Há
quase uma década à frente da mais poderosa e mais importante instituição
política do país - o Governo Federal - os partidos que integram a base aliada e
estão à esquerda na política nacional, como o Partido dos Trabalhadores e o
Partido Socialista Brasileiro, permanecem, no Rio Grande do Norte, com um
desempenho tímido e, de certa forma, acuado. Prova disso é que nos quatro
partidos de esquerda, considerados na linha de frente do governo Dilma, apenas
o PC do B aumentou o número de concorrentes a cargos de prefeito nas eleições
deste ano no Estado. Mas, ainda assim, de uma maneira quase imperceptível -
pulou de quatro candidatos em 2008 para seis em 2012.
De acordo com as estatísticas elaboradas e divulgadas no site Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido da atual presidenta e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT, lançou no Estado cinco candidaturas a menos este ano - tendo reduzido de 27 concorrentes, no pleito de 2010, para 22, em 2012. No caso do PSB, a queda é mais vertiginosa - o partido da ex-governadora Wilma de Faria passou de 78 candidaturas em 2008 para 36 este ano.
Mas a queda no número de candidatos a prefeito do PT, embora inferior à redução do PSB, chama mais atenção, uma vez que os petistas estão no poder no Palácio do Planalto há quase dez anos.
"É até difícil a gente encontrar uma causa para essa questão do PT. Não é só aqui que ele não tem muita expressão, mas realmente é uma discrepância. Tem quatro prefeituras no RN. Nessas prefeituras, Rosalba ganhou em todos os municípios. É uma situação que cada vez mais merece uma análise", ressaltou o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Antonio Spinelli.
Spinelli lembrou de uma pesquisa publicada pelo jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, na qual mostra que o partido com a maior bancada na Câmara Federal e que tem o maior número de prefeitos nas capitais e grandes cidades continua tendo o maior número de candidatos competitivos.
A margem que separa o Partido dos Trabalhadores nacional do local não para por aí. Até o número de filiados em relação às demais legendas, há uma discrepância perceptível na análise dos números disponíveis no banco de dados da Justiça Eleitoral. O número de filiados do PT nacional aponta 1.549.121 ou 10,2% da quantidade de eleitores que têm vinculação partidária oficialmente.
No Rio Grande do Norte, esse percentual é de cinco pontos . São 12.758 filiados, um universo que atinge 5,3% do eleitorado potiguar com ficha de filiação a algum partido registrada.
Neste aspecto do número de filiados, o PSB ainda não sentiu tanto o impacto de ter deixado o Governo do Estado, após oito anos no poder com Wilma de Faria. Enquanto os peessebistas brasileiros têm 577.121 filiados ou 3,8% do número do eleitorado com filiação, no Rio Grande do Norte são 15.196 ou 6,3%.
Neste aspecto, o PDT tem desempenho similar ao do PT (os filiados da nacional representam 8% do eleitorado com vinculação partidária e no RN este percentual cai para 4,7%). O PC do B tem uma margem de filiados, tanto nacional quanto local, que beira os 2,5% do eleitorado que está vinculado à legenda partidárias.
Executiva aponta método diferente
A Executiva estadual petista enviou comunicado à TRIBUNA afirmando que a comparação do PT com outros partidos tem que considerar a organização, métodos de funcionamento e definição de prioridades políticas essencialmente diferentes das demais. "Não quer dizer que seja melhor ou pior, mas é diferente", destacou o texto enviado pelos dirigentes da legenda.
A executiva destacou ainda que se o PT não adota critérios tradicionais da cultura política brasileira para fazer filiações, receber adesões e definir candidaturas. Se o fizesse, enfatizaram, "certamente seríamos hoje o que alguns partidos já foram quando estavam no Governo. Os exemplos são fartos, tanto aqui no RN como em nível nacional".
Os petistas disseram ainda preferir um crescimento gradual, sustentável e mais seguro. E que não pretendem "inchar" e ter um partido aparentemente forte mas que, na realidade, poderia ser uma ficção. Eles enfatizaram que preferem não usar o status de "estar no poder" e depois correr o risco de esvaziamento. E garantiram: "para além dessa discussão apenas numérica, é fato que o PT cresceu em número de candidaturas em 2012".
"Em 2008 para prefeito lançamos 20 candidatos e agora em 2012 são 23". Neste ponto, um parêntese: como dito na reportagem acima, o TSE aponta 24 candidatos a prefeitos e 4 a prefeitas. "Vice-prefeitos saímos de 11 para 30 candidatos e em relação as candidaturas de vereador saltamos de 382 candidatos em 2008 para 498", exemplificou a nota petista.
Ainda segundo eles, "mesmo enfrentando o velho tradicionalismo da política nos municípios, a força do poder econômico e uma cultura conservadora ainda muito arraigada em boa parte da população, o PT vai crescer muito em 2012". E finalizaram, no documento: "Aos que duvidam, é só anotar e conferir".
Tribuna do Norte
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