Presidente
do Diretório do PMDB do Rio Grande do Norte fez doações para candidatos de
quase todas as siglas que o apoiaram.
Pouco
mais de R$ 41 milhões. Esse foi o montante financeiro arrecadado pelo Diretório
Estadual do PMDB durante a campanha eleitoral deste ano. Do total, R$ 19
milhões foram destinados à eleição do presidente do partido no Rio Grande do
Norte, Henrique Eduardo Alves, que foi candidato ao Governo do Estado. O
restante foi dividido em 46 candidaturas, muitas delas de outros partidos, com
a de Wilma de Faria, do PSB, que disputou o Senado Federal ao lado de Henrique.
Presidente
do recém dissolvido Diretório Estadual do PSB, Wilma abriu mão de disputar o
Governo do Estado para ficar ao lado de Henrique na campanha. E, por aceitar a
aliança com o PMDB, Wilma acabou tendo quase toda a campanha custeada pelo
partido. Afinal, declarou ter recebido R$ 10 milhões durante a campanha e,
deste valor, R$ 8,2 milhões partiram do Diretório Estadual do PMDB, segundo
informou a prestação de contas do comitê financeiro peemedebista, a qual O
Jornal de Hoje teve acesso.
As
doações foram feitas entre 16 de julho e 27 de outubro, ou seja, depois do
segundo turno da disputa eleitoral – e mais 20 dias depois da votação em
primeiro turno e, consequentemente, da derrota da pessebista na disputa pelo
Senado. Ao todo, foram 15 cheques assinados pelo Diretório Estadual
peemedebista endereçados a líder do PSB. Alguns deles, inclusive, chegaram a
ter o valor de R$ 1 milhão.
As
informações estão em documento entregue pelo próprio PMDB ao Tribunal Regional
Eleitoral, como prestação de contas final da sigla durante a campanha eleitoral
de 2014. Os nomes de Wilma e de Henrique aparece junto a outros 45 candidatos
na “lista de doações efetuadas a candidatos/comitês financeiros/partidos”.
Dentre eles, boa parte dos eleitos para a Assembleia Legislativa e Câmara
Federal. Ao todo, Henrique usou o Diretório Estadual do PMDB para ajudar a 37
candidaturas estaduais e 10 federais.
Há,
diante disso, nomes também menos expressivos, que não tiveram, nem de longe,
posição de protagonismo nas eleições 2014. Exemplo: a ex-vereadora Sargento
Regina, do PDT. Ela teve apenas 1,2 mil votos – faltou cerca de 30 mil para
passar a votação de Álvaro Dias, último eleito pela coligação dela. Mesmo
assim, Sargento Regina recebeu R$ 200 mil do PMDB no Rio Grande do Norte, o
mesmo valor doado para os deputados estaduais que conseguiram se reeleger,
Raimundo Fernandes (PROS) e Tomba Farias (PSB), e para o também eleito Albert
Dickson (PROS), presidente da Câmara Municipal de Natal.
Há
outros casos que podem ser considerados maus exemplos de utilização dos
recursos partidários, como os R$ 188 mil doados a candidatura de Júnior Moura,
que substituiu Gilson Moura, que desistiu de ser candidato após os vários casos
de corrupção envolvendo o nome dele.
