Bolsonaro pediu a reabertura de lojas e
escolas, ainda que especialistas de saúde recomendem o confinamento
para 'achatar a curva' de contaminação pelo covid-19
As críticas do presidente Jair Bolsonaro às
medidas de isolamento que visam mitigar o contágio do coronavírus estão
repercutindo no exterior. Em discurso transmitido em rede nacional na noite de
terça-feira, Bolsonaro pediu a reabertura de lojas e escolas, ainda que
especialistas de saúde pública recomendem o confinamento para "achatar a
curva" de contaminação pelo covid-19.
O New York Times destacou que Bolsonaro vê a
questão do coronavírus como "exagerada" e citou os panelaços que
ocorreram na terça durante o discurso do presidente. "Enquanto ele falava,
alguns brasileiros que estão em casa, em isolamento, protestaram contra o que
consideraram como atitude blasé em relação à pandemia", informa o jornal
americano.
Colunista do The Washington Post, outro jornal
dos Estados Unidos, Ishann Tharoor diz que Bolsonaro, "ao contrário de
Trump", encara a ameaça do coronavírus com "ceticismo".
"Ele declarou o coronavírus como uma 'gripezinha' e criticou governadores
do País por instituírem bloqueios em alguns dos principais Estados. E ele
divulgou suas próprias supostas proezas atléticas como evidência de que ele
poderia suportar o vírus", escreveu o analista.
O inglês The Guardian, que chama Bolsonaro de
"presidente de extrema direta", destaca que o mandatário brasileiro
"disse que não sentiria nada se infectado com o covid-19". "As
observações incendiárias de Bolsonaro ocorreram quando o Rio de Janeiro e São
Paulo foram colocados sob bloqueio parcial pelas autoridades municipais e
estaduais, que temem uma explosão de casos nos próximos dias", diz matéria
publicada no portal estrangeiro. "O presidente resistiu a medidas
drásticas para impedir a propagação do que ele chama de 'gripezinha'",
informa outra nota do mesmo site.
Ainda na Europa, o francês Le Monde afirma que
Bolsonaro minimizou os riscos do covid-19, "que já matou mais de 18 mil
pessoas em todo o mundo e forçou um terço da humanidade a aderir medidas de
confinamento". O portal alemão Deutsche Welle, por sua vez, traz que
Bolsonaro é cada vez mais criticado em sua forma de lidar com o coronavírus.
"Ele chama de 'histeria' e 'gripezinha'", diz o jornal.
Sobre o pronunciamento de Bolsonaro, o Japan
Times publicou análise do jornalista Dave Graham. "O esquerdista mexicano
Andres Manuel López Obrador e o presidente brasileiro de direita Jair Bolsonaro
nadaram contra a maré da opinião científica - diminuindo os riscos, delegando
responsabilidades e ignorando os conselhos dados ao público", defende o
texto. López Obrador também tem resistido às orientações de isolamento, de olho
nos impactos econômicos.
Na América Latina, o argentino Clarín traz
análise do editor Ricardo Roa, que cita Bolsonaro e seu posicionamento em
coluna intitulada "O vírus da gripe e o delírio". Já o jornal chileno
Emol ressalta que a fala de Bolsonaro foi feita no mesmo dia em que o número de
casos de coronavírus no Brasil chegou a 2.201, com 46 mortes.
Agência Estado
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