Ex-deputadoteria participado de encontro com
Michel Temer, Eduardo Cunha e executivo da empreiteira para pedir propina de 5%
em contrato
O ex-deputado federal e ex-ministro do
Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB) participou de uma reunião em São Paulo em
julho de 2010 para tratar, com um executivo da Odebrecht, da cobrança de US$ 40
milhões em propinas. A informação foi revelada durante depoimento de Márcio
Faria da Silva, ex-executivo da empresa, a procuradores da Lava Jato.
Segundo o delator, a reunião foi comandada
pelo então candidato a vice-presidente da República Michel Temer (PMDB). No
encontro, que contou com a presença de Henrique e do então deputado Eduardo
Cunha (PMDB), foi acertado o pagamento de propina referente a 5% do valor de um
contrato da empreiteira com a Petrobras. Participou da reunião também, segundo
Márcio Faria, o lobista João Augusto Henriques. O termo teria sido firmado no
escritório político de Temer em São Paulo.
O ex-executivo, então presidente da Odebrecht
Engenharia Industrial, declarou aos procuradores ter ficado impressionado com a
naturalidade com que a propina foi cobrada pelos peemedebistas.
“Foi a única vez em que estive com Michel
Temer e Henrique Eduardo Alves e fiquei impressionado pela informalidade com
que se tratou na reunião do tema ‘contribuição partidária’, que na realidade
era pura propina”, escreveu Márcio Faria no termo que entregou aos
investigadores.
Outro delator, Rogério Santos de Araújo, lobista
da empreiteira na Petrobras, afirmou ter participado da reunião.
Segundo o relato de Márcio Faria, Temer
afirmou que qualquer problema seria resolvido pelos “rapazes”, Eduardo Cunha e
Henrique Alves. “Sinalizando para o colo dele, disse que os dois rapazes iam
resolver os assuntos necessários de interesse do PMDB”.
Márcio Faria diz que, na reunião, não se
falou em valores, “mas ficou claro que se tratava de propina com relação à
conquista do contrato e não uma ‘contribuição de campanha'”. “Totalmente
vantagem indevida porque era um percentual em cima de um contrato. Era um
percentual de um valor determinado no contrato”, reforça no depoimento gravado
em vídeo.
Outros delatores da Odebrecht confirmaram a
versão de Márcio Faria, com a apresentação de documentos de pagamentos no
Brasil e no exterior.
Defesa
A defesa de Henrique Eduardo Alves, assinada
pelo advogado Marcelo Leal, divulgou nota em que diz repudiar veementemente as
afirmações feitas pelo executivo da Odebrescht Márcio Faria em delação
premiada, na qual aponta a sua participação em reunião ocorrida no dia 15 de
julho de 2010 no escritório político do presidente Michel Temer, em São Paulo,
com a presença deste, do então deputado Eduardo Cunha e do delator, ocasião em
que teria tratado do pagamento de propina decorrente de contrato com a
Petrobras.
“Conforme já afirmado pelo próprio presidente
da República, o acusado não se fazia presente em dita reunião, jamais tratou do
assunto mencionado e sequer conhece o indigitado delator. É inaceitável que
seja dado crédito a afirmação realizada por pessoas envolvidas em ilícitos que
se colocam na obrigação de acusar para gozar de benefícios legais. Todas as
medidas serão tomadas para esclarecimento da verdade e a responsabilização
cível e criminal do dito delator”, disse o advogado.
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