O desembargador federal Antonio Ivan Athié
ficou afastado do cargo durante sete anos, após ser acusado de crimes pelo STF
Autor da decisão que mandou soltar o
ex-presidente Michel Temer nesta segunda-feira (25), o juiz federal Ivan Athié,
da Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, chegou a ser alvo
de uma ação penal, acusado de ter cometido os crimes de formação de quadrilha e
estelionato, quando juiz no Espírito Santo.
Em 2013, o STF (Supremo Tribunal Federal)
determinou o trancamento da ação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) por entender
que o objeto era o mesmo de um inquérito contra o juiz que já havia sido
arquivado em 2008.
O arquivamento ocorreu a pedido do MPF
(Ministério Público Federal), que concluiu que não havia provas que pudessem
incriminá-lo. A suspeita era de que Athié pudesse ter proferido duas sentenças,
em conluio com um grupo de advogados, para autorizar o levantamento de grandes
quantias.
O magistrado foi alvo de quebras de sigilo
fiscal, bancário e telefônico. Em função deste inquérito, ficou sete anos
afastado do cargo, sendo reencaminhado por decisão do STJ de 2011.
Ele já havia votado em 2017 pela liberação de
Othon Silva, ex-presidente da Eletronuclear.
Segundo o Ministério Público, Othon e a estatal
estariam envolvidos no suposto esquema de propina que resultou na prisão de
Michel Temer na semana passada.
Em fevereiro de 2017, Othon estava preso
preventivamente, acusado de ter recebido propina na construção da usina nuclear
de Angra 3, assim como Temer foi acusado na última semana.
De acordo com o Ministério Público Federal, o
ex-presidente foi responsável pela indicação de Othon para a presidência da
estatal, com o objetivo de garantir vantagens indevidas.
Na sessão em que votou pela liberação de Othon,
Athié disse, segundo o jornal O Globo, que os pagamentos de propina podem ser
apenas "gorjeta".
"Nós temos que começar a rever essas
investigações. Agora, tudo é propina. Será que não é hora de admitirmos que
parte desse dinheiro foi apenas uma gratificação, uma gorjeta? (...) Essas
investigações estão criminalizando a vida", afirmou.
gauchazh.clicrbs.com.br
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