Contatos

Contatos

quarta-feira, 14 de maio de 2014

“Ninguém segura a bandidagem! Se puder, fuja de Parnamirim”, alertou PM assassinado

Bandidos desafiam a polícia. Segurança Pública não consegue frear a criminalidade, que, a cada dia, avança e impõe o terror.
PM Jailson Augusto do Nascimento a um casal que teve residência arrombada por quatro adolescentes, no bairro Vida Nova. Talvez, por ironia do destino, esse mesmo policial foi assassinado a tiros, após assalto ocorrido no dia 26 de março passado, na avenida Paulo Afonso, no bairro Jockey Clube.

Roubos e furtos ocorrem diariamente, a qualquer hora do dia, em comércios e residências. Na avenida Bela Parnamirim, moradores aparecem, discretamente, atrás das grades de suas casas. Poucos querem dar entrevista. O medo de represália, por parte dos marginais, é compreensível; Afinal, quase todos já foram vítimas de assaltantes.

É preciso estar atento, rezar muito para não ser vítima da bandidagem na saída da padaria, supermercado ou igreja. “E nem adianta chorar ou ligar para o 190. Eles (policiais) só veem quando é caso de morte. Vocês (reportagem) vão passar duas horas entrevistando o povo pela cidade e não irão ver nenhuma viatura de polícia, a não ser que seja no Centro, onde está o batalhão deles (3ºBPM)”, apostou o servente de pedreiro, Sebastião Cosme da Silva.
O soldado Jailson Nascimento foi morto após reagir a um assalto na avenida Paulo Afonso, no Bairro Jockey Clube. Foto: Sérgio Costa/Portal BO

De fato, polícia é algo que chama atenção quando passa nas ruas. Hoje, o que faz os moradores lembrarem a tão sonhada Segurança Pública, já desbota na fachada de um imóvel estrategicamente posicionado entre as avenidas Paulo Afonso e Bela Parnamirim. Ali, acredite, já funcionou um Posto Policial. Mais isso, parece não ser tão inibidor, pelo menos para os bandidos. No dia 21 de abril, um grupo arrombou o cofre da agência do Banco do Brasil, situado ao lado do 3º Batalhão da Polícia Militar.

Se durante o dia, a violência em Parnamirim está explícita até nos muros das residências, onde ameaças de morte são veladas entre gangues rivais, imagine à noite – As ruas ficam desertas. Moradores têm em passar os cadeados nos portões. Luzes são apagadas e o que se ouve pela madrugada são latidos; quando não, tiros. Alguns resolvem contratar vigias de rua em motocicletas, que passam a cada hora em frente às casas, anunciando a ‘segurança’ através de buzinas. Tudo é válido quando o assunto é proteger o patrimônio e a vida.

“Realmente a iluminação de Parnamirim facilita a ação dos bandidos. Eles assaltam e têm facilidade de se esconder depois do ato. Mas não é só a iluminação. Algumas ruas e bairros têm acessos complicados, que a polícia tem dificuldade para chegar. A cidade também tem muita área de matagal que os bandidos também usam para fuga. Já passamos esses problemas para os governantes”, destacou o tenente coronel Jair Júnior, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM).

Além dos problemas estruturais do município, o efetivo do 3º BPM, que além de Parnamirim também atende as cidades de Monte Alegre, São José e Nísia Floresta, não é o ideal para conseguir atender todas as demandas da região. “Hoje o nosso Batalhão tem um efetivo de 350 policiais e entre 17 e 18 viaturas para atender toda essa região. Nos últimos anos a população da Grande Natal cresceu muito e o efetivo policial não acompanhou esse crescimento, o que acaba sobrecarregando o nosso efetivo atual. Somente em Parnamirim temos mais de 200 mil habitantes. Tentamos fazer o possível para evitar os crimes, mas muitas vezes fica complicado. Esse efetivo deveria ser, pelo menos, o dobro”, afirmou Jair Júnior.
No último dia 21, bandidos arrombam agência do Banco do Brasil que fica ao lado do 3º Batalhão de Polícia. Foto: Divulgação

Ainda segundo o comandante do 3º BPM, a maioria dos homicídios tem acontecido com pessoas que já tiveram ou ainda têm envolvimento com alguma atividade criminosa. “A obrigação da polícia é preservar a vida, independentemente se essa pessoal está no mundo do crime ou não. Mas o que percebemos é que realmente aumentou muito o chamado “acerto de contas”. Não só crimes com relação com as drogas, mas outros também. Por exemplo, uma época dessas executaram um homem aqui em Parnamirim. A vítima era suspeita de ter matado o próprio pai. Criminosos estão matando criminoso. Mas, como eu disse, o trabalho da polícia é preservar a vida”.
Jornal de Hoje

Nenhum comentário:

Postar um comentário