Hollanda não revela quem são os políticos e
nem os cargos que ocupam. Contudo, afirma que os envolvidos são, sobretudo, da
Assembleia Legislativa.
Responsável pela defesa do ex-diretor do
Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), Gutson
Johnson Giovany Reinaldo Bezerra, o advogado Fábio Hollanda afirmou nesta
sexta-feira (19) que políticos estão envolvidos no esquema fraudulento do Idema
investigado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte. De acordo com Hollanda,
uma delação premiada de Gutson deverá esclarecer "tudo o que aconteceu no
Idema e na Assembleia Legislativa".
Hollanda não revela quem são os políticos e
nem os cargos que ocupam. Contudo, afirma que os envolvidos são, sobretudo, da
Assembleia Legislativa.
A audiência de instrução do ex-diretor está
marcada para segunda-feira (22), quando outros cinco réus também serão ouvidos.
Segundo Hollanda, Gutson foi orientado a falar a verdade sobre o que está no
processo, no entanto, advertiu que os detalhes que o cliente conhece - mas que
não constam nos autos - só serão revelados caso o MP assine o acordo de delação
premiada.
"Agora está nas mãos do Ministério
Público querer ou não querer desvendar tudo o que ocorreu no Idema na gestão do
diretor Gutson e dos demais diretores do órgão, bem como saber muito da
Assembleia. Cabe ao MP aceitar a delação premiada que está sendo negociada e,
se chegarmos a contento, a sociedade saberá tudo o que aconteceu no Rio Grande
do Norte, tanto no Idema, como muita coisa do que aconteceu na AL",
declarou o advogado.
Apesar de admitir o conhecimento do réu em
relação ao esquema, Hollanda nega que Gutson fosse o mentor do esquema
descoberto no Idema. Para o advogado, o depoimento de outro réu, o ex-diretor
de finanças do órgão Clebson José Bezerril, feito nesta sexta (19), comprova
quem é o verdadeiro mentor da fraude.
"[Gutson] não inventou, criou e nem foi
mentor de nada que ocorreu. Ele teve participação. Agora, hoje ficou comprovado
nos depoimentos da manhã que o Clebson era quem entendia do sistema, foi quem
organizou, quem pensou e foi, dos que estão denunciados, o maior mentor e
organizador de todo este esquema", disse Hollanda.
R$ 30 milhões
Ex-diretor financeiro do Idema, Clebson José
Bezerril afirmou que o valor da fraude investigada pela operação Candeeiro deve
chegar a casa dos R$ 30 milhões. Após assinar acordo de delação premiada com o
Ministério Público, Clebson prestou depoimento à Justiça na manhã desta
sexta-feira (19). De acordo com o réu, sete empresas que ainda não estavam
sendo investigadas pelo MP estariam envolvidas com o esquema desde o começo.
"O valor deve passar da casa dos R$ 30
milhões porque tem mais sete empresas que estavam desde o começo até o final do
esquema. Elas não estavam sendo investigadas, mas depois da minha delação o
Ministério Público conseguiu chegar até elas”, afirmou Clebson. Antes da
delação, o Ministério Público estimava que a fraude no Idema havia desviado R$
19 milhões.
Operação Candeeiro
Quatro pessoas foram presas na operação
Candeeiro, deflagrada pelo Ministério Público Estadual no dia 2 de setembro de
2015. Um dos detidos foi o filho da ex-procuradora-geral da Assembleia
Legislativa do RN, Rita das Mercês. Segundo o MP, Gutson Johnson Giovany
Reinaldo Bezerra, ex-diretor administrativo do Idema, é o principal responsável
pelo esquema, que teria desviado mais de R$ 19 milhões do órgão. A mãe dele foi
presa no dia 20 de agosto na operação Dama de Espadas por suspeita de desvio de
recursos públicos na AL. Ela foi solta três dias depois por força de um habeas
corpus.
Os demais presos da operação Candeeiro são:
Clebson Bezerril, ex-diretor financeiro do Idema; João Eduardo de Oliveira
Soares, também funcionário do setor de contabilidade do órgão; e Renato Bezerra
de Medeiros. O quinto mandado é contra Antônio Tavares Neto.
Foram emitidos cinco mandados de prisão
temporária, 10 mandados de condução coercitiva e 27 mandados de busca e
apreensão em Natal, Parnamirim, Santana do Matos e Mossoró. De acordo com o MP,
os desvios dos cofres do Idema aconteceram entre os anos de 2013 e 2014. O juiz
da 6ª Vara Criminal de Natal decretou ainda sequestro de bens e valores de
pessoas físicas e jurídicas.
Enquanto o MP cumpria mandados de busca e
apreensão na sede do Idema, que fica na Zona Sul de Natal, os funcionários
foram impedidos de entrar no local. O prédio foi liberado após o cumprimento
dos mandados.
G1RN
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