A Polícia Federal suspeita que o empresário
Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato, usava os codinomes “amigo”, “amigo
de meu pai” e “amigo de EO [Emílio Odebrecht, pai de Marcelo]” para se referir
ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A afirmação está no relatório de indiciamento
do ex-ministro Antônio Palocci, enviado hoje (24) ao juiz federal Sérgio Moro.
De acordo com os investigadores, os codinomes eram usados por Odebrecht em
conversas com terceiros. A Odebrecht informou que não vai se manifestar sobre o
caso.
Em um dos trechos do documento, a PF diz que
a investigação das planilhas apreendidas revelou “que os pagamentos no total de
R$ 8 milhões foram debitados do saldo da conta-corrente da propina que
correspondia ao agente identificado pelo codinome de “amigo”.
A PF diz no relatório que há “respaldo
probatório e coerência investigativa em se considerar que o termo “amigo” faz
referência à Lula.
O delegado Felipe Pace, responsável pelo
inquérito sobre Palocci, afirmou no documento que a investigação sobre “a
responsabilidade criminal do ex-presidente da República” não é feita pelo grupo
de trabalho da Lava Jato, do qual ele faz parte, mas por outro delegado, Márcio
Anselmo,
“Luiz Inácio Lula da Silva era conhecido
pelas alcunhas de “amigo de meu pai” e “amigo de EO”, quando usada por Marcelo
Bahia Odebrecht e, também, por “amigo de seu pai” e “amigo de EO”, quando
utilizada por interlocutores em conversas com Marcello Bahia Odebrecht”, diz o
relatório da PF.
Em nota, a defesa de Lula afirmou que os
investigadores da Lava Jato não apresentam provas contra o ex-presidente e se
baseiam em “convicção” e de achismos” para acusá-lo.
“A Lava Jato não apresentou qualquer prova
que possa dar sustentação às acusações formuladas contra o ex-Presidente Lula.
São, por isso, sem exceção, acusações frívolas, típicas do lawfare, ou seja, da
manipulação das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição
política. Na falta de provas, usa-se da “convicção” e de "achismos”,
afirmam os advogados.
Propina
No despacho em que Palocci foi indiciado, a
PF afirmou que a empreiteira comandada por Marcelo Odebrecht tinha uma
“verdadeira conta-corrente de propina” com o PT. Para os investigadores, a
conta era gerida pelo ex-ministro.
Segundo os investigadores, os pagamentos ao
ex-ministro eram feitos por meio do Setor de Operações Estruturadas da
empreiteira, setor responsável pelo pagamento de propina a políticos, em troca
de benefícios indevidos no governo federal.
Agência Brasil
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