DOAÇÕES EFETUADAS PELO PMDB/RN AOS CANDIDATOS
Candidaturas
majoritárias apoiadas pelo PMDB
HENRIQUE:
R$19,1 milhões
WILMA:
R$ 8,2 milhões
Deputados
federais apoiados pelo PMDB
WALTER:
R$ 1,77 milhão
FAFÁ
ROSADO: R$ 800 mil
SANDRA
ROSADO: 600 mil
ROGÉRIO
MARINHO: 350 mil
ANTÔNIO
JÁCOME: 330 mil
ABRAÃO
LINCOLN: R$ 200 mil
RAFAEL
MOTTA: 150 mil
JOANILSON
DE PAULA REGO: 20 mil
Deputados
estaduais apoiados pelo PMDB
HERMANO
MORAIS (PMDB): R$ 820 mil
KELPS
LIMA (SDD): R$ 600 mil
EZEQUIEL
FERREIRA (PMDB): R$ 470 mil
GUSTAVO
FERNANDES (PMDB): R$ 300 mil
NELTER
QUEIROZ (PMDB): 450 mil
ALVARO
DIAS (PMDB): 475 mil
GETULIO
REGO (DEM): 400 mil
GEORGE
SOARES (PR): R$ 400 mil
CARLSON
GOMES (DEM): R$ 400 mil
MARCIA
MAIA (PSB): 250 mil
JOSÉ
ADÉCIO (DEM): 230 mil
ADENUBIO
MELO (PSC): R$ 200 mil
ADÃO
ERIDAN (PR): R$ 200 mil
SARGENTO
REGINA (PDT): 200 mil
ALBERT
DICKSON (PROS): 200 mil
RAIMUNDO
FERNANDES (PROS): 200 mil
GUSTAVO
CARVALHO (PROS): 200 mil
VIVALDO
COSTA (PROS): 200 mil
LAURA
HELENA (PHS): 200 mil
TOMBA
FARIAS (PSB): 200 mil
LARISSA
ROSADO (PSB): 200 mil
SOUZA
(PHS): 200 mil
BISPO
FRANCISCO DE ASSIS (PSB): 195 mil
JR
MOURA (PRP): 188 mil
RICARDO
MOTTA (PROS): 150 mil
JACO
JÁCOME (PMN): 130 mil
LEANDRO
PRUDÊNCIO (PHS): 107,5 mil
EDIVAN
MARTINS (PV): 100 mil
ALDAIR
DA ROCHA (PTB): 50 mil
PROFESSOR
LUIZ CARLOS (PMDB): 40 mil
EDILSON
CARLOS (PV) : R$ 35 mil
GLADSTONE
HERONILDES (PMDB): 35 mil
VALERIA
BARBALHO (PSDB): 30 mil
ELIANE
LOURENÇO (PTN): 30 mil
KATIA
NUNES (PMDB): 20 mil
EMANUEL
MARQUES (PSDC): 10 mil
LUZIA
MATIAS (PMDB): 1.05 mil
Dinheiro
do PMDB/RN veio da Executiva, de Temer e de investigadas na Petrobras
Vários
peemedebistas foram críticos ao apoio que o PT deu à candidatura de Robinson
Faria, do PSD, na disputa pelo Governo do RN. O peemedebista Nelter Queiroz,
deputado estadual eleito, por exemplo, chegou a pregar o voto em Aécio Neves,
do PSDB, mesmo a decisão afetasse, diretamente, o plano nacional peemedebista,
que tinha no vice de Dilma o nome de Michel Temer, do PMDB. Agora, observando a
lista de doadores do PMDB/RN, a situação fica ainda mais grave. Afinal, Michel
Temer doou R$ 1 milhão para o Diretório Estadual da sigla. E a Executiva
Nacional do partido foi responsável por repassar outros R$ 26 milhões para o
RN.
As
doações de Michel Temer aconteceram em duas oportunidades. A primeira, no dia
11 de setembro, quando o vice-presidente de Dilma enviou um cheque de R$ 500
mil para o Diretório Estadual do PMDB/RN. O segundo, de mesmo valor, foi
enviado no dia 2 de outubro, nas vésperas da eleição em primeiro turno.
Quando
começou o segundo turno e o PT nacional passou a participar mais da campanha de
Robinson Faria, com o ex-presidente Lula no programa eleitoral do PSD e as
doações feitas pelo comitê financeiro de Dilma, as críticas peemedebistas ao
voto na presidente petista passaram a ser mais constantes. Muitos, inclusive,
chegaram a defender o voto em Aécio Neves e passaram a produzir peças
publicitárias com o tucano e Henrique Alves. Segundo comenta-se, o próprio
governadorável chegou a cogitar a declaração de apoio a Aécio.
O
problema é que toda essa relação de aproximação com os tucanos prejudicariam
não apenas Michel Temer, mas também toda a Executiva Nacional do PMDB, que via
na continuidade do governo Dilma a possibilidade de se manter forte no plano
brasileiro. E, apesar de ser prejudicada pelas críticas feitas à Dilma, a
Executiva peemedebista não abriu mão de continuar apoiando o Diretório Estadual
do partido. Só nas últimas semanas foram mais de R$ 6 milhões doados. No total,
foram R$ 26 milhões destinados a sigla no Estado.
INVESTIGADOS
É
importante explicar que os recursos repassados por Michel Temer e pela
Executiva Nacional do PMDB foram resultantes de doações feitas a esses dois por
outras empresas, algumas delas, inclusive, citadas no escândalo da Petrobras,
como a Galvão Engenharia, a OAS e a Queiroz Galvão.
Além
disso, relembra-se que na prestação de contas de Henrique já apareceu outras
investigadas no caso de corrupção da estatal brasileira. A Odebrecht, por
exemplo, foi a maior doadora da campanha do candidato peemedebista ao Governo
do RN. Foram R$ 5,5 milhões enviados para cobrir parte dos R$ 26 milhões gastos
por Henrique durante a campanha.
JH
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