Governador
eleito teve 140 mil votos a mais que o derrotado e gastou menos da metade
Candidato
derrotado ao Governo do RN, Henrique Eduardo Alves do PMDB foi o que mais
arrecadou na disputa eleitoral. Foram mais de R$ 26,1 milhões para conseguir
734,8 mil votos. O governador eleito, Robinson Faria do PSD, arrecadou menos da
metade desse valor. Foram R$ 12,9 milhões e, mesmo assim, conseguiu 877,2 mil
votos. Dessa forma, é possível constatar que os votos do pessedista custaram
menos da metade dos que o do peemedebista.
Afinal,
se for dividido o valor arrecadado (com base na prestação de contas final
divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral nesta semana) pelos votos
conquistados, pode-se dizer que Robinson “gastou” R$ 14,79 por voto conquistado
no segundo e decisivo turno da eleição 2014. Henrique Eduardo Alves, por sua
vez, teve que pagar bem mais por cada voto: R$ 36,44.
E
é importante ressaltar que boa parte dessas doações recebidas por Henrique, que
permitiram que a campanha dele fosse a mais cara do Rio Grande do Norte, partiu
de empresas investigadas no escândalo da Petrobras. A construtora Odebrecht SA,
por exemplo, foi responsável por financiar R$ 5,5 milhões dos gastos do
peemedebista na campanha, conforme mostrou com exclusividade O Jornal de Hoje
no final de semana.
O
peemedebista recebeu recursos também da OAS, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia
e Andrade Gutierrez. Desses, destaque para a OAS, que doou R$ 650 mil para
Henrique, e a Queiroz Galvão, que financiou outros R$ 2 milhões para o
peemedebista. No caso de Robinson Faria, “apenas” R$ 200 mil partiram de
empresas envolvidas no esquema. Foram doados pela Galvão Engenharia, que doou o
mesmo valor para Henrique Eduardo Alves.
RECEITA/DESPESA
Segundo
o Tribunal Superior Eleitoral, em prestação de contas disponível no seu sítio
virtual, Robinson Faria arrecadou R$ 11,8 milhões e gastou 12,9 milhões, o que
deu para ele uma diferença de R$ 1,1 milhão na relação receita/despesa. E, ao
que parece, esse é um ponto a se comemorar. Afinal, até metade da campanha,
Robinson Faria era um dos candidatos mais endividados do Brasil.
Em
setembro, quando foi divulgada a segunda parcial da arrecadação e gastos
eleitorais, a campanha de Robinson amargava uma grave crise. Primeiro pelo fato
das pesquisas de intenção de voto apontarem um grande distanciamento entre ele
e Henrique. Segundo porque o governador eleito havia gasto R$ 7,7 milhões, mas
só havia arrecadado R$ 1,6 milhão. Ou seja: havia um déficit de mais de R$ 6
milhões.
Por
outro lado, a campanha de Henrique Alves, que apresentava bastante “saúde
financeira” durante a disputa, acabou encerrando o pleito com um montante
também alto de dívidas. Arrecadou R$ 23,1 milhões, mas gastou R$ 26,1 milhões,
o que fez o peemedebista terminar a eleição com uma dívida oficial de R$ 3
milhões.
Dilma,
Kassab e Friboi financiaram Robinson
Diferente
de Henrique Eduardo Alves, que conseguiu várias doações de grandes empresas do
RN, como as envolvidas no escândalo da Petrobras e outras como a Telemont (R$ 2
milhões) e a JBS (R$ 2,75 milhões), a campanha de Robinson Faria foi
financiada, em grande parte, por duas principais fontes: a mesma JBS de
Henrique e o PSD. Os dois viabilizaram quase todo o valor que o governador eleito
teve para gastar durante a campanha.
Só
a JBS, que é a marca dona da Friboi, foi responsável por pagar R$ 7,7 milhões,
ou seja, mais da metade do valor arrecadado por Robinson – que foi R$ 11,8
milhões. A Friboi pagou R$ 3,3 milhões diretamente para a campanha do
governador e mais R$ 4,4 milhões doando ao Diretório Estadual do PSD que,
depois, repassou a Robinson.
A
Friboi, vale lembrar, foi uma das maiores doadoras de campanha do Brasil e
ajudou a financiar, inclusive, a campanha da presidente da República reeleita,
Dilma Rousseff, do PT. O envio da ajuda financeira, por sinal, fez ganhar força
o boato de que o filho do ex-presidente Lula, do PT, seria um dos donos da
empresa.
Fábio
Luis Lula da Silva (o Lulinha) seria um sócio majoritário da empresa. A
polêmica ganhou tanta força que a JBS precisou se manifestar e negar tal
informação. Por meio de nota, o grupo informou que marca da empresa JBS, apesar
de ter capital aberto, tem como acionistas majoritários os membros da família
Batista, que reside em Goiás.
Contudo,
observando a prestação de contas do governador eleito, é possível constatar que
a ligação entre ele e o PT Nacional foi além da simples presença do
ex-presidente Lula nos programas eleitorais de Robinson Faria – o que, segundo
Henrique, foi fundamental para que o PSD subisse nas pesquisas e vencesse a
eleição.
Isso
porque, além de liberar a imagem do “ícone” petista, a sigla também ajudou
financeiramente na campanha de Robinson. O comitê criado para receber doações
para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, repassou R$ 288 mil
para o candidato do PSD ao Governo do Rio Grande do Norte. As doações foram
feitas por meio de cheques, repassadas a campanha do pessedista,
principalmente, após o segundo turno.
O
Diretório Nacional doou mais R$ 1,2 milhão para conseguir eleger Robinson
governador. E, além dele e da Friboi, a campanha de Robinson recebeu também
doações de algumas empresas locais, como a Dois A Engenharia e Guararapes, e de
várias “pessoas físicas”.
Dentre
as pessoas físicas que ajudaram a eleger Robinson governador, destaque para
Luiz Antonio Vidal, que doou para o candidato um cheque de R$ 50 mil. Lucinda
Maria Marques de Azevedo também pagou outros R$ 30 mil para Robinson e fez isso
na última sexta-feira antes da eleição em segundo turno.
Para
custear parte dos gastos e não terminar a campanha com um déficit tão grande,
inclusive, o próprio Robinson Faria doou para o seu comitê. Foram quatro
cheques e uma transferência bancária que resultaram num montante de R$ 245 mil
doados para custear as despesas da disputa eleitoral.
JH
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