeroporto Internacional Tom Jobim, vindo de Londres. Cerveró deverá ser
encaminhado nesta quarta-feira para a sede da PF em Curitiba, onde estão presos
os outros investigados na Operação Lava Jato.
Em
nota divulgada nesta madrugada, o Ministério Público Federal (MPF) informou que
foi cumprido um mandado de prisão preventiva, já que "há indícios de que o
ex-diretor da Petrobras continua a praticar crimes e se ocultará da Justiça".
A
nota do MPF relata que nesta terça-feira foram cumpridos mandados de busca e
apreensão na casa de Cerveró e de parentes, "em função de seu envolvimento
em novos fatos ilícitos relacionados os crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro que foram denunciados recentemente".
O
MPF assegura ter obtido informações do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (COAF) de que logo após o recebimento da denúncia e durante o
recesso do Judiciário, o ex-diretor tentou transferir para sua filha R$ 500 mil
- mesmo considerando que com tal operação haveria uma perda de mais de 20% da
aplicação financeira. O ex-diretor, ainda segundo o MPF, também teria
transferido recentemente três apartamentos adquiridos com recursos de origem
duvidosa, em valores menores do que eles valeriam, de R$ 7 milhões por R$ 560
mil.
O
MPF encerra a nota justificando que "a custódia cautelar é necessária,
também, para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos
crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em
circunstâncias e provas concretas do caso".
O
advogado de defesa de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse em entrevista à
GloboNews 'estranhar' a decisão da Justiça de prender seu cliente, já que, segundo
ele, Cerveró havia combinado com o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro
que prestaria depoimento na quinta-feira e seria citado na sexta-feira.
De
acordo com o advogado, Cerveró havia informado ao MPF-RJ e à Justiça Federal
que faria uma viagem para Londres.
Nestor
Cerveró se tornou réu no processo da Operação Lava Jato em dezembro, quando foi
denunciado pelo Ministério Público Federal do Paraná (MPF) por lavagem de
dinheiro e corrupção ativa. Além dele, foram denunciados Fernando Antonio Falcão
Soares, conhecido por Fernando Baiano, o doleiro Alberto Youssef e o empresário
Julio Gerin de Almeida Carmargo, da Setal Engenharia.
Cerveró
é suspeito de participar de um grande esquema de corrupção na Petrobras,
desviando recursos de contratos da área Internacional para abastecer políticos
do PMDB, que o indicaram para o cargo. O operador do esquema na área seria
Fernando Baiano e o doleiro Youssef, que lavavam até 3% de todos os contratos
do setor, repassando o dinheiro para campanhas políticas do PMDB.
Segundo
o Ministério Público Federal, Cerveró recebeu R$ 40 milhões de propina, em dois
contratos para construção de navios sonda, usados em perfurações em águas
profundas. O pagamento foi relatado pelo executivo Julio Camargo, da Toyo
Setal, que fez acordo de colaboração com a Justiça.
O
ex-diretor da abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também citou
Cerveró, no acordo de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal do
Paraná, em outubro, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra
da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Segundo
o Tribunal de Contas da União, o negócio gerou prejuízos de US$ 792 milhões.
Durante uma acareação com o ex-diretor de abastecimento, na CPI mista, em
dezembro, Cerveró negou as acusações.
Agência O Globo
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