Herval
afirma que votos são comprados quando se paga a lideranças e
eleitores.
Considerado
por muitos como o juiz mais polêmico dos últimos anos, Herval Sampaio utilizou
o perfil dele no Twitter para, mais uma vez, falar das várias irregularidades
que constatou quando foi juiz eleitoral (entre 2010 e 2012, na região de
Mossoró). Desta vez, o tema escolhido pelo magistrado dentro do hall de
irregularidades foi a compra de votos que, segundo ele, acontece em quatro
momentos no Rio Grande de Norte.
“Do
meu conhecimento, há quatro fases de compra de votos: no atacado, no grosso, no
varejo e na queima”, afirmou o juiz Herval Sampaio, responsável por cassar a,
agora, ex-prefeita de Mossoró, Cláudia Regina, do DEM, e, ainda, a adversária
dela, Larissa Rosado, do PSB, por abuso de poder e, no caso de Cláudia, compra
de votos.
“No
atacado, compram deputados; no grosso, prefeitos; no varejo, vereadores e cabos
eleitorais e, na queima, votos na boca da urna”, afirmou Herval Sampaio, que
recentemente lançou um livro sobre a experiência dele na Justiça Eleitoral e as
várias irregularidades com as quais ele se deparou e julgou.
Além
da compra de votos, o magistrado também voltou a criticar, desta vez no
Twitter, a prestação de contas dos políticos. “Caixa 1, em eleição, quase
sempre é ficção. Não mostra nem a cereja no bolo. Essa é a grande verdade”,
afirmou o magistrado, “retuitando” alguns comentários que concordaram com a
citação dele, como este: “o senhor tem razão, a situação atual muito é muito
complicada, um exemplo é o escândalo da Petrobras e as doações”.
Essa,
vale lembrar, não é a primeira vez que Herval Sampaio fala sobre as
irregularidades constatadas na área eleitoral. Em entrevista aO Jornal de Hoje,
o magistrado garantiu que, para ele, os mandatos políticos, hoje, são
comprados.
“Acho
que a Justiça Eleitoral deveria ter uma equipe padrão, de contadores, de
servidores, que fosse para rua mesmo, que fizesse o candidato se preocupar com
a prestação, porque a gente sabe que a conta, por exemplo, é gasto 10x, e se
coloca só x. E essa diferença de 9x eles sabem que a Justiça Eleitoral não pode
fiscalizar. E isso reflete no abuso do poder econômico, político e compra de
votos. O dinheiro não entra formalmente na prestação de contas e é usado para
que? Para comprar voto! O senhor está afirmando isso? Estou. É usado para
comprar voto! No Brasil, a maioria dos mandados é comprado. E não estou dizendo
isso em primeira mão, está na minha sentença”, afirmou o magistrado na
entrevista.
Foram
tantas irregularidades constatadas, inclusive, que Herval Sampaio resolveu
lançar um livro com ensaios escritos por ele sobre a experiência na Justiça
Eleitoral. A publicação, já lançada em Mossoró, faz uma análise sobre os casos
que ele pegou na 33ª zona eleitoral.
“Não
penso que em Mossoró acontece mais (irregularidade). Penso que acontece na
maioria esmagadora das cidades. Agora, o que eu acho que acontece em Mossoró?
Algumas coisas foram feitas, com todo respeito, às escancaras, sem nenhuma
cerimônia. Muitas vezes o político faz, com todo respeito, não quero
generalizar, de modo dissimulado”, acrescentou.
Vale
lembrar que, recentemente, Herval Sampaio voltou a Justiça Eleitoral para
substituir o magistrado Patrício Lobo, que precisou passar por cirurgia. Herval
foi escalado para a zona eleitoral de Felipe Guerra.
JH
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