A Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados
deverá ouvir nos dias 7 e 8 de agosto, após o recesso parlamentar, mais quatro
suspeitos de envolvimento com o esquema. As reuniões estão agendadas para
começar às 10h15, no Plenário 2 do Senado.
No dia 7, prestarão
depoimento à CPMI a atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, e o agente
aposentado da Polícia Federal (PF) Joaquim Gomes Thomé Neto, suspeito de interceptação
ilegal de e-mails.
No dia seguinte,
será a vez da ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio, e de Rubmaier Ferreira de
Carvalho, apontado como contador de empresas de fachada criadas pelo contraventor.
O relator da CPMI,
deputado Odair Cunha (PT-SP), considera que a retomada dos trabalhos está
claramente voltada para investigar o núcleo da organização. "Queremos
averiguar os bens que essa organização criminosa possui, as atividades que
desenvolvia - mais precisamente as de arapongagem - além da criação de
empresas-fantasma", explica o relator. "E esses depoentes têm relação
com essas atividades", completa.
O vice-presidente
da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), também acredita que os novos
depoimentos podem ajudar a esclarecer dúvidas sobre os bens arrecadados por
Cachoeira, além de permitir avanços em relação a provas do envolvimento de
pessoas que têm foro privilegiado, como governadores. Para ele, o importante é
conseguir desmantelar as ações do esquema. "Essa organização está muito
viva e suas veias ainda estão irrigando todo o sistema criado por quem
participou e ainda participa do esquema", diz.Teixeira, no entanto,
destaca que o sucesso do trabalho da CPMI não depende apenas de depoimentos,
mas de sua capacidade investigativa. "Já obtivemos quebras de sigilo
importantes e agora devemos trabalhar para produzir provas com o cruzamento de
dados", defende.
Críticas ao enfoque
Por outro lado, o
líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), afirma que as novas
convocações demonstram um claro desvio de foco, ao concentrar as investigações
no estado de Goiás. "É nítido o encaminhamento político, não há
investigação clara, o que há é uma disputa política procurando envolver exclusivamente
o estado de Goiás, que tem a menor parcela no prejuízo causado ao patrimônio
público por conta de obras da [empreiteira] Delta dentro do PAC [Programa de
Aceleração do Crescimento]", sustenta.
Araújo propõe um enfoque mais amplo das investigações, incluindo outros estados
e, principalmente, o governo federal. Segundo o líder do PSDB, mais de 94% do
faturamento da Delta decorrem de contratos com a União e com governos de outros
estados.
Da Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário